SAUDADE E INTOLERÂNCIA SÃO PÉSSIMAS COMPANHEIRAS

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Adam O'Donnell

Havia feito planos para uma noite perfeita e cheia de revelações, preparado para agir com rapidez em caso da minha filha surtar de repente. Chloe O'Donnell sempre gosta de surpreender e soltar seu gritinho escandaloso, então poderia esperar qualquer reação do ex pingo de gente, que costumava me acordar desta forma todos os dias às 5 da manhã com apenas 4 anos de idade. Pode-se dizer que desde pequena já era muito inquieta. O grande problema que pôs um fim definitivo no meu plano, foi Chloe ter pego a porcaria do meu celular enquanto estava no banho e sumir durante aproximadamente meia hora, me fazendo acreditar que eu tinha perdido o maldito telefone. Durante o tempo do seu sumiço, revezei entre preparar o jantar e procurar o aparelho, porém com a segunda tarefa não obtive êxito.

Senti um clima estranho no momento em que a minha filha chegou em casa e na sua expressão havia algo diferente, no entanto ela apenas avisou que Heather não viria ao jantar e me entregou o celular. É óbvio que aguardei uma explosão ou uma acusação, afinal o que diabos ela fazia com a porra do meu celular? Nenhuma das duas opções aconteceu, Chloe apenas disse com maior a cara de pau que havia confundido o celular com o dela e o otário aqui acreditou.

Permaneci no mesmo lugar e na mesma posição, olhando para o espaço vazio na calçada, onde minutos atrás estava a picape de John. Não sei como controlei a vontade de arrastar a Heather para dentro de casa e dizer a minha filha que o temos não é um caso, muito menos a droga de sexo casual. Eu amo ela, porra. Acho que é motivo suficiente para que entenda e quer saber... Ela ia saber disso agora mesmo!

Respirei fundo procurando ficar calmo, tentando me preparar para a semana longa que teria sem poder ligar ou ver a minha garota. Infelizmente era a única opção, pois, ou eu dava um tempo ou terminávamos ali. No fim das contas, acabar com a relação que lutamos e brigamos tanto para ter, não está e jamais estará entre as opções.

Buscando mais um pouco de equilíbrio, respirei fundo algumas vezes antes de adentrar na casa que tem sido minha durante os últimos meses, me sentindo pela primeira vez um estranho ali dentro. A causa é óbvia. A falta da Heather se fez presente cedo demais. Já sinto pena do esquadrão nos treinamentos dos dias seguintes. Se ferrar com os meus colegas for a única forme de impedir que eu enlouqueça de vez, então iria ser assim que as coisas ocorreriam. Subi os degraus da escada, sentindo como se cerca de 10 kg fossem colocados em meus ombros ao pisar em cada um deles e a vontade de rugir com raiva era tentadora, porém reprimi o impulso.

Toquei na maçaneta da porta do quarto da minha filha e sem cerimônia alguma a abri, no exato momento em que ela jogava o telefone na cama com ódio.

- Precisamos conversar, Chloe. – fui direto, fazendo seus olhos azuis cruzarem com os meus.

Naqueles olhos que tanto penso quando estou fora do país em missão, havia uma mistura de sentimentos. Rancor, raiva, tristeza, decepção e mais uma lista interminável de sentimentos ruins.

- O que quer? Contar que estava trepando com a minha melhor amiga desde que voltou da missão? – sorriu com ironia – Já sei de tudo isso, papai!

Esfreguei o rosto cansado e irritado por toda essa situação.

- Não vou aturar que use esse termo comigo.

- Qual termo aceita então, tenente O'Donnell? Fazendo sexo, trepando, fodendo ou fazendo amor? – caçoou com grosseria – Sem dúvida o último não se encaixa com vocês.

Fechei a porta com força desnecessária, causando um estrondo que ecoou pelo quarto com paredes cor de rosa e fez Chloe pular de susto.

- Vamos deixar claro que continuo sendo o seu pai e exijo respeito, então é melhor esclarecer algumas coisas que aparentemente foram muito mal interpretadas.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora