UM ADEUS TEMPORÁRIO

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Não bastava ter perdido a minha melhor amiga? Não, ainda consegui estragar o encontro da tia Helen com o John e a forçar vir me resgatar daquele ambiente que continha tantas lembranças, nas quais eram impossíveis de enfrentar no momento. Desejava estar no colo do monumento, receber seu carinho e o apoio, porém já estava decidido que respeitaria o pedido da Chloe por algum tempo. Ou quem sabe para sempre. Talvez faça bem a minha sanidade quase perdida.

Por isso recorri ajuda a única pessoa que poderia me socorrer, que ainda trouxe uma ajuda extra. Reconheço que foi um alívio ver John atrás do volante quando entrei na picape, seu sorriso transmitia uma sensação tão acolhedora, aliviando o aperto no peito.

-Hey parceira. – disse enquanto a tia Helen se acomodava no banco ao seu lado.

Usei todo o autocontrole para reprimir as lágrimas.

-Hey John, desculpa por ter estragado o seu encontro!

O sorriso ampliou à medida que estendeu a mão na minha direção.

-Não estragou nada, Heather, então fique tranquila. – apertou minha mão com afeto – Para onde vamos? Direto para o hotel?

-Tenho que falar com o Adam primeiro...

Tia Helen me interrompeu com preocupação.

-Por que não telefone para ele avisando que irá passar a noite comigo? É muito melhor do que se arriscar e encontrar Chloe de cabeça quente.

-Adam irá me caçar se não for conversar cara a cara e a última coisa que quero que aconteça é ter uma discussão séria com ele também. – respondi sorrindo com melancolia.

John fez questão de apoiar a minha decisão, afinal, conhece o Adam tão bem quanto eu.

-Ela está certa, Helen. Deixar o tenente preocupado e furioso é a última coisa que você vai querer presenciar.

-Se vocês acham que é o melhor a fazer, então está bem.

O desconforto e receio eram notórios no rosto da bela Helen Carter, porém nada do que dissesse iria modificar a minha decisão. Estou com medo da reação do monumento após escutar tudo o treinei para falar assim que estiver em sua frente. Merda! A quem estou querendo enganar? Tem 99,9% de chance de Adam brigar comigo.

Durante o percurso até a base prendi a atenção na sincronia evidente entre o John e a tia Helen, como se houvesse um imã que os faziam se olhar no mesmo instante. Fora questão de dias para criarem essa intimidade, que muitos casais desconhecem mesmo depois de anos de relacionamento sério. Estou muito feliz pelos dois.

Engoli seco ao passarmos pelos portões da base naval, vendo o John ser cumprimentado pelos guardas da noite e em seguida ele acelerou em direção a residência que vem sido minha segunda casa nos últimos meses. Buscando tranquilidade, fechei os olhos e pensei na vovó Lily, imaginando-a me incentivando a continuar com o planejado. Instantes depois, voltei a abrir os olhos e respirei fundo ao avistar a alguns metros a casa de dois andares que tanto amo frequentar, onde moram duas pessoas que eu passei a amar sem reservas. Mas infelizmente e dolorosamente, as coisas teriam que mudar.

Lágrimas nublaram a minha visão no momento em que a picape foi estacionada na frente da casa e vi o Adam sentado no banco da varanda, olhando de modo aborrecido para o celular entre suas mãos. Provável que tentava ligar para o meu e como preferi deixá-lo desligado, já deve ter gravado uma centena de mensagens de voz.

-Quer que eu vá com você, Heather? – a pergunta veio de John.

Neguei com a cabeça junto com um sorriso forçado.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora