A LUZ NO FIM DO TÚNEL

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Paul Scott


Durante todos esses 4 anos trabalhando junto com Adam, consegui tapar a ferida com muitas missões e a companhia dos meus colegas, ajudando a esquecer a mulher que quase me levou a desgraça. A crise mais mortal de um fuzileiro. Que é ver a mulher que você se dedicou e amou a vida inteira transando com o melhor amigo, na mesa da SUA cozinha, em um maldito cômodo da sua maldita casa. Tive um autocontrole surreal quando vi aquela cena terrível, quando o desgraçado sorriu com prazer em minha direção e até então minha esposa nem se quer pediu desculpa, apenas culpou a minha profissão por ter pulado a cerca. Os dois mereciam um corretivo, mas resolvi apenas mandá-la embora, ficando ainda mais decepcionado ao ver que Julie não pensou duas vezes antes de juntar seus pertences e ir embora com o Michael, meu ex melhor amigo. Seria mentira se eu dissesse que a esqueci e virei à página. Lembrar daquela cena ainda me fazia muito mal! Como eu conseguia não pensar nisso sem estar no trabalho ou com os amigos?

Envergonhadamente admito que depois do divórcio tumultuado, passei a sair com vários tipos de mulheres e a maioria das vezes, não sabia ao menos o nome delas. Essa foi a forma que achei para superar o coração partido. Não é a ideal, no entanto, foi à única que serviu!

Fiquei aliviado nesses 3 anos e meio desde a separação, principalmente por ela não tentar entrar em contato e nem mesmo inventar de vir me visitar, pois Julie achava que traição era algo de ser rapidamente perdoado. Piranha.

Hoje seria um dia normal e tranquilo de trabalho, na verdade seria divertido ficar o dia inteiro no estande de tiro treinando. Admito que meu ponto forte sempre foi enfrentar alguém no mano a mano, porém, consegui desenvolver a habilidade de atirar. O tenente era o melhor entre os cinco: melhor em comandar, em atirar, tinha uma calma enorme em momentos de tensão e daria a vida por cada um dos seus homens. Muitas vezes o vi se sacrificar impedindo que levássemos um tiro. Por isso que torço que dê tudo certo entre Heather e ele, mesmo não acreditando mais no amor.

De costume, fazíamos o intervalo entre 3:30p.m. até às 4:30p.m. para dar um tempo ao Adam de buscar a filha e a namorada no colégio fora da base, depois voltaria para treinar o resto do dia. Evan dirigia o Hummer camuflado. O garoto é um ótimo piloto, já o tenente estava sentado ao lado dele e ordenara que seguíssemos até o refeitório. O novato assentiu concentrado.

Em menos de 5 minutos, o veículo estacionou em frente ao refeitório e descemos todos juntos após o motor ser desligado, por precaução tiramos a munição das armas de alto calibre antes de pôr os pés para fora dele. Ríamos de uma piada escrota de Brandon, então do nada, todos os cinco pararam de gargalhar abruptamente e olhavam para algum ponto em minhas costas, até vi Ruby ficar tensa.

Me virei e olhei para a tal pessoa, sentindo meu corpo tremer de raiva de imediato.

- Vai com calma, Paul! – ouvi Adam dizer um pouco antes da minha caminhada em direção aquele fantasma do meu passado.

Sim, era a maldita Julie, parada com os braços cruzados e com a maior cara-de-pau do mundo, achando que esse reencontro seria feliz para ambos.

Vi seu sorriso desaparecer ao perceber que eu não estava nem um pouco feliz e antes que abrisse a droga da sua boca, fui logo deixando claro meu descontentamento.

- O que você está fazendo aqui, Julie?

- Uau... Pensei que tivesse esquecido das coisas ruins do passado, Paul. – mexeu no cabelo como sempre costumava fazer quando estava nervosa – Nunca foi o tipo de homem que guarda rancor!

Ri com ironia da opinião sobre a minha antiga personalidade.

- Mudei muito depois de ver a mulher que eu amava trepando com um ex melhor amigo e para piorar, em cima da mesa da minha cozinha. Onde fazíamos todas as refeições!

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora