CONHECENDO A MINHA MELHOR AMIGA

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Lidar com as garotas da minha idade sempre foi um grande desafio e quando era mais nova cheguei a sofrer bullying por ser sempre a quietinha da turma, mas nunca derramei uma lágrima pelas pequenas humilhações sofridas. Era forte o suficiente pra aguentar qualquer problema!

Durante toda a infância e adolescência tive apenas uma amiga, Alison Collins, mas por causa da carreira militar do seu pai, teve que ir para o outro lado do mundo e dessa vez ela teve que ir junto. Foi difícil me acostumar à rotina sem poder escutar sua gargalhada escandalosa, nem sua mania louca de ficar rodopiando feito uma bailarina com seu par de all-star velhos ou quando passeávamos como jipe do "tio" Collins, e ela cismava de se pendurar na janela pra xingar alguma colega patricinha da classe.

Se as patricinhas se vingavam? Sempre que podiam faziam piadinhas, mas os caras do time de futebol continuavam a querer sair com a gente e sempre escutavam um grande "NÃO". Fizemos um pacto que jamais sairíamos com os caras populares, afinal, era quase certo ser chamada de vagabunda depois e nem era necessário dormir com o cara pra isso, afinal, os populares adoravam contar vantagens para todos. Típico de cafajestes!

Bem... Resumindo sobre a minha vida escolar é que não tenho uma melhor amiga, com quem fofocar ou rir das idiotices das patricinhas, apenas tinha a companhia dos colegas nerds da escola. Ainda ter que ignorar os olhares indiscretos deles!

Mas tudo mudou quando a professora de matemática anunciou que uma aluna nova acabara de chegar e que a apresentaria a turma, naquele momento já senti pena da novata, pois era um verdadeiro castigo pagar aquele mico no primeiro dia de aula.

- Entre e se apresente, Srta. O'Donnell! - pediu a professora sorridente.

Por segundos foquei a atenção no caderno a minha frente e não a vi entrar, mas ouvi os garotos sentados no fundo assoviando. Enquanto as garotas fofocavam, como sempre!

Levantei os olhos para a garota, me deparando com um belo par de olhos azuis, nariz arrebitado, sorriso delicado, cabelos naturalmente loiros num corte Chanel e um corpo esguio, além de ser mais alta que eu. Ela era um conjunto lindamente estranho em meio às garotas mal vestidas e vulgares da sala, a palavra elegância deveria ser seu sobrenome.

-Sou Chloe O'Donnell, tenho 17 anos e mudei para Jacksonville porque meu pai será transferido para cá quando voltar de missão, enquanto não retorna estou morando com a minha tia. - tocou o queixo e fez uma expressão pensativa - Odeio salada e amo batata frita! Não saio com jogadores de futebol e nem garotos que não saibam soletrar palavras como "heterossexual".

Reprimi o impulso de gargalhar alto apertando os lábios e esse movimento não passou despercebido por ela, pois passou a sorrir em minha direção.

- Okay, Srta. O'Donnell, apresentação mais original que já presenciei até hoje. - a professora apontou em minha direção - Seu lugar é ao lado da Srta. Carter. Já pode ir se sentar!

Chloe caminhou calmamente e sentou-se no lugar vago ao meu lado, logo estendendo a mão em minha direção.

- Prazer em conhecê-la, Carter.

Sorri com jeito firme ao dizer meu sobrenome.

- Me chame apenas de Heather.

- Heather... Gostei do seu nome, assim como seu cabelo. É natural? - perguntou tocando uma mecha.

O meu cabelo não tinha uma cor definitiva, na verdade sempre variava entre o castanho e o ruivo, então posso resumir que era a junção das duas cores.

- Acho que foi influenciado pelo parentesco irlandês por parte de mãe. O seu também é natural?

Tomei a liberdade de pegar uma mecha e aquele soou tão natural, como se nos conhecêssemos há anos.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora