O Pai da Minha Melhor Amiga

By fernandavs_

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Heather Carter tem 17 anos e recentemente terminou o relacionamento de 3 anos com Liam, pois, segundo ele não... More

PRÓLOGO
CONHECENDO A MINHA MELHOR AMIGA
DE TIO ELE NÃO TEM NADA!
SEJA BEM-VINDO DE VOLTA, MONUMENTO!
O PRIMEIRO ENCONTRO COM A EX PSICOPATA
MISSÃO: EVITAR E SER EVITADA PELO "TIO" O'DONNELL
O "MELHOR" PIOR LUGAR DA ARQUIBANCADA
CONFUSÃO E RISADAS NO JOGO DE BASEBALL
A VINGANÇA DE MAX
A HORA DA VERDADE
NOSSO SEGUNDO "ENCONTRO" - PARTE I
NOSSO SEGUNDO "ENCONTRO" - PARTE II
O PLANO DA CHLOE
A LUZ NO FIM DO TÚNEL
DESCOBRINDO O PODER SOBRE O ADAM
UMA NOITE PERFEITA - PARTE 1
UMA NOITE PERFEITA - PARTE 2
E OS PESADELOS SEMPRE VOLTAM
A FILHA DO TENENTE
A VIZINHA GOSTOSONA
A CHUVA, AS LÁGRIMAS E A COMPRESSA DE GELO
A VISITA SURPRESA
A ACUSAÇÃO E DESCOBRINDO UMA NOVA AMIGA
COLOCANDO UM FIM NO PASSADO
PLANEJANDO A FESTA DE ANIVERSÁRIO
LUTANDO BRAVAMENTE POR ELE
O GRANDE DIA - PARTE 1
O GRANDE DIA - PARTE 2 - OPERAÇÃO CUPIDO
O GRANDE DIA - PARTE 3 - A PROMESSA
ESPERANÇA PERDIDA E PLANOS FALHOS
O MELHOR DE MIM
UM ADEUS TEMPORÁRIO
SAUDADE E INTOLERÂNCIA SÃO PÉSSIMAS COMPANHEIRAS
DESCOBRINDO A VERDADE E ADMITINDO ERROS
ESPERANÇA RENOVADA
NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 1
NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 2
NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 3
O RETORNO DA PAZ
CONHECENDO O SR. E A SRA. O'DONNELL
A CONVERSA FRANCA E O PEDIDO OFICIAL
HORA DE DORMIR
ENTRE OS LENÇÓIS
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 1
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 2 - O CLONE
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 3 - PERMANEÇAM SALVOS
DOLOROSA DESPEDIDA
A PROCURA DE LUCY
O CURSO À DISTÂNCIA
FELIZMENTE, O TEMPO PASSA
BRAVURA & HONRA
DECISÕES EXTREMAS
O RETORNO
SIM
COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ
DESPERTANDO PARA A VIDA
AMOR Á SEGUNDA VISTA
ANÚNCIO OFICIAL - PARTE 1
ANÚNCIO OFICIAL - PARTE 2
O PRIMEIRO NATAL
EPÍLOGO
CAPÍTULO BÔNUS: MINHA PRIMEIRA VEZ - PARTE 1
CAPÍTULO BÔNUS: MINHA PRIMEIRA VEZ - PARTE 2
CAPÍTULO BÔNUS: O LADO OBSCURO DO NATAL
CAPÍTULO BÔNUS: O HOMEM SEXY DA BIBLIOTECA
CAPÍTULO BÔNUS: O CASAMENTO
CAPÍTULO BÔNUS: DECLARANDO-SE CULPADA

CAPÍTULO BÔNUS: COISA DE ADULTO

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By fernandavs_

Adam O'Donnell

Apesar de ter me mantido calmo e fora das decisões da Chloe desde que voltou da faculdade há alguns anos atrás – somente opinando quando pedia ajuda, nunca deixei que o antigo Adam desaparecesse por completo. Uma parte de mim ainda gostava de provocar e desafiar o meu futuro genro, que como um bom garoto sempre se preocupava em dar uma resposta respeitadora, ao mesmo tempo em que também mantém a vontade da Chloe e dele mesmo. Ou seja, de vez em quando eu interpreto o papel de sogro impertinente e a Heather quase me coloca para dormir no sofá da sala nesses surtos do "Adam mau". Minha filha e o Evan noivaram um pouco depois do meu casamento com a invasora, mas ambos já estavam decididos a esperar algum tempo até pensar em oficializar a união. A Heather ficou grávida, o James Anthony nasceu e o nosso filho completou um, dois, três, quatro anos e o casal ainda não começou nem pensar em uma possível data de casamento.

Um assunto que adoro lembrar no momento em que o bonitinho da diabinha de olhos azuis e eu estamos à sós, exatamente como agora, observando-o dirigir o Hummer na direção de casa. Falta pouco para o dia virar noite e as nossas garotas estão fazendo o jantar enquanto cuidam do James, Nora e Aaron, que resolveram fazer uma festinha do pijama hoje. Para o total desespero da invasora, pois durante as discussões de crianças, ela não sabe o que fazer na maioria das vezes. E o motivo da choradeira é o mesmo, o meu afilhado Aaron – filho do John e Helen, tenta caçoar dos gritinhos de James e obviamente o meu menino não gosta nem um pouco, portanto exige aos prantos que o seu amigo se desculpe, afinal ele é o seu melhor amigo. No meio disso tudo ainda tem a Nora, a mais velha dentre os três e dona de um coração puro, o que incentiva ela a chorar ao ver dois grandes amigos se desentendendo. Confesso que me divirto presenciando todo o drama, porém reprimo a vontade de rir em respeito a minha mulher, que continua com sua mania de apaziguar as brigas e discussões. Menos a nossa, é claro.

Acabo rindo desse último pensamento e o Evan fica curioso para saber qual o motivo, já preocupado com a possibilidade de ter feito alguma coisa errada dirigindo.

- Do que está rindo?

Balancei a cabeça com um sorriso orgulhoso.

- Só estava pensando que a Heather consegue apaziguar qualquer discussão, menos as nossas.

- E isso não deveria ser uma coisa ruim?

Inconscientemente o sorriso ampliou ao me concentrar nas maneiras que fazemos as pazes.

- Não. Eu ficaria preocupado se não houvessem mais discussões, porque ia significar que nos entregamos a rotina e nos tornamos um casal sem graça de 30 anos de matrimônio. – expliquei – Continuamos sendo sempre os mesmos, só que agora temos um filho para criar da melhor maneira possível.

Mencionar James em qualquer conversa com pessoas que convivem conosco, sempre faz com que elas esbocem expressões felizes e apaixonadas. Uma reação bastante natural, o que reforça ainda mais o carisma, o caráter e inteligência que o meu filho possui, mesmo que ainda seja apenas uma criança.

Pela visão periférica, vi que o Evan é mais um que morre de amores pelo James Anthony O'Donnell.

- Você acredita que até ele veio me perguntar quando Chloe e eu vamos casar? Até falou que o tenente não estava gostando disso e está ficando chateado por ter que me lembrar toda hora, que um bom menino deve ser obediente.

- Ele disse isso tudo?

Gargalhei alto imaginando o meu filho espremer os olhos e cruzar os braços, do jeito que sempre faz quando está falando sério.

- Foi como se eu tivesse te escutando, com o mesmo olhar e a encarada final, antes de voltar a ser o menino doce no mesmo instante em que a Chloe entrou no cômodo. – ele riu – Sério, foi assustador e encantador ao mesmo tempo.

Tirei a boina da cabeça e passei as mãos pelo o que restou do meu cabelo após cortá-lo mais cedo.

- A Heather sempre acha que ensino isso para ele, mas a verdade é que tento ser bem humorado, educado e tudo o que não sou entre os adultos.

- Acredito em você, tenente. Isso é algo natural dele, porque não há como não perceber que o James é um clone seu.

O sorriso orgulhoso voltou a habitar os meus lábios, me sentindo extremamente feliz pela vida e a família que construí nos últimos anos. Feliz por encontrar de maneira natural tudo o que me faltava. No entanto, logo o meu lado adormecido apareceu de repente, obrigando-me a retornar uma questão tão importante, mais tão importante que até o meu filho – um menino de apenas 4 anos – o incluiu em uma conversa.

- Então já sabe quando vai casar com a Chloe?

Senti-o pisar no freio mais do que o necessário, quase fazendo o motor do Hummer apagar, em um sinal de nervosismo. Em seguida entrou na rua da minha casa.

- Particularmente eu já teria casado, mas o senhor conhece Chloe e...

Ele continuou com o blá blá blá de sempre, ao mesmo tempo em que meus olhos se fixaram na gramado da frente de casa e toparam com algo incomum ocorrendo. James segurando o taco de baseball que ganhou no natal do ano passado, Aaron de braços cruzados ao seu lado e Nora observa – assim como eu, ambos aparentemente conversando com Bryan Harrison. Quem é Bryan Harrison? O primeiro tenente mais filho da puta e problemático que alguém poderia ter como vizinho.

O desgraçado é um pouco mais velho do que eu e está morando na casa ao lado há 4 meses e durante esse tempo, ele viera reclamar inúmeras vezes que o James ia para o quintal em frente a sua casa, fazia muito barulho e era um mal educado que não sabia a importância da palavra "senhor" no fim de uma frase ao falar com um homem como ele. Reprimi o impulso de esmurrar a sua cara de bêbado e espancador, já que surgiu umas histórias na base que se divorciou da esposa por causa do seu lado machão, me limitando a dizer que o James ficaria longe da sua casa.

E ele parou com as reclamações? Não, o filho da mãe continuou com as reclamações e eu cheguei perto de agredi-lo quando Heather me contou que Bryan apareceu bêbado na porta do nosso lar com uma conversa estranha. A única coisa que aliviou a minha raiva cega – quase assassina – foi que Eileen estava fazendo uma visita e teve uma conversinha com o cara, além de insinuar que estava armada. Seus hábitos de quando era agente do F.B.I. nunca sumiram por inteiro. Após esse preocupante episódio prometi à invasora e a mim mesmo que a próxima vez que o desgraçado fosse nos incomodar, eu usaria toda a minha influência para tirá-lo dali.

Nem que fosse abaixo de murros e ponta pés.

A medida que o Hummer foi se aproximando deles, notei que a conversa não parece mais tão amistosa pelo modo como James segurou o taco e espremeu os olhos de raiva, nem um pouco contente com o que ouvia sair da boca daquele filho da puta. Voltei a pôr a boina na cabeça e antes que Evan notasse a movimentação na frente da minha casa, nem esperei que estacionasse. Mandei:

- Pare agora esse carro, Evan.

Ele virou na minha direção ao sentir a tensão repentina no tom de voz.

- Como é?

- Pare a porra do carro ou eu vou pular. AGORA.

Sem perceber o que prendia a minha atenção, ele parou o hummer a poucos metros de distância da casa e no meio da estrada, visivelmente preocupado com a mudança de humor até então sem sentido para o mesmo. Tudo se tornou vermelho enquanto desço do automóvel camuflado, apertando os punhos para não permitir que tomassem vida própria na frente das crianças. Longe delas é outra história.

No momento em que os coturnos tocaram o asfalto, Bryan Harrison fez algo que exterminou o meu autocontrole, pois assim que presenciei uma de suas mãos nojentas agarrar o braço do meu filho, eu já tinha decidido. Eu vou matar esse bastardo. Ouvi o Evan me chamar, entretanto o ignorei e continuei marchando na direção dos quatro com o maxilar travado, as mãos em punho pronto pra arrancar todos os dentes do miserável. Poderia usar a minha arma, mas nunca gostei de métodos tão rápidos, com dores que não duram tanto tempo.

Apressei os passos ao ver Aaron tentar chutar a perna do Bryan para ajudar o amigo e o gesto ao invés de fazer o agressor afrouxar a mão apertada em torno do braço de James, serviu como incentivo para também agarrar o braço do meu afilhado. Nora começou a chorar e antes que pudesse gritar por ajuda, ela notou a minha aproximação por trás do desgraçado.

Dei mais três passos e finalmente estava tão perto dele que aposto que sentiu a minha respiração bater na sua nuca. Com lentidão e de forma clara, sussurrei:

- Largue as crianças agora.

Um leve tremor atravessou todo o seu corpo ao ouvir minha voz de repente e soltou as crianças, erguendo os braços como estivesse se rendendo.

- Só estava mostrando para essas crianças como se deve tratar um adulto e que é muito feio quebrar a janela dos outros brincando de coisas feitas para bichinhas como o baseball.

A sua resposta com tom irônico quase me fez perder o controle na frente das crianças e isso é a última coisa que desejo, principalmente por elas estarem assustadas. Então passei por Bryan, torcendo para que Evan estivesse por perto e impedisse o filho da mãe de fugir, para me agachar em frente aos meninos mais corajosos do mundo.

Fiz sinal para que Nora se aproximasse, acariciei o rostinho dela e do Aaron com carinho, sorrindo do modo mais tranqüilizador que consegui. Meus olhos se focaram em James, que está com as bochechas coradas e os olhos marejados, se controlando para não chorar na minha frente. Peguei o seu braço, evitando olhar para o local onde o Bryan segurou e acabar detectando algum hematoma, limitando-me a beijar o punho dele. Imediatamente o meu menino relaxou e me surpreendeu com um abraço apertado.

- Desculpe papai, juro que não fiz por querer.

Retribui ao abraço.

- Não se desculpe por nada, filho, sei que você é um ótimo garoto. – beijei sua testa e rosto – Agora eu quero você, Aaron e Nora dentro de casa.

O meu afilhado tentou argumentar, afinal, ele nunca foge de uma briga.

- Mas padrinho, esse cara...

- Tenho certeza que a sua madrinha está precisando de ajuda no jantar e ela adora recebê-la de vocês, já que a Chloe é um pouquinho desastrada.

Suspirei de alívio quando os três esboçaram um sorriso, lembrando das vezes em que presenciaram alguma manobra catastrófica da minha filha mais velha. Me senti ainda mais leve ao receber um abraço apertado de cada um deles antes que juntos – Nora segurando a mão dos dois – andassem em direção a porta de casa e mantive uma expressão tranqüila, pois eu tinha certeza que o James olharia para mim mais uma vez. Assim como adora olhar a mãe trabalhar em seus livros, sempre sente a necessidade de me encarar por mais tempo que o normal, como se também quisesse se certificar de que estou bem. E foi exatamente o que fez, ao mesmo tempo em que enviara um meio sorriso. James Anthony não acredita que seu pai está tão calmo.

E não estou mesmo.

Voltei a erguer meu corpo após a porta se fechar, mas esperei alguns instantes até que desse tempo para que eles tivessem alcançado a cozinha ou pelo menos longe o suficiente das janelas da frente. Então só quando tive certeza de que nenhum deles escutaria o som do crânio de Bryan Harrison sendo quebrado, dei meia-volta para depositar toda a minha atenção e raiva na direção do filho da puta, não conseguindo conter um sorriso de satisfação ao me deparar com o Evan bloqueando a sua passagem. Em agradecimento a aquele pequeno favor que fez por livre e espontânea vontade, não mencionaria nada em relação ao casamento por um mês.

O meu sorriso se ampliou de modo doentio quando tirei a arma do coldre grudado a minha coxa e por um momento pensei que o meu vizinho fosse urinar nas calças enquanto aproximei-me de ambos com a arma em punho. Evan também ficara com medo do seu tenente fazer merda, o que me fez esquecer sobre a promessa de não falar sobre a sua relação com a diabinha de olhos azuis.

- Acha que eu vou atirar em você? – entreguei a Beretta para o meu genro sem tirar os olhos de Bryan – Sou um homem ao contrário de você, seu merdinha.

- E você se acha muito superior, não é? Só porque tem uma filha e uma esposa gostosinha, isso não quer dizer que...

Não deixei que terminasse a frase e fui logo segurando aquele bêbado pela camiseta, arrastando-o até a parede mais próxima enquanto ouvia a voz irritante do Evan pedindo calma. Calma? Mostrei a porra da calma atravessando até o quintal da casa dele, jogando seu corpo tão forte quanto o meu contra a parede e agarrei sua garganta com uma das mãos, a outra torcia seu punho para trás, impossibilitando-o de tentar me socar. Quer dizer... O cheiro de bebida era tão forte, que tenho certeza que o soco dele seria menos forte do que o do James.

- Sabe por que eu me sinto superior? Eu já passei por muitas merdas nessa vida, vi muitos colegas morrerem, criei minha filha sozinho e perdi momentos importantes da infância dela, mas nunca me embebedei para bater nela ou na mãe. Muito menos tentei agredir os filhos do meu vizinho por causa da porra de um barulho que não incomoda ninguém.

A arrogância continua a dominar a sua face e me senti na obrigação de fazê-lo sentir um pouco de dor, agarrando sua camiseta para fazer seu corpo se chocar contra a parede mais uma vez.

- Vai acabar perdendo essas insígnias no uniforme, tenente, por ser um verdadeiro selvagem que não sabe interagir com a vizinhança. – riu – Pode me bater, vou adorar reportar isso para o Coronel e ver você ser expulso com desonra... Sua esposa está convidada para viver comigo por um tempo se quiser! Vou adorar ter aquele rabo...

Desferi um forte soco no seu abdômen interrompendo-o mais uma vez e com uma raiva fora do comum, pressionei a lateral do rosto contra o concreto para sussurrar:

- Está com raiva porque tenho uma mulher bem gostosa toda noite e filhos que me amam? É isso, não é?

Abaixei a mão na altura da sua braguilha e apertei seus testículos, fazendo a mariquinha agonizar, tirando por completo a sua arrogância.

- E você não vai revidar por um motivo. Está tão bêbado que até o meu filho consegue ser mais forte que você. O que me lembra da obrigação de lhe dar outro aviso! – afastei a mão e dei uma joelhada no mesmo local – Nunca mais olhe, pense, fale ou toque no meu filho, seu filho da puta! Não importa se ele quebrar a sua janela, grite, fale um palavrão ou o caralho a quatro, você nunca mais vai chegar perto dele. Do contrário, Bryan Harrison, eu te mato.

Mais outra joelhada entre as pernas.

- Não pense que será uma morte rápida, pois vou torturá-lo por horas e horas antes de dar cabo a sua vida miserável.

Tomado pela adrenalina que a raiva proporciona, parei de pressionar seu rosto contra a parede para dar um belo e certeiro soco de direita no seu queixo, fazendo a face ser arremessada para o lado com o impacto da pancada. Naquele momento não há espaço para pena ou algo do gênero, pois nenhuma tragédia que ele tenha passado é desculpa para a agressividade que usou contra as crianças, assim como o modo desrespeitoso que se refere a garota de um irmão de farda. Absolutamente nada justifica.

Para o total alívio de Evan – e para provavelmente alguns moradores – que assistiu a cada golpe sem se meter, larguei a camisa do Bryan, deixando-o livre para tentar revidar ou simplesmente fugir. Entretanto, o covarde não tinha forças para nada mais além de cair no chão com uma mão contra a braguilha e a outra no queixo, gemendo coisas que ninguém consegue entender.

Lembrei de algo que precisa ser defendido, ouvindo alguém abafar um grito assustado no momento em que chutei as pernas do homem estendido no chão. Agachei ao seu lado, divertindo-me internamente por ser o responsável do seu sofrimento e sussurrei:

- Isso foi por você ter falado da minha mulher e da minha filha de um jeito que nenhum bom fuzileiro falaria. – suspirei – Sabe o que é triste nisso tudo? Se você tivesse me procurado para conversar sobre os seus problemas ou quem sabe para passar um tempo com toda a minha família, eu teria lhe estendido a mão sem hesitar.

Tirei alguns pedaços de grama do seu cabelo antes de erguer o corpo, enquanto abro e fecho as mãos algumas vezes para me certificar de que nada foi quebrado.

- Mas não, você foi mexer com a minha família. Algo que me dá muita paz, no entanto me faz ficar maluco quando é colocada em perigo.

Balancei a cabeça de um lado para outro, ajeitei o uniforme camuflado e a boina, me sentindo extremamente relaxado.

- Acho melhor começar a fazer às suas malas após se recuperar, porque você não vai ser mais meu vizinho a partir de hoje. – conclui satisfeito.

Em seguida virei na direção do Evan, ignorando o olhar de alguns vizinhos parados do outro lado da rua e estendi a mão, sinalizando para que devolvesse a minha arma. Fiz uma careta ao reparar que houve uma certa resistência de sua parte para entregar o objeto segurando pelo cano, direcionando o punhal pra mim. Guardei-a no coldre enquanto o encarava com uma expressão tranqüila, torcendo para que não precisasse dizer em voz alta que estou bem. Suspirei ao vê-lo sorrir, demonstrando que tinha entendido. Graças a Deus.

Não posso negar que senti um alívio por não detectar nenhum olhar de ódio na minha direção por parte dos outros espectadores e algo me diz que Evan havia explicado a situação para todos durante a minha conversa com o Bryan. Para falar a verdade, algumas pessoas me agradeciam em silêncio, dando mais fundo de verdade aos boatos sobre a índole do meu agora ex-vizinho. Em um gesto que ampliou aquele sorriso que raramente saía do rosto do eterno novato, passei o braço em torno de seus ombros e comecei a guiá-lo em direção a porta da minha casa.

Até então não havia sentido a necessidade de me certificar se alguma das crianças espiavam entre as cortinas da janela da sala de estar, afinal, os três jamais desobedeciam a um pedido meu e não contariam nada a Heather sem a minha permissão. É nisso no que acreditei, mas bastou chegar perto da curta escada e erguer o olhar para a porta, para que os meus joelhos fraquejassem e o meu rosto core de vergonha. Lá está ela, Heather de braços cruzados no topo.

Imediatamente afastei o braço do Evan e tirei a boina, apertando a peça entre as minhas mãos. Sem coragem alguma depois da brutalidade que provavelmente assistiu. O meu futuro genro logo entendeu que deve nos deixar e pediu de licença, apressando os passos para entrar na minha casa, louco para contar tudo a Chloe.

Não sai do lugar, continuei no fim da escada e ela no topo, não me dando nenhuma dica do que sente com sua expressão neutra. Quero saber se a invasora sente medo, raiva ou quem sabe nojo do meu lado violento, algo que jamais permiti que presenciasse.

- Está parada aí muito tempo?

Minha voz saiu em um sussurro.

- Desde que você o colocou contra a parede.

Cocei a nuca, sem coragem de encará-la.

- Porra, Heather. – suspirei frustrado, me sentindo culpado por não ter tido mais cuidado – Por que não me impediu? Por que não chamou a minha atenção? E-eu não queria que me visse desse jeito.

Escutei a escada ranger e instantes depois, vi seus pés descalços pararem um degrau acima do meu. A aproximação trouxe um pouco esperança, então reuni forças para olhar em seus olhos e parar de agir feito um menino frágil. Nunca irei me cansar de encarar esse lindo par de íris verdes, seja durante a manhã, a tarde ou a noite. Minha melhor parte do dia sempre será essa, onde através dos seus olhos, me sinto o homem mais feliz e digno de tudo de incrível que ocorrera nos últimos anos desde que a conheci. Passei os braços por sua cintura, ao mesmo tempo em que ela segura o meu rosto entre as suas mãos.

- Jamais te impediria de defender a nossa família, Adam. Na verdade isso só mostrou que você vai cumprir a promessa de nos proteger sempre e eu te amo. Eu te amo por infinitos motivos.

Um meio sorriso estampou os meus lábios ao levar minhas mãos até a sua nuca e não, eu não irei beijá-la na boca, porque isso ia parecer muito pervertido após aquela sessão de socos e xingamentos. Beijei sua testa em sinal de todo o respeito que sinto pela mulher, esposa, namorada, amante, mãe e madrasta incrível que ela acabou se mostrando antes mesmo do namoro.

Heather O'Donnell

Talvez outra esposa tivesse tido uma reação distinta da minha diante de tanta agressividade, mesmo que o vizinho não seja nenhum sinônimo de bom caráter. Provavelmente outra mulher teria agarrado seu marido pela cintura e implorado para que se acalmasse, pois a violência não resolveria nada. Mas é diferente para alguém como Adam O'Donnell, um homem que leva os valores muito a sério e não costuma dar um segundo aviso quando o limite é ultrapassado, em especial para aqueles que tem o mesmo estilo de vida que o dele. Então não me assustei em vê-lo pôr as mãos no Bryan e nem me senti tentada a impedir a "conversa", muito menos pensei que o monumento fosse cometer um assassinato na frente de toda a vizinhança. Ele apenas precisava daquilo, precisava mostrar para o filho da mãe que era homem para defender James e Aaron sozinho.

Sem armas, apenas com os punhos e toda a raiva que pôde reunir.

O meu papel nessa confusão? Foi receber o meu marido de braços abertos no topo da varanda de casa, tratando de acabar logo com a expressão envergonhada e cheia de arrependimento que tomou seu lindo rosto ao notar a minha presença. Deixei-o ciente de que não estava brava, assustada ou decepcionada, que continuo amando ele exatamente do que jeito que é.

Ganhei um casto beijo na testa antes de começar a puxá-lo para dentro de casa, ignorando alguns vizinhos nos encarando e outros prestando socorro ao homem caído, que ainda gemia enquanto segura as partes íntimas. Nossos vizinhos não julgam Adam, nem se quer fazem menção de realizar alguma represália contra o meu marido. Apenas estavam sendo gentis de levar o Bryan para a própria casa.

Passei um dos meus braços por sua cintura enquanto abro a porta com a outra mão, sentindo o monumento acariciar o meu cabelo, enrolando alguns fios entre os dedos. Um toque que causou um arrepio por todo o meu corpo. No momento em que passamos da entrada, automaticamente nos entreolhamos preocupados ao ver o James sentado entre os quatro primeiros degraus da escada. Os cotovelos apoiados nos joelhos e os olhos fixos na direção do pai, deixando evidente a sua preocupação.

- Diga que você não estava espiando, por favor, James... – sussurrou o meu marido, após fechar a porta atrás de si.

Balançou a cabeça de um lado para o outro de maneira afobada, com medo do pai entender algo errado e levar uma bronca desnecessária.

- Não vi nadinha, pai! Eu juro! E nem ouvi nadinha!

Soltei o braço da cintura do Adam e dei alguns passos para me aproximar da escada, sentando em um degrau acima do James, me acomodando do lado direito. Não conseguindo me conter, comecei a acariciar seu cabelo e perguntei:

- Então o que está fazendo aqui sozinho, meu amor?

Manteve a atenção direcionada para o pai, ao mesmo tempo em que aproveita o cafuné.

- Queria saber se o papai está bem.

Creio que nem mesmo o homem mais durão do planeta conseguiria resistir ao tom carinhoso que o meu filho usa quando fica preocupado com algo ou alguém. Ele se preocupa comigo, com o pai, irmã, cunhado, tia, tio e todo o resto da família – incluindo os nossos amigos, que sempre considerou como parte dela. Atitude que toma sem nenhum pedido ou influência nossa! Assim como ocorreu comigo, James Anthony O'Donnell cresceu amando e se preocupando com todos naturalmente.

Decidido a sentar no outro lado vago da sua versão mirim para conversar, observei o meu marido em silêncio tirar o coldre preso à coxa e colocar sobre a mesinha redonda – onde sempre tem um vaso de flores e um pote de vidro cheio de bala, o objeto favorito das crianças depois do videogame. Em seguida arrancou a boina da cabeça e jogou-a em cima da arma, impedindo que o filho pudesse olhar para ela, afinal, já tinha me confidenciado que deseja que o pequeno James não se sinta atraído por aquilo mais do que o normal. Ter alguns jogos de guerra não tem problema, mas não havia a menor chance de deixar o filho encostar em uma arma ou até mesmo caçar, pelo menos não até que resolvesse seguir numa carreira em que necessite utilizá-la.

Ouvi-o respirar fundo antes de se aproximar da escada, sentando no mesmo nível que o meu e do lado esquerdo, fazendo com que James ficasse entre nós. Só bastou o seu grande corpo se espremer do outro lado, que o ser mais encantador do mundo deitou a cabeça na coxa do seu eterno e maior herói, ao mesmo tempo em que continuo a acariciar seu cabelo.

- Você não devia se preocupar, filho, eu só estava conversando com o vizinho... – o monumento me encarou quando começou a acariciar as costas do pequenino – Eu só estava ensinando a ele como se deve tratar uma criança tão bacana quanto você.

Ele ergueu a cabeça recém deitada para olhar para o pai.

- Bateu nele? O Aaron disse que o senhor ia quebrar o nariz do Bryan.

Abri a boca para dizer que eles não deveriam se meter em problema de adulto, contudo o meu marido foi mais rápido e o interrompeu de forma gentil.

- O papai já não falou que existem coisas de adulto que crianças estão proibidas de se intrometer?

Já perdi a conta de quantas ele havia feito essa pergunta desde que o James passou a se comunicar perfeitamente, assim como passou a sentir quando seu pai e eu não estamos no melhor clima. E é de costume que o pequeno formador de opinião recue após o questionamento, no entanto, diferente de todas as outras situações, dessa vez a cópia fiel de Adam O'Donnell se manteve firme.

- Aquele idiota disse coisas horríveis sobre a nossa família, papai!

- Eu sei, mas...

Novamente o nosso pequenino de grandes olhos verdes tentou argumentar:

- Sempre ouvi as pessoas falarem que os homens devem proteger a família e como o papai não estava por perto, achei que Aaron e eu deveríamos proteger todo mundo.

Percebi que o tenente reprimiu a vontade de sorrir com orgulho em meio a uma falsa tossida e precisou de alguns segundos para arrumar um contra-argumento que não discordasse com o que James falou, enquanto diz que não gosta que se meta em confusão tão cedo. Se fôssemos usar de exemplo as coisas que o próprio Adam apronta desde menino, é bem provável que seríamos chamados pelo diretor da escola logo e não desejamos lidar com uma situação dessa, em especial durante o tempo em que o Adam estiver ausente.

É claro que James é livre para descobrir a sua personalidade, escolher qual roupa quer usar ou qual esporte deseja praticar, porém, ele sabe quais regras essenciais para vida – algo que já decorou e tenta lembrar-se de praticar, pois não podemos esquecer que estamos falando de um menino de 4 anos. Tem vezes que ele simplesmente se esquece.

Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver o monumento passar o braço forte em torno dos ombros do filho e o puxar para perto de si, curvando o tronco o suficiente para beijar com carinho o topo da sua cabeça. Bagunçou o cabelo logo em seguida, arrancando uma risada gostosa do pequeno ser transbordando alegria.

- Eu estaria mentindo se dissesse que não fico feliz por você já pensar dessa forma e muito menos vou afirmar uma segunda vez de que fui gentil o tempo inteiro com o Bryan, porque acredito que está grande o suficiente para saber que o seu pai não é tão exemplar quanto os dos seus colegas.

Imediatamente James resolveu intervir e adotou a postura que sempre faz todos suspirarem, comentando do modo mais sincero do mundo.

- O senhor é o melhor pai do mundo!

Pisquei algumas vezes para espantar as lágrimas, pois isso preocuparia ambos e colocaria um fim prematuro na conversa. Adam sorriu antes de voltar a beijar o topo da cabeça dele e olhou na minha direção, antes de sussurrar:

- É muito fácil ser um pai legal quando se tem um filho como você, James Anthony. – usou o tom mais suave – Então quero que se preocupe com coisas de adulto apenas quando for um, aproveite bastante agora sua infância e deixe que eu lido com idiotas como o Bryan, assim como alguns outros que virão.

- Existem outros como ele?

James arregalou os olhos ao questionar.

- Existem muitas pessoas como Bryan, mas felizmente existem muito mais pessoas como Aaron, Nora, seus tios e tias, seus avós, todas as pessoas que a sua mãe e eu consideramos como família.

Minha intenção era manter o silêncio enquanto aprecio a conversa dos dois, encostada contra o corrimão da escada e de braços cruzados, controlando a vontade de permitir que as lágrimas de emoção rolem por meu rosto. No entanto senti-me na obrigação de participar – ou melhor – me intrometer no diálogo. Tirei a mão do seu cabelo e segurei uma de suas mãos, entrelaçando os curtos dedos nos meus, ganhando a sua atenção imediatamente.

- Quando acontecer algum problema na escola ou onde quer que seja, não hesite em contar para um adulto, ok? Seu pai está certo. Você deve aproveitar o longo caminho que tem pela frente e deixar as coisas de adultos com a gente.

Balançou a cabeça com lentidão, atento a tudo que falei.

- Aproveite para jogar baseball, brincar com o Aaron e Nora, estudar os animais selvagens e quem sabe já arrumar uma namorada bem gatinha! – acrescentou o monumento, com uma piscadela na direção do filho.

Corei com os olhos estreitos cravados no Adam, que sabe o quanto odeio a palavra 'namorada' ligada ao meu filho e continua trazendo o assunto a tona. É claro que considero esse tipo de comentário uma provocação, já que adora me ver com as bochechas coradas de raiva.

- Eca, pai! Namorar é nojento!

Gargalhei ao mesmo tempo em que o meu marido erguia as sobrancelhas e retrucava:

- Vamos ver se você vai continuar pensando dessa forma daqui a algum tempo.

O pequenino continua a enrugar o nariz, nem um pouco feliz em imaginar andar de mãos dadas ou dando presentes a uma garota além da irmã. Já percebi sua careta algumas vezes ao presenciar Adam me beijando, abraçando e dando uns tapinhas discretos em meu bumbum.

- Jogar baseball em um campo cheio de lama é muito mais legal que uma namorada, papai. Confie em mim.

Não conseguimos reprimir as risadas diante de tanta certeza para um menino tão novo, que para muitos não tem nem idade o suficiente para se comunicar de forma tão clara. Satisfeito por ver que o pai está bem e ter entendido o que lhe aconselhamos sem nenhuma dificuldade, a mente de James mudou de foco. Ergueu os braços para abraçar Adam e eu ao mesmo tempo, sussurrou de modo carinhoso e alegre que nos ama muito antes de sair correndo rumo à cozinha, onde Chloe nos aguarda com um delicioso jantar.

Respirei fundo ao sentir um braço musculoso enlaçar a minha cintura e logo seu corpo cola ao meu, fazendo-me fechar os olhos no momento em que seu nariz passou a roçar o meu pescoço. Fiquei aproveitando a carícia sutil – porém muito relaxante – em silêncio, até que alguns minutos depois ouvimos a voz do nosso filho gritar:

- Socorro mamãe! Socorro papai! A mana está me sufocando!

Adam e eu nos entreolhamos com um sorriso estampando os lábios, ainda considerando engraçado os gritos de socorro que o James solta desde 2 anos ao estar em um mesmo cômodo que a irmã. E ao que tudo indica, isso vai se repetir por muitos e muitos anos. Sorte que já nos acostumamos com a relação escandalosa deles.

Erguemos nossos corpos e de mãos dadas descemos os degraus com cuidado, seguindo calmamente em direção a cozinha, para ajudar o nosso filho a sair das garras dos abraços apertados da diabinha de olhos azuis.

*****

Quando fui desligar o filme escolhido da noite, tive cautela para não acordar as crianças deitadas no sofá confortavelmente grande da sala de TV. Durante o jantar haviam implorado para dormir tarde, fizeram planos para passar a madrugada acordados e até cogitaram a ideia de assistirem a um filme de terror, mas os meninos resolveram não levar o plano adiante em respeito à Nora, que sofre com pesadelos. Então eles escolheram assistir "Como treinar o seu dragão 2", mas não conseguiram manter o plano de bagunçar a noite inteira, nem mesmo chegaram a assistir meia hora de filme.

Agachei-me para ajeitar o cobertor de cada um e aproveitei para dar um beijo de boa noite na testa nos três, apesar de nenhum ter se dado conta do carinho que recebeu. Voltei a me erguer com mais cuidado ainda, afinal, sou o desastre em pessoa quando preciso ser discreta e silenciosa, o Adam está de prova. Todas as noites em que saio da cama para ir escrever, sempre derrubo algo ou quase quebro o dedão do pé.

Para piorar, o monumento acorda por conta do barulho já rindo da esposa desastrada!

Deixei a luz do corredor acesa para o caso de alguma das crianças acordar no meio da noite e se sentir desorientada, sem saber exatamente para que direção fica o meu quarto. Um sorriso estampou os meus lábios no momento em que ouvi risadas vindas de dentro do quarto da Chloe, evitei imaginar o que Evan e ela estão aprontando.

Na medida em que me aproximei da porta do fim do corredor – a poucos metros da sala de TV e do quarto da minha melhor amiga – comecei a lembrar do ano em que a vida resolveu me presentear com amigos e um namorado incrível. É bem provável que se me perguntassem naquele tempo o que esperava do futuro, jamais responderia que estaria onde estou agora e nem que me sentiria como agora. Completamente satisfeita e apaixonada por tudo que me rodeia, até mesmo quando o tenente O'Donnell está em algum lugar do mundo correndo perigo. Amo a minha vida do jeitinho que ela é, com todos os altos e baixos.

Parada em frente ao nosso quarto, as minhas mãos tremeram ao pensar que o monumento está me esperando – como faz todas as noites e por incrível que pareça, ainda fico nervosa antes de estar a sós com o belo homem de olhos verdes. Respirei fundo antes de girar a maçaneta e empurrar a porta, me deparando com uma das cenas mais sexy que tenho presenciado ano após ano. Adam veste apenas seu short de corrida azul e tem em suas mãos o livro "Band Of Brothers", que é um dos seus favoritos. Segundo o mesmo, o livro que está no topo da sua lista é o meu – "O Pai da Minha Melhor Amiga" – inspirado em nossa história.

Os meus olhos deslizaram por seu corpo estendido da cama, pelos tornozelos cruzados, coxas grossas, abdômen trincado, peito largo, braços fortes e por fim seu lindo rosto, que ergueu na minha direção ao ouvir o barulho da porta se fechar atrás de mim. Acompanhei sua mão alcançar o criado mudo para pegar o marcador de páginas feito pelo James e o colocar sobre a página que lia, fechando o livro em seguida.

- As crianças já dormiram?

Balancei a cabeça afirmando, enquanto tranco a porta.

- Nem chegaram a assistir meia hora de filme. – tirei o par de mocassins, chutando-os para um canto do quarto – Falou com o todo poderoso?

Ele riu ao ouvir o apelido que dei para o responsável pela base militar, que é um dos superiores que mais respeita e confia.

- Já podemos considerar o Bryan como ex vizinho e o recado que transmiti com os punhos está perdoado. Não que eu tenha pedido desculpas, é claro.

Pôs o livro na mesinha e deu um tapa no espaço vago ao seu lado, sinalizando para que eu sente ali. E foi exatamente o que fiz, engatinhei sobre a cama até parar perto dele, que logo passou o braço em torna da minha cintura. Notei que a sua atenção foi para as minhas coxas, assim como a calcinha branca expostas pela saia do vestido.

- Ainda bem que essa confusão não vai te prejudicar e para o bem do Bryan também.

Meu comentário o fez sorrir, como se tivesse aprovado e concordado.

- Vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com sinceridade.

O tom tranqüilo que utilizou fez com que não ficasse preocupada, afinal vamos ser sinceros, esse é o tipo de pedido que obriga qualquer pessoa a pensar no que aprontou nas últimas horas.

- E alguma vez não fui sincera? – retruquei.

Ganhei um beijo casto nos lábios pelo meu atrevimento e uma mordida no queixo, gestos que arrancaram uma risada rouca. De modo manhoso passei os braços em volta dos seus ombros e escondi o rosto na curva do seu pescoço, esperando que pergunte o que deseja.

- Você é feliz, Heather? Você é feliz com a vida que construiu comigo?

Distanciei o meu rosto o suficiente para encarar os seus olhos e me surpreendi com o brilho de curiosidade refletindo neles, como se tivesse dúvida da minha resposta.

- Que diabo de pergunta é essa, Adam? Por acaso está...

Ele me calou com os próprios lábios, entrelaçando sua língua na minha e movendo-a em um ritmo sincronizado, enquanto sua mão me segura pela nuca. Minutos depois afastou sua boca para sussurrar:

- Depois dessa confusão com o Bryan e quase ter chegado ao ponto de ceder o meu instinto de matá-lo, cheguei à conclusão de que faz muito tempo que não pergunto como você está ou como se sente. – me puxou para sentar em seu colo – Então me responda, Sra. O'Donnell.

Levei as mãos até seus cabelos curtos e acariciei seu couro cabeludo, fazendo-o fechar os olhos diante de uma carícia que o relaxa e o excita ao mesmo tempo. Aproveitando o momento, beijei seu queixo, bochechas, testa, nariz, pálpebras e então os seus lábios, o incentivando a voltar a encarar meus olhos.

- Sou tão feliz, Adam, que nem em um milhão de anos poderia imaginar que o destino e a vida iriam ser tão bons comigo.

Coloquei as mãos em seus ombros, sentindo sua pele quente sob os dedos e os apertei ao vê-lo soltar um suspiro de alívio.

- Eu te amo. Você sabe.

- Eu te amo. Eu sei.

Prendeu meu queixo entre seu dedo polegar e indicador, olhando para a minha boca entreaberta por alguns segundos antes de tomá-la com a sua, em um beijo que abalou as forças que restaram. O meu coração pulsa com rapidez, as mãos tremem agarradas aos seus ombros, o meu estômago virou um ninho de borboletas e a mente parou de pensar no mundo que existe além do nosso quarto. Não pensei mais no James, Aaron, Nora, Chloe ou Evan, concentrei-me nos lábios do meu homem atraente e nos movimentos lentos que reproduziu ao deitar meu corpo na cama, não demorando muito tempo para cobri-lo com o seu.

É claro que não tenho mais 17 anos, mas é em momentos como esse – quando estou com o meu marido– que sinto voltar no tempo e percebo que sempre serei a mesma Heather enquanto estiver ao lado dele. Não importa se os meus quadris estão mais largos, as estrias, as celulites ou as rugas que aparecerão. Adam O'Donnell sempre será o meu monumento e eu sempre serei a sua invasora de salto alto.  

Então, gente, por onde começar?

Foi maravilhoso ter essa interação maravilhosa com vocês, sempre comentando, me seguindo e enlouquecendo junto comigo por conta do nosso tenente. Poder compartilhar uma estória que fiz com tanto carinho, me dediquei tanto anos atrás e ainda sim ter pessoas que se interessam por ela, é maravilhoso. Vocês não fazem ideia do quanto que o apoio que recebi fez bem, foi um dos motivos da minha presença frequente aqui nos últimos tempos, uma forma de agradecer, de retribuir a tudo que vocês têm feito por mim.

Em meu íntimo, a vontade era nunca ter finalizado esse mundo da Heather que amo, mas para dar vida para as minhas outras ideias, é necessário fechar esse ciclo, mas com a esperança de que uma hora dessa, nosso casal possa aparecer em algum crossover. <3

Muito obrigada por quem comenta, quem vota, quem me acompanha desde o início e os que chegam agora. Muito obrigada de verdade! <3

E como prometido, acabei de publicar minha mais nova estória, chamada SHADES OF COOL... Ela tem um seguimento diferente, mas assim como aconteceu com essa, dediquei toda a atenção e amor em cada capítulo. Espero ver vocês lá também! <3

Beeeeeeijos

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