Bônus!

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Quando os meus pés pararam em frente à porta do meu apartamento. As lágrimas que tanto havia segurado desde a madrugada até aquele momento, resolveram cair com força.

Minha mão estava trêmula dificultando em eu enfiar a chave na fechadura. Demorei alguns bons minutos até que a porta se abriu revelando Nina, que estava do outro lado me olhando com cara de interrogação até ver o meu estado deplorável.

Seus braços voaram para o meu pescoço, e me enlaçaram enquanto eu desabei.

Eu havia deixado Daniel para sempre...

Nina de início pensou que fosse algo com o bebê, mas quando eu neguei com a cabeça ela parou de fazer perguntas e apenas me abraçou.

Não sei como e quando minha mãe havia chegado ali, mas ela apareceu e eu só senti seu abraço me puxando para o seu colo que me trazia conforto e proteção. E que isso era tudo o que precisava, proteção contra o que estava lá fora, precisamente contra o que eu havia deixado em uma cama de uma pousada de beira de estrada há quarentas minutos dali. Ele. Daniel.

Não vou negar que a vontade que eu tinha era de ter ficado com ele, aproveitado mais e ficar o olhando dormir tão sereno naquela manhã. Mas eu havia feito uma promessa a mim e ao bebê, de que me afastaria dele. E de que seriamos feliz sem Daniel Delavounne. E assim eu fiz.

Não sei quanto tempo se passou enquanto minha mãe me embalava em seu colo como se eu fosse um bebê e cantarolava uma música que me fazia lembrar da minha infância, para que assim, talvez, eu me acalmasse.

Mas o efeito surgiu tarde, e não sei, talvez havia passado horas ou talvez fosse só alguns minutos.

- Está melhor? – A voz da minha mãe indicava que ela estava preocupada, porém, cautelosa.

Eu não sabia responder com sinceridade aquela pergunta. Porque eu não sabia se seria capaz de ficar melhor depois do que eu havia feito.

- Sim. – Limitei-me a dizer isso, e balancei a cabeça em positividade para ela que me lançou um sorriso terno e beijou minha testa.

- Quer conversar sobre o que aconteceu? – Olhou-me nos olhos tão profundamente que por um segundo, pensei que ela soubesse da minha despedida com Daniel.

Procurei com os olhos Nina, para que ela me ajudasse a dizer algo, qualquer coisa, mas não encontrei.

- É sobre o pai do bebê? – Indagou serena e eu tranquei minha garganta sufocando o nó que teimava em subir pela garganta – Eu sei que você não quer me falar o que está acontecendo aqui dentro... – tocou acima do meu seio esquerdo – Mas eu posso ver que está sofrendo e... É bom desabafar às vezes.  E parece que você não faz isso há décadas. – Acariciou meu rosto e foi inevitável segurar a lágrima que teimava em escapar do meu olho.

- Eu só me apaixonei... – Suprimi meus lábios e ela lançou um sorriso acolhedor para mim enquanto limpava as minhas lágrimas.

- Oh minha linda... – me abraçou – Alguém conseguiu quebrar as barreiras do seu coração e isso está te assustando? É isso?

- Não, mãe. Não é isso... eu me apaixonei pela pessoa errada. Por alguém que eu nunca deveria me apaixonar... e isso dói tanto.... Eu não sabia que quando eu me apaixonasse seria dessa forma, e estava certa em me manter longe disso. Não sinto nada bom além da dor... - as palavras saiam da minha boca, rápidas demais, e eu tinha certeza de que não estava falando na ordem certa, mas mamãe parecia entender.

- Shiii. – Silenciou-me enquanto me olhava nos olhos – Não é aqui que escolhe quem amar – tocou minha testa – E sim aqui – tocou meu peito – É o coração que escolhe quem amar, e a razão e nem ninguém será capaz de fazer o contrário. – Ela acariciava meu rosto enquanto eu olhava para minhas mãos e tentava tirar da minha mente aquela noite com ele – Mas o que ele lhe fez minha filha? – Sua voz suave me fazia estremecer.

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