FELIZMENTE, O TEMPO PASSA

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Heather

Os três primeiros meses foram difíceis sem os abraços, os beijos, os momentos de mal humor de Adam e houve horas em que passou pela minha cabeça desistir, principalmente quando tentava imaginar o que o monumento estaria fazendo no momento. Eu não queria me tornar viúva sem ao menos ter casado, ter tido uma vida conjugal ainda, muito menos o que ele sente por mim desaparecesse. Sim, a insegurança vivia escondida dentro de mim e num momento de fraqueza, ela retornava com força total. Afinal, eu continuo sendo uma garota de 18 anos, recém-formada no colegial e cheia de dúvidas sobre o seu futuro profissional. Quando essas dúvidas surgiam e me atormentavam durante os dias em que o Adam estava incomunicável, sempre buscava refúgio nos braços das pessoas que tornavam a sua ausência menos dolorosa. Chloe, tia Helen, Eileen, meus pais e agora Lucy, que havia se convertido em uma grande amiga minha, embora tenhamos contato apenas virtualmente. É óbvio que pensa que deixei de lado a minha missão cupido. Ela nunca esteve tão errada em toda a sua vida.

Todas as vezes que eu tentei introduzir o nome de Brandon após a minha lição de inglês, Lucy fazia uma careta e resmungava algo sem importância antes de mudar bruscamente de assunto. Um detalhe que realmente estava atiçando a minha curiosidade é aquela aliança pendurada em torno de seu pescoço. Se ela já não sentia nada por ele, porque diabo havia a guardado?

Não é do meu feitio forçar o assunto para conversar sobre o meu amigo, entretanto hoje me sentia tão inquieta, que acabei soltando a pergunta entalada na minha garganta.

-  Por que ainda tem a aliança? Por que não deixou para trás quando foi embora?

A pergunta a pegou desprevenida e atingiu um ponto que não sei se ela seria capaz de enfrentar.

- Heather, o que você...

Fui logo a interrompendo, tentando me desculpar por aquele surto de falta de tato.

- Desculpa por ter sido grossa, Lucy! Por favor, me desculpa! – mordi o lábio inferior – É que essa semana tem sido difícil para mim e isso faz com que a minha mente não filtre os pensamentos, ou seja, não tenho controle do que posso ou não dizer.

Esperei por um xingamento com os olhos voltados para as minhas mãos, mas ele não veio e isso me fez erguer o olhar de volta para o seu rosto. Um pouco do choque de ser forçada a enfrentar um assunto inacabado havia sumido e não sei se não passou de apenas uma impressão minha, porém, em seu rosto possui uma expressão pensativa. Como se cogitasse a ideia de falar sobre o assunto.

- Mesmo depois da sua semana melhorar, essa questão ainda vai permanecer na sua cabeça e te atormentar, não é?

Balancei a cabeça assentindo antes de soltar um suspiro.

- Nunca fui desse jeito, quer dizer, nunca fui tão intrometida assim em toda a minha vida. Depois que conheci o Adam venho descobrindo algumas coisas sobre mim mesma e impulsos dos quais não tenho nenhum controle. Sinto muito, de verdade.

O silêncio predominou por longos e dolorosos minutos, aumentando ainda mais o meu desconforto, além da enorme culpa que começou a pesar em meus ombros. Só porque estou em um momento quase depressivo, não significa que devo trazer as minhas amigas para esse estado que quase implora por um pouco de pena, por um pouco de conforto. A voz suave e doce de Lucy interrompeu a linha de raciocínio:

- Parece loucura, mas neste momento sinto que se eu me abrir e falar durante alguns minutos sobre o motivo de ter a aliança, não vai apenas lhe fazer bem, talvez vá fazer um bem danado a mim! – levantei os olhos para encará-la – Talvez eu devesse ter conversado sobre isso há muito tempo, entretanto ao que parece, consigo esconder todo o meu rancor com o meu rotineiro bom humor entre os meus colegas.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora