Capítulo Quarenta!

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Eu não sei ao certo quanto tempo se passou desde que eu me sentei naquele chão gélido do meu apartamento, ao lado da porta. Mas foi tempo o bastante para secar minhas lágrimas que se esgotaram e admitir que eu estava cansada e errada.
A minha vida não girava em torno da de Daniel, mesmo que eu fosse ter um filho dele.

E pensar nele me causava enjoo, e eu sentia ódio.

Eu não o queria perto de mim. Chutei ele do meu apartamento a pontapés e ordenei que não deixassem mais que Daniel Delavounne subisse sem a minha permissão, e que ele mantivesse longe de mim depois do nosso trabalho, ou eu tomaria medidas drásticas contra ele.
Eu sentia a raiva preenchendo cada canto vazio do meu peito, e substituindo qualquer sentimento bom que eu tinha daquele homem a qual me fez parecer uma ridícula. Mas eu não iria surtar mais do que já havia feito na frente de Daniel. Afinal, eu era adulta e não uma adolescente. Mesmo que seja a minha primeira vez em algo parecido com uma desilusão amorosa, eu não iria cair.
Levantei quando meu estomago protestou de fome e automaticamente as minhas energias foram reabastecidas quando meu cérebro alertou sobre o bebê.
Fui cambaleante até a cozinha e encontrei a lasanha que uma das meninas havia feito naquele dia. Me pareceu apetitoso e meu estomago implorou por ela, atendi seu pedido cortando um pedaço bastante exagerado e colocando no micro-ondas para esquentar. Assim que o eletrodoméstico apitou eu peguei meu prato e fui em direção a sala a fim de assistir algo que me fizesse esquecer Daniel.

Era algo difícil de se fazer, eu sabia. Mas não custava nada tentar, não é mesmo?

Era o que eu achava.

Quando me aconcheguei no sofá – o que Daniel não se sentou – liguei a TV e zapeei pelos canais a procura de algo interessante. Um talk-show chamou minha atenção e me arrependi no momento seguinte quando percebi que se tratava de desilusões amorosas.

" Não é algo fácil, mas também não é algo para você querer se esconder do mundo por achar isso ridículo e infantil. É normal. Todos passam por isso, independentemente se é jovem ou velho. Isso todos sofrem pelo menos uma vez. Não se sinta um completo idiota, não se põe para baixo porque o seu parceiro ou parceira, não soube chegar no mesmo patamar da relação em que você se encontrava. Tudo bem, não chore, estamos aqui para te ajudar a superar a desilusão amorosa!"

Essa era a chamada da apresentadora que falava ao som de Let It Go – James Bay.

Eu só percebi que a situação em que eu me encontrava, era extremamente dramática e patética quando solucei após uma mulher contar sobre como ela havia sido idiota no seu relacionamento, e estava tentando entender o porquê de ele a ter trocado.
Ela era linda, admito, viveu 6 anos com seu marido e o amava incondicionalmente. E isso me fez perceber que perto dela eu estava bem. Não havíamos feito juras de amores, pelo contrário, sempre tentamos nos manter longe de sentimentos. E não havia falsas promessas como no casamento de Olga, a mulher loira que estava com os olhos inchados de tanto chorar, na tela a minha frente.
Respirei fundo e chamei minha própria atenção, como se houvesse duas dentro de mim.
Eu queria mesmo ficar naquela situação medonha, quando na verdade eu poderia seguir em frente com meu filho, e ser feliz? Não, eu não queria. E sim, eu queria ser feliz.
Qual é, não é só porque tive uma vida completamente liberal e totalmente fora dos padrões que a sociedade impõe para nós mulheres que eu iria deixar de ser feliz. Não era só porque tive um caso com meu chefe, e engravidei, que vou me esconder do mundo e ficar me martirizando por ter engravidado de um homem que vai se casar. Não fui só eu quem errou. Eu não o amarrei em uma cama, o despi e sentei em seu pau só para engravidar. Jamais. Então não tinha porque eu continuar com aquele drama.

Ainda assim, pensar naquela conversa recente me deixava estranha.

Decidi desligar a televisão, que só estava me fazendo pensar mais ainda e fui para o meu quarto a fim de ter uma noite ótima de sono.
Queria ter deitado naquela cama e já ser entregue aos braços do meu adorado morpheus, porém, a mente é algo traiçoeira, não me deixou dormir em paz.

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