SIM

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Heather

Nem por um instante imaginei que me sentiria nervosa por estar sozinha em casa com o Adam depois de tanto tempo. Mesmo que tenhamos nos falado milhões de vezes pelo Skype, mensagens e-mail e telefone, ainda é uma situação estranha. O meu cabelo está mais comprido e o meu corpo mais volumoso do que da última vez em que o vira, algo que provavelmente seria motivo de acanho quando estivéssemos entre quatro paredes. Talvez seja uma grande besteira ter receio, mas tudo muda no momento em que um casal fica tanto tempo longe um do outro. Papai sempre diz que nenhum homem volta do mesmo jeito após ver o horror e sentir a tensão de estar em meio a uma guerra, então, por mais que o monumento seja um homem correto, há coisas que ele guardara para si e o perturbará quando eu não estiver olhando. Como resolver isso? Segundo o melhor conselheiro do mundo – conhecido como James Carter – devo conversar sobre os últimos meses com ele assim que for possível. Sentar e conversar é uma ótima maneira para resolver as coisas.

Okay, acho que tenho passado tempo demais com o papai!

Entramos em casa em silêncio, Adam largou as bolsas perto do sofá e não olhou para o seu lar com atenção como esperei que fizesse, tampouco parecia contente em estar ali. No fundo, sua mente continua com o Brandon no hospital. Mexeu no cabelo ainda parado no meio da sala, olhou na minha direção em seguida e perguntou:

- Tem cerveja na geladeira?

Resquícios da conversa que tive com a mãe do Adam sobre problemas com bebidas alcoólicas vieram à mente.

- Sobrou um fardo da noite das meninas.

Vi-o erguer as sobrancelhas de maneira divertida.

- Todas ficaram bêbadas? – soltou uma risada – Gostaria de ter visto!

Me aproximei dele rindo ao lembrar das besteiras que cada uma disse na noite anterior.

- Exceto Chloe e eu, confesso que não sei como Zoe, Eileen e a tia Helen não tenham sofrido com uma enxaqueca até agora.

Adam pôs o braço em torno da minha cintura e beijou a minha testa, enquanto o abraço de volta. Deixei que a cabeça ficasse apoiada em seu peitoral, sentindo-o acariciar o meu cabelo desde o topo da cabeça até as pontas, repetindo o movimento várias vezes. Infelizmente o contato durou pouco tempo e logo ele caminhou para a cozinha para pegar a sua desejada cerveja, me deixando parada no meio da sala sendo devorada pelo nervosismo. Durante meses fantasiei uma chegada dele com direito a beijos intensos, fogos de artifícios, uma noite regada a sexo calmo, rápido, quente e selvagem, então mais fogos de artifícios. Nada de mais, apenas o básico para o início dos longos meses desfrutando da sua companhia.

Respirei fundo antes de ir atrás dele, obstinada a tentar conversar com o monumento sobre os acontecimentos dos últimos dias e o que estava tirando a sua tranquilidade, mesmo que surte diante de um questionamento. Parei no batente da porta, observando-o se sentar no balcão ao lado da pia enquanto toma um grande gole da sua budweiser, com aquela mesma expressão pensativa, mostrando de maneira clara que a mente se encontra a quilômetros de distância daqui. Fiquei parada de braços cruzados no mesmo lugar, me permitindo admirar esse homem vestindo o uniforme camuflado, os cabelos que não corta há algum tempo e a barba espessa, dando-lhe um charme a mais.

Quando ele percebeu que não estava sozinho, vi que forçou um sorriso na minha direção e se controlou para não entregar o que lhe incomodava, numa tentativa frustrada de camuflar o que de fato sente. Tarde demais, querido, tentou tarde demais.

- O que está te incomodando?

A pergunta o fez hesitar antes de dar outro gole na cerveja.

- Nada.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora