ESPERANÇA RENOVADA

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Vou definir a minha semana em poucas palavras: Depressiva e desoladora, a pior da minha vida.

Após a conversa que tive com o Adam, onde pedi uma semana para pensar, decidi não aparecer na escola durante esse tempo e assim não foi preciso encarar a minha ex melhor amiga, muito menos sentir mais culpa. Necessitou mais de uma hora de argumentos até que meus pais se convencessem de que não haveria mal algum de faltar as aulas por alguns dias.

Serei eternamente grata a Tia Helen, que permitiu que me hospedasse no seu apartamento, e ao seu maravilhoso namorado, o meu grande amigo John. Ele prometeu que não contaria ao tenente sobre o meu paradeiro e todos os dias me contou sobre o estado do mesmo, que se resumia a querer tirar o couro do esquadrão. Confesso que se pudesse descarregar toda a minha raiva em alguém, certamente eu faria. Porém, sou consciente de que todos esses obstáculos poderiam terem sidos evitados, só bastava ter contado à Chloe desde o início.

Só isso e as coisas estariam muito menos complicadas. Tentei dia após dia não chorar muito, não me culpar mais ou sofrer mais, todo o esforço tem sido frustrado quando tudo recordava o Adam.

Fico me perguntando como a tia Helen e o John conseguem aguentar uma companhia tão triste quanto a minha, especialmente no momento em que ela prepara o jantar. A sua expressão satisfeita era tão semelhante a do tenente enquanto preparava seus jantares especiais. Quanta saudade de você, tenente O'Donnell!

É tão divertido ver os pombinhos, vulgo John e Helen, preparando o jantar com aventais iguais. Ou melhor, a minha tia quem preparava e o namorado só atrapalhava, pois o coitadinho não consegue nem cortar os ingredientes como era pedido. Cada bronca levada, o via revirar os olhos impaciente e fazer uma careta quando a "chef" não estava olhando, atitude digna de uma criança de 5 anos de idade.

Para evitar uma possível discussão, resolvi me pôr de pé e tomar o lugar do John, dizendo:

- Por que não vai assistir TV? Acho que está passando o jogo entre o Red Sox e os Yankees...

Não foi necessário terminar a frase, agindo feito um viciado por baseball e o jogo de hoje sendo um clássico, praticamente correu para frente da televisão depois de me entregar o avental.

- E eu pensando que seria trocada apenas pela carreira. Como eu sou ingênua! – tia Helen comentou bem-humorada.

Dei um meio sorriso ao erguer as sobrancelhas em sua direção.

- Algo me diz que você nem se importa com isso ou estou errada, tia?

- Pois está absolutamente certa – olhou em direção ao homem com os olhos quase grudados na TV – O John é tão...

- John?

Balançou a cabeça ao ouvir-me completar a sua frase com um sorriso apaixonado.

- Tudo vem acontecendo tão rápido e agora não sei se conseguirei ficar longe dele, então estou pensando em transferir meu trabalho para mais perto daqui.

Paralisei diante da sua revelação e encarei seu rosto sem nenhuma imperfeição, sentindo vontade de rir por encontrar uma expressão culpada nele. Feito uma adolescente de 15 anos confessando sua paixão pelo garoto mais bonito da sala.

- Isso é sério? Já contou para o John?

Negou com a cabeça de novo.

- Vou esperar para contar depois que encerrar o julgamento do meu atual caso e estiver legalmente transferida. – respirou fundo – Será que ele vai gostar da surpresa?

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora