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"Diversão não está relacionada com outras pessoas, mas sim consigo mesmo. De nada adianta pairar perante multidões, se está tão vazio de si próprio." – Piano Empoeirado
Jungkook P.O.V's
Meu ômega vem seguindo às riscas todas as recomendações do psiquiatra, doutor Kim até sugeriu que arrumássemos um bichinho de estimação, como não posso levar fofo para o apartamento, a saída é comprar uma casa ou arrumar outro animal de pequeno porte, a segunda opção é mais viável no momento, e me gera zero dor de cabeça. Entrei em contato com o síndico do prédio, não precisei dizer duas vezes para ter a autorização, nem acredito que estou em uma casa de adoção em busca de um animalzinho para presentear Jimin.
Sem mencionar que ele está me ligando desde as três da tarde para me lembrar do jantar de noivado do meu sobrinho, como se eu fosse esquecer algo importante, apesar de que acabei me atrasando um pouco. Jimin sempre foi pontual, detesta quando me enrolo e acabo precisando de alguns minutos a mais, desta vez é por uma boa causa, mas sei que irei escutar uma bronca quando chegar ao nosso apartamento. Cá entre nós, eu adoro irritá-lo, ele fica tão fofo com aquele bico, aquelas bochechas infladas e rostinho de quem imagina mil e uma maneiras de destroçar meu corpo.
Ainda aguardando minha vez de olhar os animaizinhos, verifico novamente o visor do celular. Diversas ligações do mais novo, claro que acho tudo isso um exagero, mas estou me divertindo para caramba. Pareço uma pessoa cruel, porém não estou fazendo nada de errado, caso contrário ele saberia no mesmo momento por conta da marca, e eu não perdi meu juízo. Sou daquele que prefere perder a sanidade sobre uma cama, de preferência com aquele pedaço de mal caminho em frente a minha visão. Isso aí, Jungkook. Ótima hora para ter esse tipo de pensamento. Para aliviar acabei abrindo uma de suas mensagens, tendo a certeza de que realmente me ferrei.
Bebê:
Jungkookie, é bom ter uma explicação convincente quando chegar em casa, temos apenas uma hora para estar naquele jantar.
Me:
Estou preso no trânsito, bebê. Logo estarei aí.
Uma mentirinha do bem, mas não alivia o fato de que ele possivelmente estará me esperando com algo para me acertar. Enfim, depois de meia hora naquela maldita fila, fui chamado pela veterinária responsável pela ONG, obviamente todos ali estranhando o fato de eu estar de terno e sozinho, mesmo que isso não tenha tanta importância, é raro alguém com tais características decidir adotar um animal. Agradeço ao Fofo por mudar minha ideia de que animais precisam ser de raça e adotados, enquanto muitos gastam enormes fortunas para comprar um simples cachorro, optei pela adoção de um animal abandonado, afinal eles também têm direito a um lar decente e amor.
-Senhor Jeon, certo? -Apenas acenei de forma positiva. -Bom, o que o senhor procura?
-Um animal de pequeno porte. Meu namorado e eu moramos em um apartamento, o terapeuta sugeriu que arrumássemos algo com vida para alegrar aquele lugar, o que me sugere? -Como veterinária ela saberia qual animal se adaptaria melhor ao local.
-Olha, tanto gatos como cachorros podem viver em locais assim, acredito que o apartamento do senhor seja espaçoso. -Novamente afirmei com um gesto. -Cães geralmente são mais barulhentos, apesar de serem mais amorosos. Gatos são meio individualistas, mas também são ótimos animais de estimação.
-Entendi. -Pensei um pouco até chegar à conclusão de que quero preservar o silêncio daquele local, já basta à confusão que é dentro da empresa. -Me mostre os gatos, por favor. Nós já temos um cachorro.
-Certo. Por aqui, senhor! -Caminhamos até uma ala onde só havia gatos, das mais diversas forma e tamanhos. -Fique à vontade para escolher, se quiser enviar alguma foto para seu namorado para ele te ajudar.
-Na verdade é uma surpresa para ele, senhorita. -Sorri percebendo que ela entendeu minha intenção.
-Bom, sendo assim. No meio destes têm uma pequena que foi resgatada nas piores condições, hoje está totalmente recuperada e é um amor, se adapta facilmente a pessoa que a trata bem. -A veterinária explicou seguindo até uma das gaiolas e tirando a felina de dentro da mesma. -Ela ainda não tem um nome, o que acha?
-Ela é linda. -Falei encarando a pequena em suas mãos.
-Raça siamesa, tem pouco mais de dez meses. -A mulher me estendeu a gatinha para que eu a pegasse no colo. -Tem todas as vacinas em dias, mas não pode ter filhotes. Como eu disse, ela foi trazida nas piores condições, tivemos que remover seu útero.
-Entendo. Vou levá-la então. -Vi um sorriso se formar no rosto daquela mulher. -Preciso pagar algo?
-Não, senhor. Apenas me deixe fazer a ficha da adoção para o controle interno da ONG. -Ela disse pegando a prancheta para anotar meus dados. -Ah, temos um pet shop aqui do lado, caso precise comprar o que precisa para o conforto dela.
-Obrigado. -Agradeci, e ainda ganhei a caixinha para transportá-la.
Como a veterinária havia indicado, passei no pet shop e comprei várias coisas, uma caminha, um arranhador, tigelas para água e ração, coleira ainda sem nome e até uma blusinha rosa, me senti de verdade o pai de uma criança. Encarando o relógio percebi que meu tempo havia diminuído vinte minutos, então me apressei ao fazer o pagamento e ir logo para casa. Quando cheguei ao prédio, precisei da ajuda de nosso porteiro para levar às coisas até o apartamento, mas no fim deu tudo certo, ou melhor, quase certo. Assim que o homem voltou para a portaria e eu tranquei minha porta, ouvi os passos apressados de Jimin pelo corredor.
-Ótimo, senhor Jeon! -Encarei o mais novo que parecia bem irritado, conseguia sentir isso por conta da marca. -Tem meia hora para se arrumar, e vê se não enrola no banho.
-Te trouxe um presente. -Esperei sua reação, mas aquela expressão de raiva não se suavizou. -Bebê, eu disse...
-Não vai me acalmar com a droga de um presente, Jeon Jungkook. -Jimin disparou me fazendo recuar. -Sabe como esse jantar é importante para seu sobrinho e... -Ele parou de imediato ao ver a gatinha colocando a cabeça para fora da caixa. -Que porra é essa, Jungkook?
-Não é porra, é uma gata. -O corrigi percebendo que no mesmo instante ele foi se acalmando. -Ainda está bravo comigo?
-Vá tomar a droga do seu banho e me deixa ver o que tem nessa caixa. -Ele gritou tirando o pacote da minha mão. -Por que trouxe um gato para casa?
-Estou no banho, bebê. Não posso conversar agora. -Uma bela maneira de escapar de uma discussão, certo?
Minhas roupas já estavam sobre a cama, Jimin foi que as escolheu, fugindo do terno habitual meu ômega optou por uma calça preta, uma blusa social também branca e um blazer na cor da calça. Uma roupa formal, mas saindo da linha homem de negócios. Tomei um banho rápido, escovei os dentes e arrumei o cabelo ainda no banheiro, depois vesti minha roupa e o sapato, espirrei um pouco de perfume e coloquei um relógio em meu pulso, estava pronto para finalmente sairmos. Só depois reparei que fiz tudo isso em menos de vinte minutos.
Voltando para a sala me surpreendi com Jimin abaixado no tapete, brincando com a nossa nova filha. Meu ômega parecia bem distraído com ela, até mesmo calmo. Senhorita Kun observava tudo da cozinha, morrendo de amores por aquela cena fofa. Segui até a geladeira para tomar um pouco de água, e recomendar que a mulher tome conta da pequena até chegarmos, acredito que isso não será problema levando em consideração que ela faz de tudo para o nosso bem estar, por isso trazê-la para Seul foi uma ótima escolha.
-Jimin, podemos ir? -Perguntei observando o mais novo se levantar e caminhar em minha direção.
-Agora sim, podemos ir. -Ele disse ainda com um pouco de raiva, enquanto arrumava a gola de minha camisa. Então percebi que aquele estresse era apenas comigo. -Senhorita Kun, cuide bem da pequena.
-Fique tranquilo, menino Jimin. -Ela respondeu já com a gatinha no colo. -Bom jantar para vocês.
-Obrigado! -Jimin respondeu pegando o celular e o presente de noivado, seguindo em direção a porta sem ao menos me olhar.
O trajeto até o carro foi de um silêncio realmente irritante, minha vontade de lhe atacar e lhe dar um beijo de tirar o fôlego era grande, mas Jimin continuava irredutível. Minha esperança é que ele se acalme após o jantar, queria mesmo saber o motivo de tanta raiva, nem estamos atrasados tanto assim. Considerando o horário marcado, estamos dentro do período aceitável de atraso, mas como disse sua pontualidade sempre foi invejável, apesar de a minha também ser, só não sei o porquê ando tão desatento ultimamente.
Chegamos ao restaurante com dez minutos de atraso, menos mal já que meu sobrinho e Hoseok ainda não haviam chegado. Pensei em rebater Jimin por conta de seu chilique de mais cedo, mas reconheci que não é bom ficar cutucando a fera. Então me lembrei do que o psiquiatra nos disse, os ansiolíticos também geram alteração de humor, essa é a explicação mais aceitável para tal situação, ou seu ciclo está perto e ainda não percebi. Só sei que meu pequeno anda bem irritado nos últimos dias.
-Vai mesmo ficar me ignorando? -Sussurrei em seu ouvido, Jimin nem ao menos me olhou. -Bebê! -Por baixo da mesa deslizei uma das mãos por sua coxa, vendo sua postura se enrijecer de imediato. -Já sei do que você precisa.
-Acho bom subir sua mão, senhor. Ou teremos de discutir nossa relação na frente dos convidados. -Foi tudo o que ele disse próximo ao meu ouvido, antes de deixar um beijo ali e se afastar.
Claro, como uma pessoa compreensiva fiz o que ele pediu, não quero deixar as coisas piores que já estão, deixamos para resolver isso quando voltarmos para casa. Jimin se levantou para ir conversar com a irmã de Hoseok, enquanto eu fiquei na mesa apenas observando. Então Namjoon chegou com Seokjin, meu irmão me chamou para conversar com senhor Jung, obviamente o que acaba rolando nestes jantares formais é uma irritante conversa de negócios, e definitivamente o velho ficou interessado na sociedade que fiz com o grupo Min, dizendo ser algo bem rentável.
Entre nossas conversas, soube que ele sempre sonhou em casar Hoseok com o filho dos Min, mas por intermédio do destino Yoongi foi categórico ao dizer que seu filho não era mercadoria para um casamento por conveniência, e Jimin àquela época havia acabado de passar por seus problemas. Não disse nada, apenas comemorei internamente por meu sogro ter sido tão arrogante na hora de responder àquele velho, não que eu esteja com ciúmes ou algo do tipo, mas se não fosse essa negativa meu pequeno estaria casado hoje, talvez infeliz é impossível dizer.
-Então você acabou fisgando o herdeiro dos Min, mundo pequeno, não? -O velho disse encarando Jimin que ainda conversava com sua filha mais velha, parecia se entender perfeitamente com a garota, como se fossem velhos conhecidos. -Não é muito velho para ele?
-Jimin não se importa com a diferença. -Respondi um pouco áspero e naquele momento Namjoon me encarou. -E bom, ele não está comigo obrigado por um contrato, se é o que quer saber.
-Tem uma língua afiada, senhor Jeon. -O velho provocou, naquele momento meu irmão estava a beira de um ataque cardíaco. -Isso pode prejudicá-lo nos negócio, sabia?
-Discordo. Veja isso nos números das minhas empresas. -Tomei um pouco da dose de Whisky que me foi oferecida. -Os negócios não são o motivo deste jantar, estou certo?
-Bom, vou ver se eles já chegaram. -Senhor Jung desistiu de rebater e caminhou para onde sua esposa conversava animadamente com Seokjin e outra convidada.
-Jungkook, pelo amor de Deus, quer calar essa boca? -Namjoon pode suspirar aliviado quando o mais velho se afastou. -Jimin anda dormindo de calça jeans, é? Puta que pariu! Quer acabar com o noivado do seu sobrinho?
-Aquele homem jamais desmanchará este noivado, Hyung. Está de olhos no grupo Kim e na parte do grupo Jeon que Taehyung irá herdar. -Falei o óbvio, isso consiste em mais dinheiro que o velho possa imaginar. -Não viu? Tem ganância escrita na testa dele.
-E tem idiota escrito na sua. -Namjoon virou de uma vez toda a dose de Whisky. -Vê se cala essa boca e se comporte, está parecendo um adolescente.
-Abuji me daria razão. -Murmurei vendo ele me encarar com uma expressão fechada.
Voltei para a mesa me sentando no mesmo local, Jimin ainda estava distraído com a garota, confesso que aquilo estava sim me despertando ciúmes, principalmente por sua atenção não estar em mim. Devo tê-lo irritado bastante para ele devolver desta maneira, agora começo a acreditar que não é algo divertido ver meu ômega irritado, ao menos não quando suas ordens são contrariadas como eu fim. Logo o jantar ficou mais interessante, meu pai finalmente havia chegado e minutos depois Hoseok e Taehyung, a parte interessada.
Senhor Jung obviamente foi o primeiro a fazer um discurso, juro que nunca fiquei tão enjoado com tamanha falsidade, apenas espero que ele não falte o respeito com meu sobrinho, ou não medirei esforços para acertar aquela cara arrogante. Meu pai falou em seguida, depois Namjoon até finalmente haver o pedido oficial. Sendo sincero, não sei por que tanta formalidade, para mim pedido de casamento deveria ser feito entre o casal, algo romântico e íntimo, para ter memórias que serão levadas para o resto da vida.
No momento em que Taehyung disse sim, meu ômega agarrou meu braço e deixou a cabeça encostada em meu ombro. Jimin parecia feliz por seu melhor amigo, até mesmo deixou uma lágrima teimosa escapar, não perdi tempo em secá-la e lhe acariciar a bochecha, desta vez lhe arrancando um sorriso sincero pelo carinho recebido. O protocolo a ser cumprido em seguida foi convidar os padrinhos e madrinhas. Jiminnie e eu fomos escolhas de meu sobrinho, enquanto Dawon e seu noivo foram às escolhas de Hoseok, nem é preciso dizer que me senti aliviado ao saber que a mais velha é comprometida, certo?
Durante o jantar não tocaram de assunto sobre negócios, a conversa girou em torno do noivado e casamento, Taehyung parecia ter sido arrebatado para seu paraíso pessoal, parecia viver em um sonho, nos dando a entender que Hoseok foi mesmo o melhor que aconteceu em sua vida, tirando minha ideia fixa de que é apenas um alfa babaca atrás da beleza de meu sobrinho. Eram pouco mais de onze da noite, todos estavam apenas conversando enquanto apreciavam mais uma dose de bebida, quando Jiminnie reclamou por estar cansado, o que indicava à hora de ir embora.
Nos despedimos de todos e enfim pegamos o caminho de casa, Jimin estava mesmo cansado, tanto que acabou adormecendo antes de chegarmos ao condomínio. Estacionei o carro em uma das vagas da garagem e fiquei com a árdua tarefa de acordá-lo, queria muito carregá-lo no colo até nosso apartamento, mas com as doses de Whisky que consumi, resultaria em tombo duplo e não estou a fim de machucá-lo por um descuido. Mesmo resmungando o mais novo acordou, foi o trajeto inteiro buscando se equilibrar em meus braços, tanto que precisei segurar firmemente a base de sua coluna ou íamos os dois para o chão.
Levei o mais novo direto para nosso quarto, o livrei dos sapatos e roupas pesadas, deixando apenas a boxer e a camisa em seu corpo. Liguei o ar-condicionado no mínimo e o cobri com o edredom, Jimin apenas se virou para o lado e agarrou meu travesseiro, como se estivesse abraçando meu corpo. Antes de me deitar fui até o banheiro escovar os dentes e tomar um banho morno para relaxar o corpo, finalmente poderei descansar depois de um dia corrido, sorte que o jantar ocorreu como todos previam.
Após o banho me vesti apenas com uma calça de moletom e fui até a sala ver como a gatinha estava, como não a encontrei sabia que possivelmente senhorita Kun a trancou em seu quarto quando se recolheu para dormir, e pelo horário achei melhor não incomodar. Voltei para meu quarto depois de beber um copo com água, apaguei todas as luzes e fechei a cortina para evitar ser acordado cedo em um sábado. Assim que me deitei puxei Jimin para mais perto, percebendo seu corpo procurar inconscientemente pelo calor do meu.
Foi uma madrugada tranquila, considerando o fato de estarmos cansados, por sorte a nova troca de medicação estava surtindo efeito, Jimin já está há cinco dias sem ter um pesadelo, o que me deixa aliviado. Talvez tudo o que ele precise é de um ambiente calmo, conversar com aqueles que amam e reconhecer que no final de tudo não tem culpa de nada, não passa de uma vítima que caiu nas mãos de um "monstro" cruel. Mais uma prova de que nem todo rostinho bonito arremete a um bom caráter.
Acordei pela manhã com Jimin dizendo estar com dores de cabeça, algo que me assustou um pouco levando em consideração que meu ômega não consumiu álcool algum. Lhe dei um comprimido para dar fim às tais dores e disse que se persistirem iremos o mais rápido possível para o hospital, claro que para mim não é um simples sintomas, pode ser um do seus medicamentos para controlar suas crises que esteja fazendo mal, nunca se sabe.
Lhe trouxe café da manhã na cama, e após retornar com a bandeja para a cozinha, decidi levar a gatinha para distraí-lo um pouco. Jimin ficou todo derretido, a colocou sobre o edredom e ficou observando cada passinho da mesma sobre o colchão. Os deixei por um tempo, até meu ômega se lembrar de que tem um alfa e das circunstâncias que ficamos ontem, discutindo a maior parte do tempo antes do jantar, e na volta ele acabou dormindo não nos dando tempo para conversar melhor sobre tal situação.
-Bebê, me desculpe por ontem. -Murmurei me sentando na beirada da cama. -Sei que estava irritado comigo, mas não fiz por mal.
-Está tudo bem, Jungkookie. -Jimin sorriu voltando a atenção para a pequena em suas mãos. -Onde a encontrou?
-Eu adotei ela. -O ômega me encarou com os olhos brilhando e um sorriso ainda mais aberto, talvez orgulho, eu não sei dizer. -Não tem nome.
-Você prefere Safira ou Sky, Amor? -Ouvi quando ele perguntou todo amoroso. -Precisamos dar um nome a ela, certo?
-Sky é um nome mais fácil de dizer. -Falei e ele concordou de imediato. -Então nossa filha se chama Sky?
-Sim, Jeon Sky. -Jimin respondeu convicto ainda acariciando os pelos da pequena que agora parecia já ter se acostumado com ele. -Mas ela é uma fêmea, Jungkook. Como faremos quando ela estiver no cio? Não dá para castrar.
-Sky não pode ter filhotes, bebê. Foi resgatada em condições terríveis, mesmo sendo tão novinha precisou retirar o útero. -Vi os olhos de Jimin se encherem de lágrimas. -O que foi agora?
-Até onde vai à maldade humana? Como fazem mal há um ser indefeso como este? -O mais novo disse um pouco ressentido, aposto que se lembrando de seu passado cheio de medo.
-Alguns humanos simplesmente não merecem viver, meu amor. -Me aproximei sentando ao seu lado e lhe abraçando pela cintura. -Mas e aí, gostou do presente?
-Eu amei, ela é muito fofa. -Jimin me encarou no mesmo momento, antes de levar uma das mãos a minha bochecha e me puxar para um beijo calmo, onde obviamente me aproveitei. -Obrigado, Jungkookie!
-Bom, não temos nada para fazer até o dia de sua consulta. -Murmurei vendo que ele novamente se distraía em brincar com Sky. -O que quer fazer hoje?
-Ficar em casa? -Ele me encarou com um sorriso preguiçoso. -Podemos ir ao cinema mais tarde.
-Pensei em irmos a um lugar diferente. -Respondi vendo que o mais novo ainda me observava. -Patinar no gelo?
-Não quero ter hematomas pelo corpo, Jungkookie. -Jimin disse já prevendo suas quedas.
-Compras? -Ergui uma das sobrancelhas ouvindo o mesmo suspirar. -Uma caminhada em Hongdae?
-E correr o risco de alguma jovem cheia de hormônios ficar de olho no meu alfa? Dispenso. -Ele continuava irredutível.
-Uma caminhada em Gangnam? -Tentei uma última vez, percebendo o mais novo deixar uma risada discreta escapar.
-Sabe que é só descermos para rua não é, Jungkook? Já moramos em Gangnam. -Jimin riu deixando Sky de lado e se sentando em meu colo. -Soube de uma competição em uma hípica próxima a Seul, quer ir até lá?
-Você me convidando para assistir um concurso de hipismo? -Fiquei um pouco animado com aquilo. -O que deu em você hoje?
-É que sempre fazemos algo que eu gosto, podemos mudar agora, certo? -Ele perguntou arrastando a pontinha do nariz em meu pescoço.
-Onde está o Jimin estressadinho de ontem? -O provoquei ouvindo ele suspirar.
-Eu só estava bravo com você, achei que não estivesse me levando a sério. -Meu pequeno confessou todo manhoso.
-Gosto de te ver bravinho. -Confessei percebendo ele me encarar de uma forma mais séria. -Falando em bravinho, por que não disse que senhor Jung queria lhe casar com Hoseok?
-É sério? Eu não soube disto. -Jimin parecia ser sincero naquele momento. -Quando eu estava no hospital, meu pai comentou algo como uma proposta babaca que recebeu, mas estavam todo abalados com minhas condições, ele achou que fosse uma piada de mau gosto. De qualquer forma, senhor Min jamais entregaria o filho como mercadoria.
-Sei bem disto. -Me lembrei de quando tentei ser sarcástico com meu sogro. -Então, quando vamos para a tal competição?
-Começa em duas horas, acho temos tempo de sobra para arrumar. Podemos almoçar em um restaurante quando voltarmos. -Suas mãos se apoiaram firmemente em meus ombros, antes de arrumar sua postura.
-E suas dores de cabeça? -Perguntei um pouco preocupado, afinal seu bem-estar é o que mais me importa.
-Já passou, estou bem agora. -Jimin então me surpreendeu quando juntou seus lábios aos meus.
Deixei que ele tomasse a total iniciativa, movendo seus lábios carinhosamente contra os meus. Seu beijo doce me envolveu por inteiro, minhas mãos até então em sua cintura, desceram pela lateral de seu corpo e voltaram a subir por dentro da camisa. Ouvi seu suspiro quando toquei sutilmente sua pele. Obviamente todos os nossos beijos envolvendo uma imensidão de sentimentos bons, que acalmam e nos fazem voltar ao nosso estado normal. Jimin logo se afastou, me encarando um pouco ofegante, conseguindo me arrancar um sorriso ao ver seus lábios inchadinhos após o ato.
-Eu gostei disto. -Admiti lhe enchendo de selinhos, antes de afastá-lo de vez para nos arrumarmos. -Toma banho comigo, ou vai apenas trocar suas roupas?
-Vou com você, preciso apenas pegar toalhas limpas no closet, senhorita Kun recolheu as outras para lavar. -Meu namorado seguiu tranquilamente até o cômodo, fiquei ali apenas observando aquela cena que tanto amo, seu corpo coberto apenas por uma boxer e uma camisa.
Nosso banho foi rápido, até porque Jiminnie não queria se atrasar e eu não estava a fim de irritá-lo novamente. O mais novo foi quem escolheu nossas roupas como sempre, nem me preocupo mais com minhas vestimentas já que ele faz questão de tal gesto, pode ser simples à sua maneira, mas para meu namorado isso é importante. Antes de sairmos instalei as coisas que havia comprado para Sky, as coloquei no canto da sala, agora só faltava levar a coleira para gravar seu nome. Senhorita Kun novamente se dispôs a vigiá-la, mas não será um problema, a pequena se acostumou rápido ao ambiente, só precisa aprender a usar a caixa de areia.
Assim que saímos meu ômega entrelaçou nossas mãos, recebemos elogios de uma senhora que mora a dois andares abaixo do nosso, tudo isso pelas inúmeras vezes que a mesma viu como cuidamos um do outro, segundo ela, algumas pessoas simplesmente pararam de se importar com o próximo, e ver uma relação tão transparente e de puro amor a deixa emocionada. Em nosso carro, o mais novo colocou o endereço no GPS, nosso destino não fica tão longe, é uma hípica há dez quilômetros fora de Seul, pegando a rota pelo lado sudoeste da cidade.
-Já esteve em uma competição parecida, bebê? -Perguntei ainda atento a rodovia.
-Não. Só estive em desfiles de moda e competições de golfe. -Ele respondeu com a atenção vidrada nas paisagens. -Você já esteve em uma, Jungkookie?
-Eu já competi, meu amor. Sendo sincero, é capaz de encontrarmos alguns conhecidos neste local, velhos amigos eu diria. -Vi seus olhos brilharem, sempre que menciono a possibilidade de lhe apresentar alguém de meu passado, ele se sente mais seguro quanto a nossa relação.
-Amigos do colégio ou da universidade como tia Yoo? -Meu namorado ficou ainda mais curioso.
-Não, amor. Alguns atletas profissionais e outros amadores como eu, amantes de hipismo, ou simplesmente simpatizantes. -Respondi de forma tranquila, pegando em seguida o acesso ao local da competição. -Foi em um evento como esse que comprei o Lucky.
-Deve estar com saudades dele, não é? Sente falta de seus treinos? -Pude perceber que talvez ele se sinta um pouco culpado por ter me afastado da fazenda, e de algumas coisas que faziam parte de minha rotina.
-Sinto falta dos meus treinos, mas isso não é mais prioridade em minha vida, Jimin. -Ouvi seu suspiro em seguida. -Agora tenho responsabilidades, não digo apenas em cuidar de você, meu pai pediu uma ajuda na empresa, no próximo mês serei empossado como vice-presidente.
-Fico feliz que sua vida não se resuma apenas a mim, desta forma poderei tentar minha independência. -Ele parecia sincero. -Bom, estou pensando em voltar para a escola, talvez eles consigam me manter em uma sala separada, mas se não for possível posso voltar para minha turma normal.
-Se sente seguro e bem para isso? -O mais novo apenas acenou de forma positiva. -Podemos resolver isso quando retornarmos da fazenda na próxima semana, de qualquer forma você ainda está afastado pelo atestado de seu psiquiatra.
-Tae disse que vai me ajudar com isso, eu confio nele. -Vi quando Jimin segurou o colar que havia lhe dando em par com meu sobrinho. -Quanto mais, senhor Kim disse que não devo ficar com medo, afinal sou vítima e não o agressor. Não devo parar minha vida por conta disto.
-Apenas quero que se sinta bem, meu amor. Irei apoiar suas escolhas, deixar as coisas seguras e aceitáveis para que mantenha sua vida o mais normal possível, mas prometa que me dirá quando algo lhe afligir, tudo bem? -Ainda atento a rodovia, usei uma das mãos para apertar levemente uma das suas.
-Você é o melhor, Jungkookie. -Jimin se inclinou na poltrona deixando um beijo em minha bochecha. -Amo você!
-Também amo você! -O respondi voltando a dar atenção a estrada.
Durante todo o percurso fomos conversando sobre como nossa vida melhorou ao decidirmos dividir praticamente tudo, me sinto mais feliz e Jimin mais seguro. Quando chegamos ao local era possível ver que estava bem movimentado, mas aquilo me animou, paguei as entradas observando em seguida o quanto meu ômega parecia estar se divertindo com tudo. O mais novo comprou um algodão doce cor de rosa, exatamente como uma vez que caminhamos em um parque. Havia muitas crianças por ali, por isso barracas com guloseimas não eram de se estranhar. Obviamente também havia barracas com bebidas, o que também não é estranho.
-Precisamos achar nossa mesa. -Segurei em sua mão, o mantendo por perto. -Quer algo para beber, ou vai esperar a competição começar.
-Não estou com sede. -Jimin respondeu se agarrando ao meu braço. -Se quiser compre algo para você.
-Não posso beber álcool, bebê. -Lhe acariciei as bochechas sem me importar com quem esteja observando. -Além de estarmos longe de casa, eu estou dirigindo, sei o que é lícito ou não.
Ele sorriu tomando a minha frente, fui o guiando com minhas mãos em seus quadris, queria que qualquer engraçadinho soubesse que Jimin está muito bem acompanhado. Encontramos nossa mesa, ficava um pouco mais afastada da arena de competições, mas ainda assim uma visão privilegiada. Haviam garçons servindo bebidas o tempo inteiro, eu optei por água e pedi que trouxessem um suco natural para o mais novo, mesmo que não estivesse com sede, está um dia quente e precisa se manter hidratado.
-Jeon? Não acredito, há quanto tempo? -Como disse, bem fácil de encontrarmos conhecidos.
-Kim Dongsun. -Me levantei para cumprimentar um velho amigo. -Quase vinte anos, não é? Você não mudou nada.
-Um rei nunca perde a majestade, meu caro. -Ele disse me encarando. -Não vai competir?
-Não. Hoje estou acompanhando meu namorado, vamos apenas assistir. -Jimin logo se colocou ao meu lado, e como pensei houve espanto da parte de Dongsun.
-Mas eu achei que... -Obviamente ele ia falar do meu ex, no mesmo instante decidi dar um jeito de mudar aquela conversa para não ficar desconfortável.
-Jimin, este é Kim Dongsun, um velho amigo. -Apresentei o mais novo a ele, e obviamente sua expressão mudou ao saber que era outra pessoa. -Hyung, este é meu namorado.
-Muito novo para você não, Jungkook? -Dongsun provocou.
-Eu gosto de caras mais velhos. -Encarei Jimin por perceber que poderiam levar como ambiguidade àquela frase. -Eu amo meu alfa, senhor Kim.
-Seu alfa? Já está marcado com essa idade? Você não perde tempo, Jungkook. -Novamente ele provocou.
-Jimin é precioso demais para andar solto por aí. -Falei abraçando meu ômega. -Soube que se casou, onde está sua família.
-Bom, minha esposa e filha estão em Daegu visitando alguns parentes, já eu tive que vir acompanhar nosso filho. -Ele parecia orgulhoso. -Sorte dele que você não está competindo, acho que não teria chances.
-Todos temos chances, Hyung. -Falei encarando o portão por onde os cavaleiros e amazonas entravam.
-Wooseok ainda é iniciante, essa é a primeira competição dele, o treinador disse que estava preparado. -Meu amigo disse com um pouco de receio. -Minha esposa nem sonha que estamos aqui, ela odeia que nosso filho participe disto, diz ser perigoso para ômegas e eu acho isso uma bobagem.
-Meu cunhado tem o mesmo pensamento, mas eu discordo totalmente. -Me sentei à mesa após puxar a cadeira e acomodar meu ômega. -Sente-se conosco, hyung. É bom que colocamos o assunto em dias.
-Falando como uma senhora fofoqueira. -Dongsun disse deixando uma risada escapar. -Seu ômega também compete?
-Não sou atraído por coisas tão radicais, senhor. -Jimin respondeu de forma serena. -Apenas convidei Jungkookie para vir aqui hoje, sei o quanto ele gosta deste esporte.
-Tirou a sorte grande, Jungkook. -O mais velho disse encarando meu pequeno. -Para quando é o casamento?
-Ainda não discutimos sobre isso, Jimin precisa terminar o colegial. -Encarei o mais novo que agora se distraia com seu corpo de suco natural.
A conversa seguiu durante todo o tempo de competição, no fim acabamos trocando o contato para nos aproximarmos novamente. Jimin chegou até mesmo a sugerir um jantar de casais, estranhei o fato de ele propor algo tão formal e com pessoas mais velhas, mas percebo que meu ômega está apenas se esforçando para se adaptar a minha vida, assim como o acompanhei em um jogo de boliche uma vez. Acredito que estamos nos entendendo cada vez mais, casados mesmo que não tenha assinado papel algum.
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타이스 ❤