DESPERTANDO PARA A VIDA

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Heather

Recebemos uma mensagem da Chloe avisando que o grupo resolvera comer em algum lugar da cidade e depois cada um planejava ir para casa tomar um banho, descansar um pouco antes de voltarem para o hospital. Por um momento pensei que o Adam piraria ao pensar na sua filha sozinha na casa do Evan, mas acredito que a mente dele se encontra tão bagunçada e a preocupação com o Brandon ainda maior, que ele nem ao menos se preocupou com os perigos de deixar a filha e o genro sozinhos. O que foi algo ótimo, afinal, eu não quero brigar até entender que pode confiar no Evan e mais uma vez fazê-lo enxergar que existem coisas que nenhum pai pode impedir. É um ciclo natural. Ou ele aceita e confia nas decisões da Chloe, ou ele fica maluco!

Depois de tomarmos um banho e trocarmos o curativo do ferimento superficial no seu braço, nos vestimos para ir ao hospital, porque, para a nossa surpresa, já eram quase 6 horas da tarde e segundo o médico, era mais ou menos nesse horário que Brandon acordará. Nunca havia ficado tanto tempo assim, quase nove horas trancada no quarto com o Adam, fazendo as coisas mais prazerosas que um ser humano pode experimentar. Serei eternamente grata por Chloe ter ficado longe de casa – mesmo que tenha certeza que não foi nenhum sacrifício tão grande – e nenhum outro familiar ter interrompido nosso momento a dois. Estávamos precisando muito disso.

Quando saímos de casa para caminhar até o carro, estacionado em frente à garagem, rezei para que o vizinho não estivesse pela varanda e que não fizesse a besteira de me cumprimentar como costuma fazer desde que passou a ocupar a casa ao lado. Como o céu ainda não deu os primeiros sinais de que a noite se aproxima, muitas pessoas brincam com os seus filhos na grama da frente de casa e outras cortam a grama. E foi neste exato momento que presenciamos uma cena que nos livros poderia parecer um tanto quanto sexy, porém reproduzida na vida real, ficou pervertida.

O vizinho – que ainda não faço ideia de qual seja o seu nome – cortava a grama do quintal da frente vestindo apenas jeans gastos, deixando seu peito, abdômen e bíceps todos trabalhado nos músculos a mostra. Não é estranho ele estar aparando a relva e nem mesmo a música que toca no momento em que faz o trabalho, que basicamente diz para fazer amor como um homem e ele era o homem, um pegador de verdade. A parte estranha foi ver a Melissa o observando sem piscar um segundo do outro lado da rua, sentada no corrimão da varanda enquanto balança os pés, feito uma criança que se diverte com a apresentação do teatro na escola. Nós assistimos ela cantar junto justamente a parte onde o vocalista canta para que não o chamasse de gigolô e nem de Casanova, apenas que ligasse para ele se estivesse precisando de algo como fiz o dia inteiro.

Se eu soubesse um pouco mais do novo vizinho e o considerasse um amigo, provavelmente teria dado um jeito para jogar uma pedrinha ou o meu próprio sapato nele para que passasse a prestar atenção nas coisas que acontecem ao seu redor. O bobão estava tão concentrado na grama que não erguia a cabeça para cumprimentar os outros vizinhos e assim, não notava a bela mulher do outro lado da rua doida por um pouco de atenção. Todavia, isso não pareceu ser um problema para a desinibida Melissa Gregor, pois antes que pudesse comentar com o monumento sobre a lerdeza do pobre homem, ela pulou do corrimão e começou a andar em direção ao vizinho distraído.

- Esta é uma mulher que jamais precisaria de um empurrãozinho meu! – 'talvez um soco no meio da cara', completei em minha mente.

Um dos braços fortes do Adam foi colocado em torno de meus ombros.

- Jura? E por acaso algum dia você a ajudaria com um empurrãozinho?

Soltei uma gargalhada alta ao imaginar tal situação impossível de acontecer e respondi:

- É claro, Adam. Adoraria dar um empurrãozinho nela a beira de um precipício!

Foi a vez do monumento rir alto enquanto me leva até a porta do carona e feito um cavalheiro que não era, abriu a porta para que eu entrasse. Esperando que ele contornasse o carro e entrasse pela porta do motorista, voltei os meus olhos para a direção dos nossos vizinhos, encontrando-os no exato momento em que se cumprimentavam. Não foi um sem graça aperto de mão, mas sim um sutil beijinho no rosto e pelo modo como o sorriso dele ampliou, tenho certeza que ele não mediria esforços para levá-la pra cama.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora