Boa Leitura! ❤
“Se você não for inteligente o suficiente para driblar os obstáculos da vida, ela vai te espremer contra a parede e te derrotar, porque na vida ou você a vence ou ela te elimina do jogo e você se torna mais um entre os seres.” – Kajota Jhones
Jungkook P.O.V's
Sem dúvidas os últimos dois dias entraram para a lista dos piores da minha vida. Ainda que os advogados estivessem confiantes em me inocentar, no fundo sinto que estou prestes a sofrer alguma coisa. Não é a toa que perdi o sono nas últimas noites, passei madrugadas inteiras observando meu ômega dormir e lhe pedindo perdão por tudo que lhe fiz passar, mesmo que não tenha a mínima culpa em tudo isso. A verdade é que uma simples lágrima em seu rosto já é motivo para me deixar preocupado, ver Jimin sofrendo é tudo o que não quero nesta vida.
Passamos por muita coisa, ele claramente sofreu demais para alguém tão jovem. Vivenciei parte desta dor quando sua história foi exposta como motivo de orgulho por aquela garota, meses para se adaptar e voltar ao colégio, terapias e medicações que aos poucos foram lhe tirando a saúde. Por que agora que as coisas estavam no caminho certo o mundo se abalou? O nosso mundo foi abalado por pessoas e seu ódio gratuito, saber que a intenção desde o início era atingir Jimin me deixa ainda pior. Agi por despeito, enfrentei os cretinos por orgulho e em momento algum imaginei que as consequências cairiam sobre meu ômega.
Acho que errei em uma das lições do meu pai, isso acabou prejudicando as pessoas que mais amo.
Finalmente o dia da segunda audiência chegou, a decisão de meu futuro. Doutora Park veio até a casa de meu sogro acompanhada de seu chefe, o mais velho é quem comanda a equipe de advogados responsável por meu caso. Se mostraram confiantes, mas ainda assim não me senti seguro. Talvez tenha sido por presenciar as crises de choro de meu ômega, não quero mais ver aquelas lágrimas ali e por essa razão tenho medo de ser incriminado injustamente. Houve momentos durante a madrugada onde fiz uma pequena oração, nunca fui tão religioso, mas queria que Hyunjae ou algum ser celestial intercedesse por mim.
Foi suando frio e com as mãos trêmulas que acabei entrando no tribunal acompanhado de doutora Park. O promotor me encarou com o mesmo sorriso arrogante, alguém que sabe da verdade apesar de insistir na mentira por algum motivo pessoal. Jimin acompanhava tudo ao lado de meu pai, meu sogro e YooHee, é a alfa quem vem me ajudando a manter meu garoto o mais calmo possível, coisa que neste instante jamais conseguiria sozinhos.
– Todos de pé, a sessão irá começar. – Um oficial anunciou a entrada do juiz, apenas depois de sua autorização pudemos nos sentar novamente.
– Muito bem, podemos iniciar. – Disse o homem encarando o promotor. – Doutor Bae, a acusação tem algo para acrescentar?
– Não, meritíssimo. Apenas o que foi relatado na audiência anterior. – O promotor respondeu parecendo um pouco mais calmo.
– Confirmar a acusação de evasão fiscal e corrupção ativa? – O juiz voltou a questioná-lo ainda lhe dando a atenção.
– Sim, meritíssimo. – Insistiu ele em não dar mais opinião, afinal havia colocado parte de seus ideais a prova no primeiro confronto.
– A defesa tem algo a acrescentar? – Minha advogada se levantou arrumando as vestes. Diante do silêncio de todos era possível ouvir seu salto fino batendo assoalho daquela sala.
– Tenho duas testemunhas, meritíssimo. – Disse a ômega encarando todos da sala. – Se me permite, gostaria de chamar um a um e interrogá-los diante da corte.
– Mas isso é um ultraje. Isso é uma audiência de custódia, doutora. Acha que estamos em um programa televisivo? – O promotor se levantou deixando um tapa forte sobre a mesa.
– Qualquer ser humano e merece uma defesa, senhor promotor. – Ela o encarou de igual para igual. – Ou se esqueceu do que estudou nos anos dentro da universidade?
– Prossiga, doutora Park. – O juiz interveio apartando a discussão. – Chame a primeira testemunha.
– Senhor Choi Jaehyun. – O velho entrou confiante e se sentou ao lado do juiz logo fazendo o juramento de dizer apenas a verdade.
– Senhor Choi, está sob juramento. Tem consciência do que lhe implicaria mentir para a justiça, certo? – A mulher o questionou e no início pude perceber que ele havia ficado nervoso.
– Sim, doutora. – O velho respondeu me observando.
– Pode me dizer há quanto tempo conhece a família Jeon? – Doutora Park o andava de um lado para o outro, e isso parecia deixá-lo ainda mais nervoso.
– Hum... Vinte e cinco anos, mais ou menos. Comprei algumas ações quando senhor Jeon ainda era o presidente. Logo depois passou para seu filho. Houveram problemas e nesse intervalo Jeon voltou a presidência, assumida novamente por seu filho há cerca de seis meses. – Ele explicou calmamente.
– Sobre a troca recente no cargo mais alto da empresa. O que o senhor pensa sobre isso? – Ela tocou em um ponto muito delicado, o que deixou o velho aparentemente sem rumo.
– O atual presidente tem um bom histórico, apesar de ter abandonado a empresa há dezessete anos. – O alfa respondeu. – Isso acarretou uma onda de prejuízos, demoraram alguns anos para nos recuperar.
– Está se contradizendo, senhor Choi. Como ele pode ter um bom histórico se lhes deu prejuízo? – A mulher se aproximou o encarando. – Qual tipo de prejuízo tiveram há dezessete anos, senhor?
– O país havia acabado de sair de uma crise, doutora. Começamos a trazer o capital estrangeiro e do nada perdemos nossos maiores investidores por não ter uma direção executiva estável. – Senhor Choi explicou conseguindo a atenção dos demais. – Quando aquele garoto morreu, Jeon nos abandonou como se a empresa não tivesse importância.
– O que seus colegas acionista pensam sobre o novo diretor executivo? – Doutora Park o questionou tirando o foco de minha vida pessoal.
– Estão cegos. Desde que Jeon consegui o contrato com o grupo Min os investimentos alimentam a cada mês. – O velho me encarou com um sorriso suspeito. – Bem conveniente quando se está dormindo com o filho do sócio.
– Dobre sua língua para falar do meu ômega. – Perdi a razão socando a mesa e gritando com ele, é exatamente o que queriam.
– Viram como ele é agressivo? Isso não é a conduta de um bom administrador. – Apontou senhor Choi como se estivesse satisfeito pela provocação.
– Acalme seu cliente, doutora. – O juiz pediu então a advogada veio até mim.
– Não entre no jogo dele. – Disse ela me lançando um sorriso confiante antes de voltar para o centro da sala. – É por desaprovar essa conduta que sugeriu seu filho como um possível candidato ao cargo, senhor Choi?
– Eu não... – A euforia daquele homem teve fim quando a advogada lhe fez a pergunta certa.
– Talvez seu filho formado apenas no ensino complementar e uma ficha criminal extensa seja o melhor indicado para assumir o cargo. – Ela disse o encarando. – Poderia prepará-lo para concorrer ao cargo de presidente desta réplica, afinal seu garoto de ouro sabe mentir com ninguém.
– Protesto! Ela está induzindo a testemunha. – O promotor deu o grito como uma forma de protegê-lo.
– Doutora, exijo que mantenha o decoro. – Disse o juiz lhe cobrando uma conduta correta.
– Perdão, meritíssimo. – Doutora Park voltou a se sentar ao meu lado e encarar o homem a nossa frente. – Não tenho mais nenhuma pergunta para a testemunha.
O promotor teve um momento para fazer algumas perguntas ao senhor Choi, ambas em respeito a situação financeira e administrativa da empresa. Claro que o velho não perdeu tempo em alfinetar, no entanto, alguns pontos de sua resposta deixaram evidente sua falta de noção. Talvez me ver na cadeira dos réus lhe dê uma falsa posição de vitória, mas isso está bem longe de acabar. Como meu sogro disse: “Esteja vestido para a ocasião. Deixe doutora Park usar sua esperteza para punir os verdadeiros culpados.”. Agora entendi quando senhor Min disse que ela é uma das melhores.
Minutos depois senhor Choi foi dispensado, passou por mim com um sorriso tão grande por ter conseguido me tirar do sério, que nem sequer percebia que a barra estava ainda mais feia para seu lado. Óbvio, pessoa assim se apegam a vitórias temporárias, mas é aquilo vencer uma batalha não significa vencer a guerra. Então encarei meu garoto, vi Jimin abatido enquanto YooHee tentava acalmá-lo, entendo seu ponto de ansiedade e é por esse motivo que sugeri que ele ficasse em casa, obviamente foi negado. Ele disse em palavras duras que quer ficar ao meu lado o tempo todo, ser testemunha de que a justiça será feita.
– Doutora Park, chame a segunda testemunha. – O juiz lhe deu a ordem e assim foi feito. Segundos depois Choi Taeshin estava na cadeira ao lado do homem, fez o juramento, mas diferente de seu pai não aparentava estar nervoso.
– Senhor Choi, está sob juramento. Tem consciência do que lhe implicaria mentir para a justiça, certo? – Doutora Park entrou em ação, recebendo uma resposta positiva do mesmo. – Pode nos dizer sua ligação com o grupo Jeon?
– Meu pai é um dos acionistas, então me chamou para treinar com ele a fim de adquirir experiência para meu curso universitário. – De longe vi o sorriso da advogada aumentar.
– Achei que seu pai havia dito que você tem qualificação para assumir a presidência. Nos diga como isso é possível se seu nome não está vinculado a nenhuma instituição de ensino superior? – Foi o momento em que ele ficou realmente desconcertado.
– Eu... Eu estava na dúvidas sobre qual curso seguir, então me associei ao meu pai para conhecer melhor o mundo administrativo. – O alfa respondeu encarando suas mãos, sinal claro de desconforto.
– O senhor confirma o episódio onde ameaçou meu cliente dentro da sala dele? – Vi seus olhos se arregalarem com tal pergunta.
– Não. Nunca o ameacei. – Após essa resposta a advogada apresentou a filmagem do dia em que ele insistiu para ser atendido, quando o confrontei meses atrás. – Essas imagens foram manipuladas.
– Acredito que não, senhor Choi. – O juiz se pronunciou o deixando desconfortável. – Foram analisadas minuciosamente por peritos de inteira confiança.
– E o que tem a dizer sobre seu encontro com o promotor aqui presente? – A advogada voltou a expor as fotos onde eles conversavam tranquilamente em um café ou restaurante, não sabia como identificar.
– Negócios. – Ele respondeu da mesma forma que o tal doutor Bae.
– A verdade, senhor Choi. – Doutora Park o encarou profundamente.
– Eu fui o mediador de uma negociação. – Taeshin respondeu tentando se recompor.
– Para quem estava trabalhando naquele dia? – A mulher indagou o deixando amedrontado.
– Go... Go Yoseon e seu filho. – Finalmente as máscaras caíram. – Temos um acordo, eles... Eles ameaçaram minha mãe e...
– Cale a boca, seu moleque estúpido. – O promotor gritou conseguindo a atenção do juiz para si.
– Contenha-se, doutor Bae. – O homem gritou fazendo todos ficarem em silêncio. – Isso já é o suficiente. Serviu apenas para confirmar o que as provas apresentadas pela defesa deixaram claras.
– Meritíssimo, como ficará a situação de meu cliente? – Doutora Park indagou assim que viu o alfa se levantar.
– Peço um recesso de quinze minutos, retorno em alguns instantes. – Ele disse a todos da sala. – Oficial, não deixe que o promotor e as testemunhas saiam da sala.
– Sim, meritíssimo. – Ouvi quando o policial presente o respondeu.
Durante os quinze minutos pude ir até meu ômega e tentar acalmá-lo com um beijo, além de palavras de conforto obviamente. Meu sogro apenas dizia o quanto a jogada da defesa foi brilhante ao pressionar o elo mais fraco, no entanto, apesar de me sentir aliviado com toda essa sujeira exposta, além da comprovação do envolvimento daquela família de psicopatas, sentia como se aquele inferno estivesse apenas começando. Talvez muita coisa ainda esteja por vir, ou não teriam se dado ao trabalho de deixar evidências tão óbvias.
Quando o juiz retornou a sessão, ordenou que tantos as testemunhas quando o promotor fossem levados à delegacia para prestar esclarecimento. Obviamente houve resistência, o que fez com que dois deles saíssem algemados dali. A sessão de alívio foi ainda maior quando me inocentaram e disseram que todas as acusações serão retiradas imediatamente. Claro, precisei esperar por alguns minutos para os advogados pegarem os documentos necessários incluindo a cópia do processo que agora será contra todos os envolvidos. Do banco dos réus para a acusação, e se não tiveram piedade de mim, não esperem compaixão dos meus defensores.
– Vamos para nossa casa, meu bebê. – Disse recebendo o abraço mais caloroso e cheio de amor que eu tanto precisava.
Então Jimin chorou pelo alívio, não foi o único após dias lutando por essa resposta. Devo agradecer aos anjos por terem me ouvido, aos que me defenderam diante dos homens e acreditaram em minha inocência, e principalmente ao meu sogro e meu irmão pelo sangue frio que tiveram ao manter em sigilo a investigação com uma equipe capacidade de detetives. Como resposta imediata da justiça, todos os que estavam na lista que Yoongi me mostrou e tiveram seus nomes comprovados estão agora com o status de foragidos da justiça. A família Go teve imediatamente seu nome incluído na lista da Interpol, graças à sua mania de querer fugir do país.
– Senhor Jeon, tem sua vida de volta, acho que pode descansar tranquilo agora. – Doutora Park se aproximou me estendendo uma das mãos. – Minha equipe e eu iremos continuar no caso, não irei dormir enquanto um deles estiver a solta.
– Obrigado, doutora. – Agradeci ainda tendo Jimin abraçando ao meu corpo.
– Soube que seu ômega quer seguir carreira. – O mais novo então deu atenção a conversa. – Caso escolha o curso de direito, podemos estudar a possibilidade de um estágio em meu escritório futuramente.
– Está falando sério? – Vi os olhos do meu garoto brilharem ao encará-la.
– Nós ômegas precisamos conquistar mais espaço nessa sociedade autoritária, garoto. Será um prazer lhe transformar em um aprendiz. – A mais velha respondeu com um sorriso orgulhoso. – Soube que você tem talento para convencer as pessoas, isso é o dom básico para essa carreira. Mas não quero induzi-lo, escolha aquilo que lhe fará feliz futuramente.
– Sim, senhora. – Jimin lhe respondeu de forma confiante. – Obrigado, doutora Park.
– Bom, preciso ir. – A ômega disse encarando o relógio. – Entrem em contato se precisarem de algo.
Finalmente Jimin e eu pudemos ir para nosso apartamento, meu sogro até nos chamou para comemoramos em um restaurante, mas depois de tantos dias tensos tudo o que mais quero é passar o dia todo dando a devida atenção para meu ômega, aproveitar da melhor folga o instante de paz que conseguimos. Apesar de tudo senhorita Kun nos surpreendeu com uma boa refeição quando chegamos, Sky também aproveitou para dar fim a saudade se deitando entre meu namorado e eu na nossa cama.
Apesar de estar exausto fisicamente e emocionalmente falando, tudo o que mais me importa nesse momento é ter a certeza de que meu ômega está bom o bastante. Jimin parecia abatido e muito nervoso pela manhã, claramente parte dessa ansiedade passou quando fui inocentado, mas isso não muda o fato de tudo o que ele presenciou ao meu lado. Quero tirar essas lembranças ruins de sua mente, minha imagem na delegacia, deitado naquela cela imunda, não sou o único a querer esquecer toda aquela maldita noite.
– Jungkookie, onde está o tal presente de formatura? – O mais novo questionou quando estávamos deitados apreciando a companhia um do outro.
O pedi que esperasse alguns minutos, segui até o closet onde em uma das gavetas está parte do tal presente. Com o par de passagens dentro do envelope voltei para a cama e lhe entreguei o mesmo. Com um pouco de pressa e curiosidade Jimin puxou o conteúdo de dentro da embalagem e leu o destino para o qual viajaremos assim que possível. Fofo foram seus olhinhos brilhando pela emoção, o abraço apertado e os agradecimentos exagerados tamanha era sua alegria. Quando e fim toda aquela euforia passou pude finalmente me certificar de que foi uma ótima escolha tal viagem.
– Nova York com meu amor. – Disse ele deixando seus braços em volta de meu pescoço. – Ficaremos quanto tempo por lá.
– No mínimo quinze dias. Chanyeol ficará em meu lugar a pedido de meu pai. O velho acha que depois de tudo preciso descansar um pouco. – Respondi ainda o abraçando. – Será bom para nós dois.
– Tendo sua companhia será ótimo, meu amor. – Jimin disse encostando a cabeça em meu ombro. – Sabe, estamos juntos há pouco mais de um ano, foram os meses mais felizes da minha vida. Em momento algum duvidei de você, anjos não cometem crimes, Jungkook. Alguns são incriminados injustamente por humanos que se intitulam juízes da boa moral, são eles os verdadeiros lunáticos.
– Eu amo você, Jimin. – Sorri juntando nossos lábios para um beijo cheio de carinho. – Prometo te fazer o ômega mais feliz do mundo, não permitirei que ninguém lhe toque enquanto eu estiver vida. A sua felicidade é a minha felicidade, somos apenas um.
– Eu te amo! – Respondeu o mais novo me abraçando ainda mais apertado. – Te amo! Te amo! Te amo!
– Bebê, nada de choro. – Ergui seu rostinho limpando aquelas lágrimas. – A vida tem seus momentos, fases ruins passam. Superamos mais uma, agora vamos apenas viver um dia por vez.
– Yah! – Foi ele quem me puxou para mais um beijo, envolvendo suas mãos entre os fios bagunçados da parte posterior de meu pescoço.
Me surpreendo um pouco mais a cada vez que nossos lábios se tocam, é como se fosse nosso primeiro beijo independente da situação, por isso digo que me apaixono um pouco mais a cada dia. Mas esse é especial, contém alívio, adoçado por seus lábios macios e seu jeitinho manhoso. Sentia falta de nossas conversas, de ficar deitado ao seu lado sem nenhuma preocupação, apenas apreciando sua serenidade e o calor de seu corpo. Nos últimos meses me sinto um ser abençoado, como um daqueles que recebe a missão de cuidar de um anjo.
Jimin é o meu anjo. Enviado a mim com uma missão nobre de me fazer voltar a amar, no entanto, também foi me confiado uma missão, cuidar de suas feridas e ensiná-lo a alçar voo novamente. O único contratempo em tudo isso é que o chefe lá em cima não imaginou que um de seus anjos poderia se apaixonar aqui na terra, ou quem sabe esse foi mais um de seus planos divinos. O fato é que não estou disposto a deixar meu pequeno ir, assim como ele se apegou a mim de tal maneira que se recusa a me deixar. Olhando por esse lado o destino teve compaixão, agora recebemos a missão de nos amar até o último dia de nossas vidas e com certeza também na eternidade.
– Jimin! – O chamei sem ter uma resposta. – Bebê! – O mais novo simplesmente mudou sua posição se deitando em meu outro ombro, havia dormido enquanto conversávamos e eu lhe enchia de carinho. – Dorme bem, meu amor.
Passei mais um tempo ali ao seu lado, lhe ajeitei em uma melhor posição sobre nossa cama e puxei o cobertor para lhe proteger da temperatura confortável que ajustamos no ar-condicionado. Jimin dorme bem melhor quando o ambiente está frio. Ainda sem sono o deixei ali e fui até a sala, Myunghee estava lendo um dos livros de seu curso, até pensou em se levantar para fazer atender a qualquer um de meus pedidos, mas apenas disse para voltar a se concentrar em sua leitura. Não quero ser mais a pessoa dependente de um funcionário para tudo, afinal eles também têm uma vida.
– O menino Jimin está bem? – Ela indagou um pouco preocupada. – Ele pareceu tão abatido quando chegaram.
– As últimas noites foram um inferno, mas ele está melhor. – Lhe respondi me sentando em uma das cadeiras. – Obrigado por se preocupar tanto com ele, vocês me ajudaram bastante nos últimos dias.
– Também deveria descansar, senhor Jeon. – A ômega disse voltando a atenção para mim. – Talvez já possa sair da cidade, um tempo na fazenda pode lhes fazer bem.
– Vou checar essa possibilidade. – Respondi imaginando que um fim de semana longe de tudo isso seja o que realmente precisamos. – Ainda tenho que ir até a hípica me certificar de que Lucky e King estão sendo bem cuidados.
Após uma conversa longa onde recebi mais concelhos de senhorita Kun, tinha intenção de ir até o escritório e analisar imagem por imagem, porém, nem mesmo cheguei a porta do cômodo. Me assustei quando ouvi Jimin chamando meu nome e em seguida me abraçou com força, seu corpo parecia tremer levemente, o desespero em sua voz foi real, mas dessa vez tivemos um avanço e tanto. Ele não se rendeu a um pesadelo, não ficou recluso no quarto chorando até que eu fosse ao seu socorro, simplesmente se levantou e veio até mim.
– Eu achei... Eu achei que tinham levado você novamente. – O ômega respondeu um pouco ofegante, enchendo meu rosto de selinhos até voltar a me abraçar com força. – Vão ter de me levar junto se quiserem tirar você daqui.
– Ah, pode apostar que sim. – Envolvido meus braços em torno de seu corpo para lhe dar a proteção e o carinho que ele merece. – Se mostrou um verdadeiro leãozinho lutando por minha inocência.
– Apenas me cansei, Jungkookie. – O levei até o escritório para que pudéssemos nos sentar em uma das poltronas, obviamente Jimin preferiu meu colo ao assento de couro daquela mobília. – O mundo precisa de mais justiça, não dá para assistir acomodado enquanto a maldade tripudia sobre os mais fracos.
– Isso significa que... – Sorri já deduzindo que ele não tem mais dúvidas sobre sua carreira.
– Quero ser juiz um dia, mas como sei que as coisas devem ser conduzidas um passo por vez... – Ele interrompeu a própria fala e me encarou profundamente. – Vou prestar vestibular para o curso de Direito.
– Estou orgulhoso, meu amor. – Toquei a pontinha de seu nariz o deixando desajeitado. – Conte comigo para o que precisar.
– Por enquanto quero apenas um beijo e um pote de sorvete. – Jimin disse com uma animação que me deixou completamente feliz.
A primeira coisa que fiz obviamente foi unir nossos lábios e atender seu primeiro pedido, um beijo apaixonado que aos poucos foi nos aquecendo. Passada toda aquela tensão voltamos a sentir aquela atração que sempre nos uniu, mas sabemos que o momento não é tão propício assim. Por esse motivo Jimin foi o primeiro a se levantar e me puxar para fora da sala. Claro, foi direto no congelador, mas infelizmente não havia seu sorvete ali. Não me opus em ir até o mercado, mas Myunghee achou melhor ela mesma ir, ainda não esclareci aos jornais sobre minha inocência, em frente ao nosso condomínio está cercado de jornalistas a espera de uma resposta.
Sei que seremos atormentados por isso durante um tempo, ao menos até a tarde de sexta-feira quando meu sogro convocou uma coletiva de imprensa. Meu sogro disse haver uma estratégia para reerguer as empresas de minha família, é exatamente o que espero após meu nome ter ocupado primeiras páginas dos jornais por conta de um equívoco que ele ajudou a manter indiretamente. Como sempre ele age pelas minhas costas, o que me impossibilita de saber o que de fato ele vem aprontando.
Enfim, Jimin aumentou no sofá assim que pegou seu pote de sorvete. Fiquei ali apenas observando sua atitude um pouco infantil e me acabando de amores por aquele que me mata de fofura com um simples sorriso. Falando sério, olhando sua imagem todas as manhãs me sinto o homem mais sortudo do planeta, o alfa mais satisfeito. Meu mundo estará completo se o seu sorriso habitar todos os meus dias, não consigo mais encontrar uma forma de viver longe dele. Como testemunha diária de nosso amor, Myunghee é quem mais nos dá apoio, além de dizer o quanto meu ômega e eu fomos feitos um para o outro.
A noite acabamos recebendo a visita de Seokjin, meu irmão e meu sobrinho, apesar de estar ocupado com os preparativos do casamento do mais novo, tiraram um tempo para ver como estou depois de tudo. Pela primeira vez desde que conheci Jimin vi o verdadeiro apoio de Namjoon em relação a mim, ele presenciou de perto o sofrimento de meu ômega nos últimos dias, sem mencionar que lutou ao lado da defesa para mostrar a verdade. Voltou a agir como meu exemplo de herói no instante em que mais precisei.
– O tempo está tão corrido por conta do casamento de Taehyung. – Seokjin disse encarando seu único filho. – Em menos de um mês estarei casando em bebê, quem diria?
– Você sempre soube que essa hora chegaria, Jinnie. – Meu irmão o abraço, forma de acalmá-lo na despedida antecipada.
– Não se faça de rocha, hyung. Sei que no fundo seu peito também está despedaçado por casar seu único filho. – Falo isso, pois para mim será complicado ver meu único sobrinho se casando, alguém que sempre cuidei como filho. – Jimin e eu em breve estaremos perdidinhos no meio destes preparativos.
– Como assim? Estão noivos? – Taehyung questionou encarando as mãos de seu melhor amigo.
– Não. – Jimin respondeu de imediato, uma resposta curta que deixou todos eles confusos.
– Não ainda. – Completei lhe deixando um beijo na testa, algo que de fato acabou despertando sua atenção. – Precisamos acertar alguns ponteiros, mas de alguma forma nosso casamento está mais próximo que se imagina.
– Vocês vivem como casados há pouco mais de seis meses, a única diferença será oficializar a relação e... – Seokjin observou meu ômega atentamente. – A menos que a família vá aumentar, por isso a pressa.
– Infelizmente não. Jungkook e eu conversamos bem, esse não é um bom momento para expansão familiar. – Jimin lhe respondeu com uma maturidade impressionante. – Ainda que eu queria muito dar um filho a ele.
– Você ainda é novo, Jiminnie. Se aceita um conselho meu, espere ao menos mais dois anos. – Meu cunhado lhe explicou com calma. – Uma criança requer muita responsabilidade, você passou por muita coisa nos últimos anos, precisa de um tempo para curtir o que perdeu.
– Ele tem razão, veja o que sua mãe está vivendo com Joohyun, é complicado cuidar de uma criança. – Foi meu irmão quem completou o raciocínio de seu marido.
– Sim. Por esse motivo Jungkook e eu conversamos. – O mais novo segurou firmemente minhas mãos. – E bom, agora que decidi o que cursar na universidade isso afetará um pouco meus planos.
– Nem tanto, meu curso de gastronomia não impediu Taehyung de nascer. – Seokjin disparou fazendo todos rirem. – Enfim, a escolha é do casal. Sempre torci para que você encontrasse alguém que lhe amasse de verdade, Jiminnie. Jamais imaginei que essa pessoa fosse meu cunhado mala.
– Obrigado pela parte que me toca, hyung. Me sinto lisonjeado com tamanho amor. – Devolvi com certo tom de ironia, mesmo sabendo que tudo não passava de uma brincadeira.
– Não há de que. Reciprocidade é tudo nessa vida. – Disse o mais velho nos arrancando mais risadas.
Finalmente posso dizer que voltei a conviver de fato com minha família, apesar de ser afetado por problemas do cotidiano posso afirmar que o passado já não interfere mais em minhas escolhas e convivências. Como Namjoon disse há pouco mais de um ano, eu precisava deixar a alma de Hyungjae descansar e isso só foi possível quando entendi que Jimin sempre foi a pessoa destinada a ser dono de meu coração e minha alma. Meu ex não foi um aprendizado ou perda de tempo, foi parte importante em minha vida, me ajudou a amadurecer como ser humano e no fim se tornou nosso anjo da guarda.
As visitas foram embora pouco antes do jantar, tinham um compromisso na casa da família Jung, mais uma das inúmeras reuniões pré-nupciais. Durante a refeição Jimin e eu voltamos a conversar sobre alguns pontos em relação a vida a dois, basicamente apenas o escutei dizer o quanto está feliz e se sente confiante após vencer tantas coisas ao meu lado. Meu pai disse uma vez: “Pessoas iluminadas tendem a serem perseguidas por invejosos, por aqueles que não toleram seu brilho.”. Meu ômega é uma dessas pessoas perseguidas, mas finalmente conseguimos uma forma de derrotar o ego de nossos inimigos.
Nossa noite ainda se estendeu em alguns filmes na televisão, o que acabou resultando em Jimin assistindo tudo sozinho já que assim que nos deitamos no sofá o mais novo começou a acariciar meus cabelos o que me fez adormecer bem rápido, uma espécie de calmante natural. Não sei dizer como me senti tão relaxado e bem diante daquele gesto, o carinho com o qual suas mãos me proporcionavam funcionou como sedativo para um corpo exausto. É indescritível a sensação de me sentir em casa e seguro novamente.
Acordei já eram pouco mais de três da manhã, meu garoto dormia de forma desajeitada já que eu estava com a cabeça apoiada em seu colo. Me levantei sem intenção de acordá-lo e lhe peguei no colo para levá-lo ao nosso quarto. Jimin se mexeu lentamente sobre a cama, apenas para encontrar uma posição confortável para dormir. Antes de me deitar ao seu lado fui até o banheiro escovar os dentes e até a cozinha buscar um pouco de água. Ao retornar para o quarto me deparei com sua imagem serena sobre a cama, coisa que não via há dias.
Durante a madrugada não houveram pesadelos, tivemos uma noite tranquila, coisa que não tínhamos há muito tempo. Fofo foi acordar às nove e meia da manhã ouvindo ele brigar com Sky por estar miando na porta, tudo na intenção de não atrapalhar meu sono. Nossa filha como passamos a chamá-la queria sair do quarto para ir até a caixinha de areia que deixamos em uma das varandas. Bom, fiquei com um pouco de receio de me mexer e denunciar que estava acordado o mais novo se esforçou bastante para me não atrapalhar meu sono, mas no final de tudo foi ele quem me acordou com sua bronca matinal.
Jimin voltou a se deitar do meu lado, puxou um de meus braços para segurar sua cintura e ali ficou acariciando meu corpo. Sim, enquanto eu supostamente durmo meu ômega me observa, diz coisas fofas e até mesmo se desculpa por não ser tão forte, esse foi o momento onde pensei em intervir, mas o deixei a vontade. Minutos depois, quando ele se aquietou achei o instante certo para acordar. Deixei um beijo no topo de sua cabeça, e percebi quando ele ergueu o rosto para me observar, os olhinhos inchados de tanto sono.
– Bom dia, meu amor. – Jimin sorriu assim que recebeu outro beijo na testa.
– Bom dia, Jungkookie. – E é com toda essa fofura que começo meu dia após tantos dias ruins.
Jimin e seu poder incrível de trazer a luz e a felicidade para meus dias, o principal motivo de meu amor incondicional.
♥ CONVITE ♥
Deem amor à Prison Sans Grilles
Olá, Preguicinhas! ❤
O que acharam do capítulo?
Espero que tenham gostado. 😃
Acompanhem minhas outras obras. 😉
Beijos e até o próximo capítulo! 😘
AMO VOCÊS! 😍
타이스 ❤