CAPÍTULO BÔNUS: O HOMEM SEXY DA BIBLIOTECA

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Heather

Solidão é a última coisa que pensei em sofrer nessa nova fase da minha vida, mas bastou pouco menos de um mês para sentir saudade da Chloe a todo instante. Sentia falta da sua animação durante o café da manhã, do modo como me abraçava e beijava seu pai quando notava que ambos não estavam tão animados assim. Sentia falta das horas que a mesma me mantinha trancada no quarto para contar sobre os momentos quentes com o Evan, das vezes em que tapou os ouvidos ao me ouvir soltar sem querer um comentário sobre o desempenho do Adam e os abraços que eu recebia após fazer um favor para ela. Obviamente a companhia do meu futuro marido supri grande parte dessa saudade. Isso incluí ganhar cafuné no fim da noite, sentados na cama dela.

No entanto a solidão me domina durante o trabalho – embora já tenham contratado uma substituta – onde o tédio passou a consumir meus dias e a alegria só aparece no momento em que recebo uma mensagem sua. Surpreendentemente, Adam lidou muito bem com a mudança da filha, assim como o Evan, que todo dia em que consegue uma folga, corre para os braços da amada. E o mais surpreendente que isso? Tenente O'Donnell não aparenta se importar nem um pouco com isso. Um grande alívio para mim, afinal, não conseguiria afastar as mãos fortes e pesadas do monumento agarradas em torno do pescoço do príncipe da diabinha de olhos azuis.

Concentrada na tarefa de fazer a lista de pessoas que passaram do prazo de devolução de livros, ouvi o barulho dos sapatos de salto grosso da Daisy indo e vindo, ao mesmo tempo em que canta baixinho uma música da Beyoncé. Para a minha total infelicidade, a nova contratada possui manias que não condizem com o meu modo de ser. Usa muita maquiagem e roupas que não devia escolher para usar no trabalho, além de flertar com qualquer pessoa que tenha um pênis e esteja disposto a pagar um jantar. Tudo o que sonhei em uma colega de trabalho.

Ela até tentou saber mais da minha vida pessoal, mas impus um limite para a nossa relação, pois tive a certeza que só arranjaria dor de cabeça convidando-a para entrar na minha casa e principalmente... Não quero que ela coloque os olhos em cima do meu homem. Não mesmo.

- Wow! Eu teria muita vontade de trabalhar todos os dias se aparecessem homens como esse!

Já a ouvira falar a mesma coisa quando um adolescente esportista entrara na biblioteca usando o agasalho do time de futebol da escola, então não tive a mínima vontade de olhar para o seu novo sonho de consumo com uma tendência a pedofilia. Aposto que se trabalhasse sozinha, usaria as prateleiras mais escondidas como motel.

Parada no balcão ao meu lado, a senti se mexer inquieta e tamborilar os dedos na madeira, visivelmente insatisfeita com o seu alvo do dia.

- Eu não entendo.

Sempre que alguém solta um comentário desse tipo, é porque querem que lhe pergunte o que está errado e como fui a única pessoa que escutei, imaginei que gostaria que perguntasse.

- O que foi? – tentei fazer com que a minha voz soasse o mais gentil possível.

Mais movimentos inquietos e barulho dos dedos batendo contra o balcão.

- Ele entrou e foi direto para a mesa dos fundos, nem mesmo olhou para as placas indicando o gênero de cada corredor.

Mantendo os olhos nos papéis a minha frente, voltei a perguntar:

- Ele quem?

Soltou um suspiro exageradamente apaixonado.

- O homem mais sexy que já entrou nessa velha biblioteca.

Ignorei o arrepio na nuca que senti de repente, completamente obstinada a terminar logo a lista, ligar para cada um e torcer para que não demorasse muito para voltar para casa. Queria me jogar nos braços fortes e acolhedores do monumento, enquanto torço para que a saudade da Chloe fique menor no dia seguinte.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora