O Pai da Minha Melhor Amiga

By fernandavs_

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Heather Carter tem 17 anos e recentemente terminou o relacionamento de 3 anos com Liam, pois, segundo ele não... More

PRÓLOGO
CONHECENDO A MINHA MELHOR AMIGA
DE TIO ELE NÃO TEM NADA!
SEJA BEM-VINDO DE VOLTA, MONUMENTO!
O PRIMEIRO ENCONTRO COM A EX PSICOPATA
MISSÃO: EVITAR E SER EVITADA PELO "TIO" O'DONNELL
O "MELHOR" PIOR LUGAR DA ARQUIBANCADA
CONFUSÃO E RISADAS NO JOGO DE BASEBALL
A VINGANÇA DE MAX
A HORA DA VERDADE
NOSSO SEGUNDO "ENCONTRO" - PARTE I
NOSSO SEGUNDO "ENCONTRO" - PARTE II
O PLANO DA CHLOE
A LUZ NO FIM DO TÚNEL
DESCOBRINDO O PODER SOBRE O ADAM
UMA NOITE PERFEITA - PARTE 1
UMA NOITE PERFEITA - PARTE 2
E OS PESADELOS SEMPRE VOLTAM
A FILHA DO TENENTE
A VIZINHA GOSTOSONA
A CHUVA, AS LÁGRIMAS E A COMPRESSA DE GELO
A VISITA SURPRESA
A ACUSAÇÃO E DESCOBRINDO UMA NOVA AMIGA
COLOCANDO UM FIM NO PASSADO
PLANEJANDO A FESTA DE ANIVERSÁRIO
LUTANDO BRAVAMENTE POR ELE
O GRANDE DIA - PARTE 1
O GRANDE DIA - PARTE 2 - OPERAÇÃO CUPIDO
O GRANDE DIA - PARTE 3 - A PROMESSA
ESPERANÇA PERDIDA E PLANOS FALHOS
O MELHOR DE MIM
UM ADEUS TEMPORÁRIO
SAUDADE E INTOLERÂNCIA SÃO PÉSSIMAS COMPANHEIRAS
DESCOBRINDO A VERDADE E ADMITINDO ERROS
ESPERANÇA RENOVADA
NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 1
NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 2
O RETORNO DA PAZ
CONHECENDO O SR. E A SRA. O'DONNELL
A CONVERSA FRANCA E O PEDIDO OFICIAL
HORA DE DORMIR
ENTRE OS LENÇÓIS
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 1
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 2 - O CLONE
A FORMATURA E A FESTA DO "ATÉ LOGO" - PARTE 3 - PERMANEÇAM SALVOS
DOLOROSA DESPEDIDA
A PROCURA DE LUCY
O CURSO À DISTÂNCIA
FELIZMENTE, O TEMPO PASSA
BRAVURA & HONRA
DECISÕES EXTREMAS
O RETORNO
SIM
COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ
DESPERTANDO PARA A VIDA
AMOR Á SEGUNDA VISTA
ANÚNCIO OFICIAL - PARTE 1
ANÚNCIO OFICIAL - PARTE 2
O PRIMEIRO NATAL
EPÍLOGO
CAPÍTULO BÔNUS: MINHA PRIMEIRA VEZ - PARTE 1
CAPÍTULO BÔNUS: MINHA PRIMEIRA VEZ - PARTE 2
CAPÍTULO BÔNUS: O LADO OBSCURO DO NATAL
CAPÍTULO BÔNUS: O HOMEM SEXY DA BIBLIOTECA
CAPÍTULO BÔNUS: O CASAMENTO
CAPÍTULO BÔNUS: DECLARANDO-SE CULPADA
CAPÍTULO BÔNUS: COISA DE ADULTO

NA MIRA DA FAMÍLIA CARTER - PARTE 3

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By fernandavs_

Adam O'Donnell

Agora estava mais do que claro, ser direto é um mal da família da minha garota e mesmo que eu esteja acostumado, ainda senti um pouco de receio ao ouvir, assim como responder a sua pergunta. Por quê? As coisas que passam por minha mente ao pensar na invasora são proibidas de compartilhar com outras pessoas, principalmente com o pai dela. Envolvem ela nua e uma cama, de preferência a minha. Foda-se se isso soa pervertido, mas não vou negar que também sinto falta dela nesse sentido.

Os olhos da Sra. Carter e da Helen estavam focados em mim, esperando que respondesse à pergunta do James. Devido à demora em receber o que queria, o sério e firme psiquiatra insistiu:

- Por que está demorando tanto? Não precisa pensar para ser sincero.

Se fosse um dos meus homens que tivesse dito isso e com uma postura superior, é provável que estaria descendo o braço nele neste instante.

- Apenas estou escolhendo o que posso ou não posso falar em voz alta, omitindo algumas coisas que nenhum pai gostaria de ouvir.

Juro que não era a intenção responder de modo desafiador ou para desestabilizar o homem sentando atrás da escrivaninha, somente fiz o que pediu. Fui sincero. No rosto de James agora tem uma expressão carrancuda enquanto cruzava os braços, sua esposa está parada bem ao lado com os lábios comprimidos, reprimindo um sorriso satisfeito diante da minha postura. Já a Helen estava boquiaberta, incrédula por eu estar sendo tão cara-de-pau e posso apostar que deseja que o seu irmão fique furioso, assim tornando as coisas mais difíceis para o meu lado. Tenho pena de John, porque se um dia aquela criança em um corpo de adulto resolver aprontar e a mulher dele descobrir... Diga adeus a sua carreira, a sua vida, a sua dignidade e ao seu pênis, porque ela é capaz de acabar com tudo sem dó alguma. Pobre John.

- Admiro sua desinibição, tenente O'Donnell!

Um sorriso brotou em meus lábios.

- Não se trata de desinibição, senhor, nem mesmo uma atitude corajosa. – coloquei as mãos no bolso da calça jeans – Tenho 35 anos e sou pai, o que me torna bem experiente para saber o que quero e não sentir medo de quase nada.

Descruzou os braços ao apoiar os antebraços na mesa a sua frente, um sorriso começou a brotar em meio a carranca e adotando mais uma vez a postura de um terapeuta louco para tirar todas as informações do seu paciente, inclusive os segredos. É estranho vê-lo ser uma mistura de pai enfurecido e psiquiatra que respeita as coisas ditas por mim. Mesmo que pareça transforma-me em um objeto de estudo científico, com o seu lado racional, ele não partiria logo em cometer um assassinato e isso realmente é uma ótima notícia, pois tenho a chance de dizer tudo o que quero.

- Então me diga o que quer e do que tem medo?

Aquilo estava virando uma verdadeira sessão de terapia. Percebendo que o nível da conversa não estava indo pelo lado que desejou e esperou, a tia da Heather revirou os olhos antes de se intrometer na conversa.

- Você seria um péssimo promotor ou policial com toda essa delicadeza, James.

Os olhos castanhos dele se focaram na irmã, sentada bem a sua frente e rosnou:

- Não se intrometa, Helen! – voltou a me encarar – Responda a minha pergunta, tenente.

Novamente o tom e a expressão adotada era digna de um psiquiatra que conseguiu reverter muitos quadros de PPST. Não necessitei pensar muito para responder a sua pergunta e nem senti medo de dizê-la, pois é algo que todos já estão cansados de saber.

- Eu quero a sua filha ao meu lado e tenho medo disso não acontecer antes que eu embarque daqui a 5 dias.

A dor da saudade apareceu de repente diante dos olhos castanhos analisadores, que notou de imediato a mudança brusca em meu semblante e isso fez uma ruga de preocupação surgir entre as sobrancelhas enquanto cruzou as mãos abaixo do queixo. Soltou um suspiro alto, claramente está pensando na sua próxima pergunta, também nas possibilidades de ficar mais preocupado ou não com a resposta que receberia. De uma certeza o James Carter já tem... Eu estou disposto a responder qualquer questão, seja na frente da sua esposa, irmã, filha ou até o próprio papa se quiser.

- Isso complica tudo... – sussurrou recebendo um aperto carinhoso no ombro da Sra. Carter.

Fiquei surpreso ao ouvir o seu resmungo.

- Complica tudo o quê, senhor?

Talvez não tenha o direito de questionar naquele momento, porém minha curiosidade foi maior, mesmo com o perigo de levar um murro pela ousadia. O lado bom é que já esperava uma reação semelhante, então felizmente não está entre os meus planos revidar ameaças verbais ou físicas. Permaneceria calmo para responder quaisquer fossem as perguntas, sejam absurdas ou não, como por exemplo sobre a nossa vida sexual. Sim, eu sou louco o suficiente para responder a isso.

Na face do pai da minha garota, há uma mistura de preocupação, cansaço e derrota, muito diferente do grande psiquiatra de minutos atrás. Em um tom baixo, respondeu:

- Você é tudo o que um pai teme para a sua única filha. Um homem de cabeça feita, vivido e corajoso ao ponto de vestir a farda pelo país, sabendo que é obrigado a deixar tudo para trás no período de 6 à 9 meses ou para sempre.

- É o só o que sei fazer desde jovem, senhor, não consigo ser mais nada além de soldado.

- Heather terá que se privar de muitas coisas para ficar com você e eu como um pai, devo zelar pelo bem dela, mesmo que um lado meu diga que devo confiar na decisão da mesma. – fez uma pausa para soltar outro suspiro alto – Temo que a minha filha não faça uma faculdade, nem viaje ou conheça o mundo como gostaria que fizesse, tenente O'Donnell!

Todos que me conhecem, inclusive a minha filha, também têm essa mesma preocupação e linha de raciocínio diante do nosso relacionamento. Acredito que seja por causa dos 17 anos de diferença entre nós e por causa da minha profissão, entretanto mentiria em dizer que isso me perturba, em vista que sempre tive como detalhes irrelevantes em comparação ao que senti desde a primeira vez que a beijei. Como já disse inúmeras vezes e para inúmeras pessoas, sei exatamente o que quero, independente do que estiver no meu caminho. Somente um detalhe me impediria de ir em busca disso, a pessoa não corresponder o que sinto, o que não é o caso com a Heather. Graças às forças divinas, ela é tão louca por mim tanto quanto sou por ela!

Obstinado a lhe deixar a par de tudo o que se referia ao relacionamento, primeiro iria acabar com todo aquele mito de que todo o militar era machista, que gosta da sua mulher cuidando apenas da casa e exclusiva para ele. De jeito nenhum. Eu posso ser um filho da mãe ciumento, chato e estressado, porém não vou impedir a invasora de fazer as suas escolhas de estudar o que quiser e onde quiser.

- Não sei de quem o senhor ouviu que vou proibi-la de estudar, viajar ou o que quer que ela queira, pois essa pessoa está muito enganada.

Mais uma vez a tia da Heather não conseguiu se conter e pôs toda a firmeza que usa em seu trabalho para ironizar o meu lado compreensivo.

- Jura que isso é verdade? Vai aceitar a Heather estudando em uma universidade que é lotada de rapazes em busca de garotas bonitas para namorar? Vai aceitar que ela faça viagens onde há uma porção de homens interessantes? – soltou uma risadinha – Estou namorando um fuzileiro e sei que não é assim que as coisas funcionam.

Cheguei à conclusão de que o papel da Helen nessa conversa é somente dificultar a porra da minha vida e incentivar a provar que realmente tenho boas intenções, contudo não consegui reprimir uma resposta para a sua ironia.

- Tenho certeza que John gosta de você o suficiente para se locomover para qualquer lugar que estivesse sem reclamar, Helen, e não exigiria que desistisse de tudo para acompanhá-lo, assim como não vou exigir isso da sua sobrinha.

Vi seus olhos se estreitarem na minha direção, enquanto a mulher ruiva ao lado do homem atrás da escrivaninha, que desejava arrancar as minhas tripas de frustração, começou a gargalhar como se estivesse em um show de comédia. Tanto eu quanto James e a Helen, olhamos para a carismática Sarah Carter. Há uma grande semelhança entre Heather e a mãe, em quase todos os quesitos, seja no físico ou psicológico, mas a maneira despreocupada de conversar sobre assuntos definidos como tabu é a principal. Algumas pessoas se assustam com isso, com certeza não faço parte desse pequeno grupo de pessoas. Esperamos o seu surto de riso terminar e antes que um dos dois (Helen e James) lhe perguntasse o motivo daquilo, a minha futura sogra fez questão de responder:

- Se isso é o que vocês chamam de intimidar ou tirar dele todas as informações possíveis, então não ensinaram a vocês o poder que uma pessoa que odeia conversas burocráticas tem. – Saiu de trás da mesa e caminhou até ficar ao meu lado, engatando seu braço no meu – A verdade é que o meu marido tratou de "consertar" a cabeça de soldados a vida inteira, então é compreensivo que ele tenha medo de que você pire com a Heather.

- O que? Eu jamais...

Sarah me interrompeu com um aperto carinhoso no braço.

- Conheço sua boa índole e como criou a Chloe com carinho, bem como sei que morre de ciúmes da Heather. Admiro você por não ter vindo até aqui em busca de permissão, pois está mais que claro que ficará ao lado da minha filha enquanto ela quiser e que merece uma punição por não tem vindo antes. Como eu sei disso? – olhou para o marido – Mesmo em circunstâncias diferentes, foi essa postura que o James adotou ao encarar o meu pai. Portanto me responda o que deveriam ter perguntado desde que entrou nessa sala. O que veio dizer, tenente Adam O'Donnell?

Foi impossível não sorrir agradecido para a Sarah, que sem dúvida mostrara para mim que aquela história de que a sogra é inimiga do genro é um verdadeiro mito. Ela voltou a ficar ao lado do marido, que a recebeu com um beijo e um abraço carinhoso, a Helen por sua vez, desfez a carranca na qual usou para me encarar. Meus pensamentos estavam tão descontrolados por perceber que a invasora e eu enfrentaríamos menos resistência do que esperávamos. Ou seja, apenas a Chloe era a resistência que sobrara nisso tudo.

Justo ela, a uma única pessoa com o poder de me irritar feito um batalhão inteiro.

Balancei a cabeça para afastar aquele pensamento, permitindo-me a ficar preocupado em uma outra hora. Agora é o momento de ser sincero e depois voltar para casa, sentar no sofá com o celular nas mãos e aguardar a invasora dar sinal de vida.

- Não posso prometer que não vou deixar o meu trabalho afetar minha mente, porque eu estaria mentindo e nem que não vou sentir ciúme da Heather estudando em uma sala cheia de rapazes querendo sair com ela. Provavelmente imaginar espancando cada um deles será uma terapia, jamais culparia a sua filha ou a machucaria por isso, nem mesmo por qualquer outro motivo. Eu a amo, senhor e senhora Carter, então mais uma vez eu digo... Eu quero ela e não vim até aqui pedir permissão para namorar. – James continuava com a expressão neutra, sem me dar pista do que sentia – Resolvi vir sem ela com o único propósito de pedir desculpas por não ter vindo conversar antes, de homem para homem e lhe dar carta branca se quiser quebrar a minha cara, mas já adianto que até em coma vou continuar querendo a sua filha.

Aguardei receber um xingamento, um sermão e até mesmo um soco, entretanto nunca pensei que veria um sorriso no rosto do homem à minha frente. Num gesto derrotado, ele esfregou o rosto enquanto solta um suspiro e voltou a descansar as mãos na mesa.

- O meu pior erro foi focar em você e esquecer de analisar a reação da minha filha diante da sua maneira intensa de olhá-la. – o sorriso se ampliou – Assim eu não teria ficado surpreso quando a sua filha foi até a minha casa e a Heather jogou a bomba de que corresponde os sentimentos que você sente por ela.

Fiz uma careta ao lembrar desse estressante dia.

- Se Chloe em algum momento foi desrespeitosa, peço perdão por ela e prometo que a farei também pedir desculpas por conta própria.

Como se estivesse mais relaxado, ele esticou os braços, alongando os membros, e quando retornou a endireitá-los trouxe sua esposa para mais perto de si. A mesma possui o mesmo sorriso acolhedor desde que entrou na sala da recepção, na verdade, ela sempre me tratara desta forma, antes ou depois de saber sobre o meu envolvimento com a sua única filha.

Passando o braço sobre os ombros largos do marido, Sarah comentou:

- Você fez um excelente trabalho criando a Chloe sozinho, Adam, ser pai e mãe ao mesmo tempo, inclusive nos momentos em que esteve distante.

Nunca fui acostumado a receber elogios que soassem como verdadeiros elogios, mais como xingamentos, afinal ninguém entenderia dessa forma se o elogio fosse seguido por palavras tipo "filho da mãe", "seu puto", "tenente do inferno" ou "filhotinho de capeta". É claro que a última parte do elogio não era dita cara a cara. Meus meios de chegar a um resultado positivo seja no trabalho ou na minha vida pessoal nem sempre agradou a todos que conheço, nem mesmo a minha própria família.

- Talvez o meu único erro foi mimá-la de mais! – resmunguei com cansaço.

- Essa birra da Chloe vai acabar logo, pode acreditar. – sorri ao ouvir o apoio da minha (quase) futura sogra.

De imediato pensei no estranho início do dia, onde a minha filha preparara o café-da-manhã e aparentava ser a Chloe de uma semana atrás, totalmente de bem com a vida. De bem com o mundo e o mais estranho, de bem comigo, o homem que ela jurara odiar pelo resto da sua vida. Ainda que digam que filhos não conseguem guardar mágoas dos seus pais, não consigo entender a mudança de comportamento da minha filha tão repentina.

Estava prestes a agradecer o apoio quando o celular começou a vibrar no meu bolso, não esperei que vibrasse pela segunda vez e fui logo atendendo sem olhar a identificação, torcendo para que fosse a invasora pedindo que eu a encontrasse. A decepção não poderia ser maior.

- Alô?

Minha voz soou afobada.

- Hey mano! Onde você está?

Um suspiro saiu sem querer ao não ouvir a voz que desejava.

- Ah, Zoe...

- Você tem outra irmã por acaso? – caçoou do outro lado da linha – Onde você está?

Logo captei um pouco de ansiedade no seu tom de voz e isso fora o suficiente para me deixar curioso.

- Estou ocupado, Zoe, portanto seja direta e me diga o que você quer.

- Quanta delicadeza de falar com a sua irmã, não?!

Certamente se eu não tivesse consciência de que tem uma pequena plateia presenciando a minha ligação e o quanto fiquei decepcionado por ser a minha irmã, é obvio que estaria sendo um ogro com a pequenina mulher de olhos claros do outro lado da linha. Zoe é a minha versão feminina, delicada e pequena, entretanto, tem um vocabulário bem extenso de palavrões feito o meu.

- Diga logo o que quer ou vou desligar o telefone agora mesmo! – sussurrei irritado.

Estreitei os olhos quando ela afastou o celular da orelha e pela mistura de vozes, posso afirmar que ela tagarelou com duas ou mais pessoas. Não demorou muito para que voltasse a me dar atenção.

- É que estamos na frente da sua casa e a Chloe não chegou ainda.

A interrompi tentando controlar o tom autoritário.

- Estamos? Quem diabos está com você?

Recebi uma surpreendente resposta rápida.

- Nossos pais estão aqui, Adam, eles vieram nos visitar e querem muito te ver agora.

Dessa vez não consegui evitar elevar o tom de voz ou escolher com cuidado o que dizer.

- Como é? – bufei com raiva – Porque não me avisaram nada?

Posso apostar que a Zoe estaria revirando os olhos neste momento e a mãe rindo pelo gesto da filha, já que conhecia por completo os filhos que criara com tanto amor. Isso não quer dizer que em todas as situações a minha irmã e eu resolvíamos tudo com calma, muito menos com educação. Agimos feito cão e gato.

- Você sabe que eles adoram fazer essas surpresas. Agora não tem como vir para a sua casa? Estamos há algum tempo esperando aqui na varanda e minha bunda está começando a ficar quadrada, portanto, venha para cá ou vai pagar uma massagem linfática! – ouvi alguém rindo ao fundo – É a parte que o Kyle mais gosta do meu corpo.

Uma ânsia de vômito atravessou meu corpo, porém, a reprimi com uma careta e querendo que a conversa acabasse antes dela começar a falar das suas posições preferidas do kamasutra, fui logo me despedindo.

- Ok, Zoe. Não precisa falar mais nada porque já estou indo para casa! Nos vemos daqui a pouco e dê um abraço nos dois por mim.

Terminei a ligação sem esperar a sua resposta, sentindo os três pares de olhos encarando-me com num misto de diversão e curiosidade. Minha única reação foi dar de ombros.

Em razão de continuar na presença deles, não permiti que a minha preocupação do real motivo dos meus pais aparecerem de surpresa me consumisse ou fizesse-me surtar, afinal de contas não desejava ser obrigado a desabafar com ninguém sobre o atual momento em que se encontra a minha vida.

- Algum problema, tenente?

A pergunta veio da Helen, que permaneceu no mesmo lugar desde que entrou no escritório.

- Meus pais fazendo uma visita surpresa...

- E isso é um problema? – interrompeu-me novamente a tia da invasora.

Ergui as sobrancelhas não crendo que ainda resta um pouco da postura ofensiva nela.

- Quando eles visitam com a única finalidade de saber sobre vida amorosa dos dois filhos, é um problema sim. – Guardei o celular no bolso – Infelizmente tenho que ir, senhor e senhora Carter.

A mãe da Heather quem falou primeiro.

- Tenho certeza que tudo ficou claro para todos dentro dessa sala, sinta-se livre para ir quando quiser e espero uma visita sua em breve.

Se aproximou de mim para dar um abraço maternal acolhedor, com aquele sorriso tão carinhoso que não largara seu rosto por um segundo e quase soltei um suspiro de alívio quando percebi que após de afastar, aquele sorriso ampliara. Virei-me então para o homem atrás da escrivaninha e assenti em sua direção, dizendo:

- Espero que eu tenha esclarecido tudo, senhor.

O vi soltar um suspiro antes de ficar de pé.

- De forma clara e direta, tenente, também espero uma visita sua muito em breve. – estendeu a mão – Fique preparado, pois se você magoar a minha filha, todos vamos cair matando em cima do senhor.

Me aproximei da mesa, ciente do olhar desafiador vindo da Helen ao lado, como se estivesse analisando cada gesto com a esperança de enxergar um pingo de covardia. E por fim, a desapontei por completo, porque apertei a mão do James Carter sem pestanejar. Olho no olho, como verdadeiros homens.

- Recado dado e entendido.

- Boa sorte com seus pais. – assim foi como ele se despediu.

Pensei me partir depois de um aperto de mão amigável na tia da Heather, entretanto nos contentamos com um inclinar de cabeça. Então, não sentindo mais aquele peso que por um tempo tirara a minha paz, caminhei até a porta da sala e quando pus a mão da maçaneta, ouvi a voz firme de James me chamando.

Oh droga! Por favor, que ele não tenha voltado atrás e resolveu colocar a filha em um internato da Suíça por causa de mim.

Não olhei para a sua direção em seguida, por meros segundos me preparei para ouvir uma tonelada de xingamentos e ofensas, além de ser chamado de tolo por acreditar que aceitariam tão bem como pareceu. Porque realmente fora fácil demais enfrentá-los, diferente se fosse eu quem estivesse no lugar do patriarca da família. Com certeza seria diferente se tivesse frente a frente com um cara que tivesse tido a minha postura com a minha idade. Evan Garcia não correu o perigo de enfrentar-me dessa maneira por ser um homem mais jovem, no seu auge dos 22 anos, responsável em um nível que não fui capaz de atingir e nunca escondeu seu interesse pela Chloe, apenas o camuflou durante o tempo em que a minha filha estava na fase "odeio meu pai". É claro que isso não me impediu de adicionar algumas horas a mais de treinamento que os outros. Aliás, o garoto aceitou sem reclamar!

Respirei fundo ao me voltar em direção ao dono daquela voz e falei:

- Sim?

Flagrei uma expressão curiosa em sua face.

- Antes de ir para casa encontrar os seus pais, me diga uma coisa... – fingiu limpar a garganta – Como você se comportaria se um homem de 35 anos, que está envolvido com a sua filha de 18 anos, fosse até a sua casa ou seu trabalho não para pedir permissão para namorar com a mesma, mas sim para deixar claro que vai ficar com ela independente da sua aprovação? Teria a calma, compreensão e paciência que tive em lidar com o senhor?

Um sorriso tomou conta do meu rosto tenso e balancei a cabeça negando, tal como tivesse contado uma piada engraçada.

- Eu estaria preso por agredir o filho da mãe que tivesse a ousadia de me enfrentar e ainda insistir em ficar com a Chloe mesmo sabendo que não apoio nada disso.

Algumas pessoas me chamariam de louco por ter dito isso ao invés de mentir, respondendo com toda aquela ladainha de que aceitaria o relacionamento e blá blá blá. Dane-se. Nasci desse jeito e vou morrer desse jeito, não tenho a mínima vergonha ou receio de dizer a verdade, ignorando a possibilidade de ofender a pessoa dirigida.

- Realmente aprecio a sua sinceridade. – murmurou mais para si mesmo do que para mim.

- E eu aprecio a de vocês... – acenei rapidamente – Até mais!

Abri a porta e sai da sala fechando-a logo atrás de mim, voltando a respirar um ar menos denso na sala da secretária. Por mais que eles tenham me tratado bem, ainda sim era um assunto um tanto que constrangedor em falar com três pessoas atentas a cada palavra, ponto e vírgula. Mas até que fui bem, certo?

Enquanto abria a outra porta a fim de chegar no corredor, pensei na ilustre visita surpresa dos meus pais e óbvio o motivo por trás dela. A minha vida amorosa. Zoe quem compartilhou o meu atual mal humor, o péssimo relacionamento com a minha filha e o meu isolamento desde que a Heather pediu o maldito tempo. Exato, não visitei a casa da minha irmã, Paul, John, Brandon, Ruby ou Evan. Minha rotina se limitou de casa para o trabalho e do trabalho para casa, inclusive depois de saber da convocação. O fato é que Meredith e Anthony O'Donnell vieram com o único propósito de me pôr contra a parede, fazendo-me já sentir uma porra de uma enxaqueca precoce. A conversa que tive com a família da invasora não seria nada comparada com a que irei ter com as pessoas maravilhosas que conheço por meu pai e minha mãe. Ambos são mestres em me fazer sentir feito uma criança e isso é perfeito para o momento. Oba! 

Olá, leitores! Tudo bem?

Como prometido, cá estou mais uma vez com um capítulo novo, com a conversa que tanto estava ansiosa para compartilhar com vocês. Nosso tenente conseguiu ser aprovado pelo papis da Heather e tudo graças a transparência que adotou na situação. <3

E a visita dos pais dele? Melhor hora para eles aparecerem, não é? (Risos)

E aí, o que acharam? Gostaram? Me contem tudinhoooo!

Beeeeeeeijos

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