A HORA DA VERDADE

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Com o queixo erguido, caminhei até o sofá de couro e me sentei, cruzando as pernas demonstrando que eu agiria como adulta. O gesto só o fez olhar descaradamente para as minhas pernas. Quando percebeu que estava olhando demais, ergueu os olhos verdes e cruzou os braços, enquanto se escorava na parede as suas costas. Ele continuava a sorrir de modo vitorioso e muito, mais muito satisfeito. Sem conseguir me conter, revirei os olhos e não tinha intenção de ser engraçada, mas por algum motivo idiota, ele riu.

- Deixe de ser presunçoso e tire esse sorriso estúpido do rosto. – fui grosseira.

Adam sorriu mais ainda.

- Você deveria sorrir mais, Heather.

Foi minha vez de sorrir, só que com ironia.

- Mais uma de suas ordens? – ergui as sobrancelhas – Parece que nunca deixa de ser o tenente.

Meu corpo entrou em alerta quando o vi caminhar até a poltrona ao lado do sofá. Sentou-se apoiando os antebraços nas coxas, inclinando o tronco para frente e olhou em minha direção, com um sorriso provocador.

- Então odeia receber ordens?

Sua pergunta me fez rir de maneira irônica, porque soou como se aquela fosse à única divergência contra ele e definitivamente não chegava nem perto da lista infinita de coisas que odiava, em especial odiava o que ele me fazia sentir.

- Essa é apenas a primeira coisa que eu odeio em você, Adam...

- Oh! Essa doeu.

Sorri com perversidade.

- E vai doer ainda mais, O'Donnell.

Nos encarávamos com desafio, feito dois soldados inimigos esperando quem desse o primeiro tiro e quem sairia morto, em nosso caso não haveria mortos, no máximo teria "feridos" pelas palavras. Ou talvez mortos, porque Adam estava pedindo por isso!

Estar sob a mira do monumento era um pouco desconcertante e inquietante, me fazendo não pensar com clareza. Então resolvi ficar de pé.

Comecei a andar de um lado para o outro, tentando colocar minha cabeça em ordem e listar os tópicos que estariam em pauta naquela hora da verdade. Não sei ao certo quanto tempo fiquei apenas caminhando sem parar e sem dizer nenhuma palavra, apenas notava o quanto aquele silêncio incomodava o mandão sentando na poltrona.

- E então? É assim que acha que um adulto enfrenta seus problemas? – implicou ele – Pensei que pudesse fazer melhor, Heather!

O sangue ferveu na mesma hora, se fosse possível estaria cuspindo fogo e acabando com ele, então preferi por gritar com o monumento.

- Cala a boca, Adam! – apontei o dedo em sua direção, enquanto me aproximava perigosamente – Cala a droga da sua boca!

Okay, talvez eu estivesse alterada demais.

Não é nada fácil para alguém com um espírito livre feito eu, ser mandada e de certa forma humilhada por um cara que nem ao menos me conhecia direito, então fora questão de tempo para que eu explodisse.

Ele gritou em resposta.

- É exatamente isso que quero! Eu quero que pare de reprimir seus sentimentos, desejos e vontades, nem que seja para me agredir. Só quero que volte a ser a garota da festa!

No calor da discussão, Adam também havia se levantado, ficando frente a frente e estava tão perto que eu podia sentir sua respiração bater em meu rosto. Pelo fato de ser mais alto, tive que erguer a minha cabeça para olhar em seus olhos verdes ferozes, que estavam focados em meus lábios e foi o que me fez recuar um passo segundos depois, deixando um espaço seguro entre nós. Afinal, não ajudaria em nada me distrair com aquela boca e olhos maravilhosos!

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora