NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 3

13.2K 769 266
                                    

Adam O'Donnell

Agora estava mais do que claro, ser direto é um mal da família da minha garota e mesmo que eu esteja acostumado, ainda senti um pouco de receio ao ouvir, assim como responder a sua pergunta. Por quê? As coisas que passam por minha mente ao pensar na invasora são proibidas de compartilhar com outras pessoas, principalmente com o pai dela. Envolvem ela nua e uma cama, de preferência a minha. Foda-se se isso soa pervertido, mas não vou negar que também sinto falta dela nesse sentido.

Os olhos da Sra. Carter e da Helen estavam focados em mim, esperando que respondesse à pergunta do James. Devido à demora em receber o que queria, o sério e firme psiquiatra insistiu:

- Por que está demorando tanto? Não precisa pensar para ser sincero.

Se fosse um dos meus homens que tivesse dito isso e com uma postura superior, é provável que estaria descendo o braço nele neste instante.

- Apenas estou escolhendo o que posso ou não posso falar em voz alta, omitindo algumas coisas que nenhum pai gostaria de ouvir.

Juro que não era a intenção responder de modo desafiador ou para desestabilizar o homem sentando atrás da escrivaninha, somente fiz o que pediu. Fui sincero. No rosto de James agora tem uma expressão carrancuda enquanto cruzava os braços, sua esposa está parada bem ao lado com os lábios comprimidos, reprimindo um sorriso satisfeito diante da minha postura. Já a Helen estava boquiaberta, incrédula por eu estar sendo tão cara-de-pau e posso apostar que deseja que o seu irmão fique furioso, assim tornando as coisas mais difíceis para o meu lado. Tenho pena de John, porque se um dia aquela criança em um corpo de adulto resolver aprontar e a mulher dele descobrir... Diga adeus a sua carreira, a sua vida, a sua dignidade e ao seu pênis, porque ela é capaz de acabar com tudo sem dó alguma. Pobre John.

- Admiro sua desinibição, tenente O'Donnell!

Um sorriso brotou em meus lábios.

- Não se trata de desinibição, senhor, nem mesmo uma atitude corajosa. – coloquei as mãos no bolso da calça jeans – Tenho 35 anos e sou pai, o que me torna bem experiente para saber o que quero e não sentir medo de quase nada.

Descruzou os braços ao apoiar os antebraços na mesa a sua frente, um sorriso começou a brotar em meio a carranca e adotando mais uma vez a postura de um terapeuta louco para tirar todas as informações do seu paciente, inclusive os segredos. É estranho vê-lo ser uma mistura de pai enfurecido e psiquiatra que respeita as coisas ditas por mim. Mesmo que pareça transforma-me em um objeto de estudo científico, com o seu lado racional, ele não partiria logo em cometer um assassinato e isso realmente é uma ótima notícia, pois tenho a chance de dizer tudo o que quero.

- Então me diga o que quer e do que tem medo?

Aquilo estava virando uma verdadeira sessão de terapia. Percebendo que o nível da conversa não estava indo pelo lado que desejou e esperou, a tia da Heather revirou os olhos antes de se intrometer na conversa.

- Você seria um péssimo promotor ou policial com toda essa delicadeza, James.

Os olhos castanhos dele se focaram na irmã, sentada bem a sua frente e rosnou:

- Não se intrometa, Helen! – voltou a me encarar – Responda a minha pergunta, tenente.

Novamente o tom e a expressão adotada era digna de um psiquiatra que conseguiu reverter muitos quadros de PPST. Não necessitei pensar muito para responder a sua pergunta e nem senti medo de dizê-la, pois é algo que todos já estão cansados de saber.

- Eu quero a sua filha ao meu lado e tenho medo disso não acontecer antes que eu embarque daqui a 5 dias.

A dor da saudade apareceu de repente diante dos olhos castanhos analisadores, que notou de imediato a mudança brusca em meu semblante e isso fez uma ruga de preocupação surgir entre as sobrancelhas enquanto cruzou as mãos abaixo do queixo. Soltou um suspiro alto, claramente está pensando na sua próxima pergunta, também nas possibilidades de ficar mais preocupado ou não com a resposta que receberia. De uma certeza o James Carter já tem... Eu estou disposto a responder qualquer questão, seja na frente da sua esposa, irmã, filha ou até o próprio papa se quiser.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora