BRAVURA & HONRA

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Adam O'Donnell

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Adam O'Donnell

A vida de uma pessoa normal é como uma caixinha de surpresas, mas a vida de um soldado é como estar sempre caminhando sobre um campo minado e a qualquer hora não só você pode pisar em uma mina, o cara ao seu lado pode fazer isso no seu lugar. O que torna tudo ainda mais difícil é o sacrifício de ficar longe da família. Afinal, aos longos dos meses, você passa a considerar os colegas da base como família também. Cada dia que recebemos a notícia de algum irmão de farda morto, sempre nos reunimos (todos os militares) na pista de pouso da base e dedicamos um minuto de silêncio para eles, desejando que retornem enfim para casa em paz.

Ser líder de uma equipe é um fardo e tanto para carregar, pois, é impossível você não se sentir culpado quando algo de ruim acontece. Eu senti isso na pele muito cedo, exatamente no meu primeiro ano como tenente e posso afirmar que uma das piores coisas que se pode acontecer – além da morte, é claro – é um colega ser sequestrado e você não poder fazer nada, apenas rezar para que esteja vivo quando o encontrasse. É uma dor de perda e culpa que não desejo sentir novamente.

Portanto, foi um verdadeiro alívio chegar no fim de mais uma convocação sem grandes problemas, somente algumas escoriações e torções, nada que realmente despertasse muito a minha preocupação. Hoje, segundo o meu superior avisara pela manhã, nós partiríamos para uma última operação e depois – se tudo desse certo – ganharíamos a nossa carona para casa. Preparar-nos para uma última operação, tendo em mente que estaríamos nos braços de quem amamos logo, foi revigorante e não houve nenhum clima de tensão.

Bem, todos estavam de bom humor até recebermos a notícia de mais uma baixa na base e ao ouvir o nome de um cara tão íntegro mexeu com as estruturas de todos.

- Quem, senhor? – pedi com calma, apesar da minha mente estar tumultuada.

Ver o comandante Doherty Benson visivelmente abalado, quando era conhecido por toda a base como "o homem de ferro" por causa do seu semblante ausente de qualquer expressão de tristeza ou felicidade, me deixara extremamente preocupado. Ele demorara em nos dar a resposta, parado em torno da mesa onde o mapa tinha sido estendido para sermos orientados sobre qual caminho seguir, quais códigos e qual o tempo médio que chegariam se precisássemos de apoio.

-  O soldado Sebastian McCann, Adam.

Apoiei os cotovelos na mesa e abaixei a cabeça, ao mesmo tempo em que ouvia os lamentos da minha equipe e do restante das pessoas na sala.

- Como aconteceu?

Minha voz soou abafada.

- Um sniper passou pelo nosso radar e quando a equipe do McCann entrou em ação, o filho da mãe decidiu mostrar o seu talento nos nossos homens. Deu absolutamente tudo errado. – respondeu o comandante com pesar – Sinto muito tê-los avisado justamente agora, mas achei que vocês gostariam de saber.

- Obrigada, senhor.

Não precisa olhar para ele para saber que havia assentido, nem olhar para a minha equipe e saber que parte da animação por estar tão perto de voltarmos para casa tinha se desvanecido. Respirei fundo e voltei a erguer o tronco para encarar o meu superior, que tanto me ensinara nesses últimos anos.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora