DOLOROSA DESPEDIDA

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Heather

Posso afirmar com toda a certeza do mundo de que essa será a pior manhã da minha vida. O caminho até o ponto onde o ônibus o aguarda foi silencioso e rápido demais para mim, o único som que quebra o silêncio torturante de dentro do carro é o celular da Chloe tocando ao receber uma mensagem de texto. Notei pelo retrovisor que ela conseguira disfarçar as olheiras – que denunciaria sua ausência durante a noite inteira, com maquiagem. Ainda bem que a Zoe me avisou escondido que a sobrinha tinha saído com o Evan e assim pude evitar que o monumento fosse até o quarto dela antes de ir para cama. Admito que eu não deveria ter escondido do Adam, mas eu simplesmente não queria que a última noite dos dois fosse tirada deles porque o lado super protetor do monumento não permitiria. Uma hora ou outra isso aconteceria, então que ocorresse com a minha benção e com os meus conselhos de que ela tivesse juízo, independente do que acontecesse. É claro que pelo jeitinho que seu rosto estava corado e o cabelo bagunçado quando entrei em seu quarto às 6:30 da manhã, era óbvio que a primeira vez dela havia acontecido.

Não entramos no assunto, apenas ela prometeu que conversaria depois e com um sorriso de orelha à orelha foi tomar um banho antes de ir até o local marcado.Não só o esquadrão do Adam embarcaria para novas missões, como também inúmeros outros soldados também iriam para os seus novos desafios e o clima estaria pior do que neste momento dentro da picape. Tentei sorrir de modo confiante ao ver o monumento soltar uma das mãos do volante da picape e agarrar a minha coxa, porém eu sei que a tristeza se expressa de um jeito gritante em meu rosto. Portanto, obviamente não o convenci nem por um segundo.

Como já era de se esperar, o ponto de encontro – onde o ônibus que os levariam direto para embarcar no avião estava já esperando, havia muitas pessoas dando os seus últimos abraços em seus filhos e filhas fardados. Se a ocasião não destruísse o meu humor, poderia contar como o Adam fica ainda mais atraente usando a farda camuflada com o seu sobrenome junto ao peito e as sutis mudanças em sua expressão quando usa o uniforme do trabalho que faz com tanto orgulho, além do rosto de bebê que ficou depois de raspar a barba. Ele quis me matar quando fiz uma voz esganiçada ao chamá-lo de bebê e em um tom irritado retrucou dizendo que em menos de uma semana já voltaria a usar a barba, que aquilo era apenas uma formalidade deixada de lado em solo estrangeiro. Suspirei alto no momento em que o Adam estacionou a picape atrás de uma mini-van branca – muito comum para uma família com duas crianças ou mais – tirei o cinto de segurança e sai do carro com as pernas bambas, fechando a porta logo atrás de mim. Chloe e o seu pai fizeram o mesmo em seguida depois de ela lhe entregar a bolsa com os itens essenciais dos próximos meses.

Procurei entre as pessoas alguém do esquadrão, e não demorou muito para localizá-los perto da bagageira do ônibus, conversavam entre si com certa melancolia abraçados aos seus pares. Meus olhos marejaram ao ver Chloe praticamente correr até o Evan e o abraçar com força, ao mesmo tempo que os ombros tremiam se entregando as lágrimas. Vai ser difícil para ela.

Assim que Adam parou ao meu lado na calçada, abracei sua cintura com os dois braços e coloquei minha cabeça em seu peito largo, controlando para não soluçar feito um bebê.

- Quero que fique com a chave da picape e que a use quando preferir.

Um beijo carinhoso foi depositado na minha cabeça.

- Talvez a Chloe seja quem deva ficar com a chave... – ele me interrompeu.

- A Chloe odeia dirigir e eu não quero que vocês andem por aí sozinhas, então fique com a chave.

O senti colocar o molho de chaves no bolso traseiro da minha calça jeans e dar um tapinha discreto, me arrancando um sorriso.

- Prometo que vou tentar não fazer barbeiragem.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora