CAPÍTULO BÔNUS: DECLARANDO-SE CULPADA

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Heather

A única folha de papel entre as minhas mãos parece pesar quase 5 kg, a notícia que ela carrega parece pesar mais 20 ou quem sabe mais 50. Quando tive a ideia de parar com o anticoncepcional, não soou como algo tão errado, afinal, não imaginara que engravidaria tão rápido assim. Pois, segundo muitos relatos e sites que pesquisei na internet longe do meu curioso esposo, havia possibilidades da mulher ter um pouco de dificuldade para engravidar do seu primeiro filho. Entretanto, ao que parece não pertenço a essa pequena porcentagem graças ao meu marido, que continua mais insaciável do que nunca.

Sei que o Adam não vai surtar ou me expulsar de casa por ter escondido dele sobre a decisão de não tomar mais os comprimidos, assim como a gravidez em si, mas me sinto culpada pela sua preocupação diante dos enjôos freqüentes, o sono fora de hora e algumas tonturas, principalmente por Adam ter certeza que era apenas uma virose atacando toda a cidade. Me sinto culpada por todas as vezes em que ele fez sopa e trouxe para a cama, insistindo para que não saísse dela por um tempo. Como não poderia me sentir culpada diante de tanto cuidado e até certa ingenuidade?

O remorso foi tão grande que agora estou parada no batente da porta, com os olhos fixos na porta dos fundos da nossa cozinha, esperando que o monumento chegasse da sua corrida matinal e enquanto prepara a sua vitamina, vou contar para ele a grande notícia. Fiquei contente por Chloe ter ido passar a noite na casa do seu mais recente noivo Evan Garcia, com total permissão do pai – uma liberdade que a mesma passou a ter assim que fez alguns meses de faculdade e voltara para casa com o objetivo de ser independente. A diabinha de olhos sempre será a menina do papai, mas Adam também não deixa de enxergá-la como adulta. E o surpreendente foi que ele se deu conta disso sozinho, nem esperou para ouvir um sermão básico que aprendi com o meu pai.

Senti meu ventre gelar ao ouvir o barulho da maçaneta sendo girada e em seguida a porta abriu, seu corpo grande e forte passando por ela me impediu de ver o quintal dos fundos. Corei no momento em que meus olhos toparam com o seu peito nu, suas coxas grudadas ao tecido do calção de corrida, suas bochechas coradas pelo esforço físico e os seus braços que haviam crescido um pouco no último mês. Um belo resultado da academia que está freqüentando com o esquadrão.

Receosa de que notasse meu nervosismo, encarei o chão enquanto arranca o IPod da braçadeira e o coloca sobre a bancada, sem desviar seus lindos olhos verdes da minha direção.

- Você foi a algum lugar mais cedo, amor? Está tão arrumada...

Ele já estava acostumado a me ver com o cabelo despenteado, usando camisola e o seu roupão cinza por cima a essa hora da manhã, pois sabe que costumo fugir da cama para escrever de madrugada.

- Consegui dormir a noite inteira, então isso é resultado de uma noite bem dormida. Respondi alisando o tecido do vestido e passando as mãos pelo meu cabelo.

- Admito que achei estranho você não me acordar com algum xingamento por ter batido o pé na mesinha de cabeceira. – riu ao piscar de maneira charmosa – Quer tomar vitamina comigo?

Balancei a cabeça de um lado para o outro, enquanto reprimo a vontade de pôr a mão na boca com nojo e acariciar a barriga, algo que passei a fazer com freuüência desde que li o resultado do exame. Preciso me controlar. O Adam não pode descobrir antes que eu fale.

Com o corpo úmido de suor por causa da corrida, acompanhei com os olhos ele andar pela espaçosa cozinha à procura dos ingredientes para fazer a sua vitamina e quando percebeu minha mudez anormal, o seu olhar veio direto de encontro ao meu. Ainda parada no batente da porta de braços cruzados, sorri ao ver sua aliança brilhar ao levar sua mão esquerda para mexer o cabelo. A jóia carrega o meu nome.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora