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“Então é assim que a minha felicidade começa: quando o meu sorriso vira consequência do seu.” – Frederico Elboni
Jungkook P.O.V's
Depois do susto no início da semana passei acreditar que os últimos dias seriam tão agitados quanto, mas Jimin conseguiu se acalmar. Confesso ser complicado entender o que se passa na cabeça de meu pequeno, ainda que acredito em sua vontade de superar seus traumas por si só. Quando Yoongi mencionou que o agressor havia dado entrada no Aeroporto de Incheon na madrugada de domingo, com a situação legalizada mediante a justiça do país, já sabia que a segurança em cima do mais novo seria redobrada. Sim, meu sogro mantem vigiado cada passo do infeliz, para evitar que se aproxime novamente de seu único filho, no entanto não pode impedir que ele circule livremente pelas ruas.
Entendo seu lado protetor, não posso afirmar como pai, mas como alfa cheio de instintos de proteção, e que ama aquele ômega com todas as forças. Não respondo por meu atos caso esse vagabundo ou qualquer pessoa ligada a ele se aproxime do mais novo, mas compartilho do mesmo medo que senhor Min e sua família. Jimin correu riscos ao sair sozinho, lidar com um agressor nesse nível de crueldade não é o mesmo que lidar com seu colega de classe, mas isso não justifica a forma que ele foi recebido pelo pai após sumir por uma tarde inteira. Vi meu garoto se encolher a cada grito e repreensão de seu pai, entretanto não poderia defendê-lo por se tratar de ser um limite ou correção imposta pelo mais velho, seria um erro interferir na disciplina de seus pais.
Enfim, creio que após todo o ocorrido ele tenha entendido melhor os riscos que está correndo e passe a adotar uma postura de mais cautela, ao menos assim ficarei mais tranquilo enquanto ajudo meu pai e Chanyeol com problemas da empresa. Por falar no meu amigo, terei de ficar em seu cargo até que ele retorne da semana que tirou para a lua-de-mel, o que me fará ficar por mais sete dias na exaustiva Seul. Depois de anos morando praticante isolado, é difícil voltar a se acostumar com a correria diária, o vai e vem dos carros, barulhos de aparelhos e pessoas, coisas estressantes de uma rotina. Meu pai ainda acha graça dos sustos que tomo a cada vez que o telefone toca do nada dentro da sala, já que meu celular costuma ficar em medo silencioso.
Manhã de sexta-feira, último dia da semana que terei de comparecer a empresas e a notícia que me anima é que irei sair com meu garoto mais tarde. Fiquei de buscar Jimin no colégio, mas o ômega me ligou dizendo que teria um compromisso com sua mãe, que poderia buscá-lo em sua casa a noite. Cheio de surpresas, mas também mencionou sobre um jantar com sua família, algo que me deixou com certo desconforto devo admitir, uma coisa é jantar na companhia de seus pais, outra completamente diferente é a companhia de seus avós, já que o velho Min tem a fama de ser bem exigente. Creio que não seja algo que eu deva temer, já que estou acostumado a jantares de negócios com a presença de pessoas importantes, mas a responsabilidade pareceu dobrar agora.
A primeira coisa que fiz ao levantar foi mandar uma mensagem de bom dia para meu ômega, assim que tive sua resposta fui direto para o chuveiro, banho morno para começar bem o dia. Dispensei o uso do terno, mas não a roupa formal, uma calça jeans de lavagem escura, blusa de botões branca e um blazer cinza escuro, nos pés os indispensáveis sapatos sociais. Acessórios como relógios e aliança de compromisso também não devem ser esquecidos, e após um pouco de perfume segui para encontrar meu pai na mesa de café da manhã. Lá estava o velho senhor Jeon, com o jornal do dia em suas mãos, dispensava tecnologias, é bom vê-lo com a saúde em dias e recuperado após o tratamento feito no Japão. O médico tinha razão, ele está mais saudável que antes.
-Bom dia, Abuji! -A reverência em respeito antes de me sentar em uma das cadeiras ao seu lado.
-Bom dia, meu filho! Dormiu bem? -Com minha presença na mesa, ele dispensou aquele emaranhado de folhas impressas. -Ouvi sua conversa até tarde, achei que não fosse despertar tão cedo.
-Ah, Jiminnie me ligou após ter um pesadelo, tive que acalmá-lo. Só fui dormir depois que ele adormeceu, mas dormi vem não se preocupe. -Lhe expliquei me lembrando da imagem do ômega adormecido durante a chamada de vídeo.
-Eu gosto dele, é um bom menino. -Meu pai disse sorridente havia mesmo se afeiçoado ao mais novo. -Quando vai trazê-lo aqui? Só o vi aquele dia que fomos visitá-lo na fazenda.
-Vou ver se consigo trazê-lo para dormir aqui em casa hoje, também sinto falta da presença dele. -Confessei ouvindo a risada do velho, possivelmente percebeu minhas bochechas avermelhadas.
-Isso me lembra quando você e o garoto dos Lee começaram a namorar aquela época. -Um silêncio se instalou no local, mas diferente do que meu pai imagina, as lembranças de Hyunjae já não me afetam tanto quanto antes. -Perdão, meu filho.
-Está tudo bem, são apenas boas lembranças. -Comecei a tomar café, deixando o silêncio voltar a se instalar naquela mesa.
Após o momento estranho esperei que o mais velho terminasse a refeição para podermos ir até nossa empresa. Como o motorista estava dispensado por problemas médicos, sobrou para mim a tarefa de guiar o carro. O trânsito ao menos colaborou, mas ao chegar na empresa o repasse de agendas do dia me fez ter literalmente vontade de chorar, duas reuniões antes do almoço e uma no fim da tarde com um investidor europeu. Chanyeol pediu para sair mais cedo, então devo assumir seu lugar na mesa da direção executiva e bem provável que a apresentação do plano também fique em minhas mãos. O lado positivo é que trabalhamos nesse projeto juntos, o que já me dá vantagem na hora de apresentar a proposta.
As duas reuniões pela manhã foram fáceis de concluir, terminamos na hora do almoço e acreditei que teria alguns minutos de paz até meu pai dizer que havia convidado senhorita Yoona para almoçar conosco. Não havia como recusar um convite do velho, já a garota parecia deslumbrada com a forma que tive de tratá-la, não posso simplesmente parecer um bruto e começar a agir de forma mal educada por simplesmente detestar a companhia, ainda mais estando no meio de um dos principais restaurantes da cidade. O garçom veio buscar nossos pedidos, oferecendo um vinho para abrir o apetite, mas neguei pois ainda voltaríamos para o trabalho, solicitei apenas água e suco natural, longe de álcool.
-Por que está tão desconfortável, meu filho? Aconteceu algo com o pequeno Jimin? -Yoona passou a dar atenção a conversa.
-Deveria arrumar alguém da sua idade, Jungkook-ssi! Garotos de colegial costumam trazer problemas. -A encarei incrédulo por aquele comentário, estava tão confiante achando que não fosse ser respondida a altura pela presença de meu pai.
-Não lhe dei permissão para opinar em meus relacionamentos, senhorita. -Ela fechou a expressão, mas não se abateu em momento algum. Foi ali que meu pai percebeu o erro ao fazer aquele convite. -Jiminnie está bem, Abuji! Só estou nervoso com a reunião.
-Eu estarei presente na reunião, Jungkook! E não é como se nunca tivesse negociado algo assim. Você deu conta do contrato com Min Yoongi, o investidor de hoje não é tão rigoroso. -O velho riu tomando um pouco da água. -Quero ver do que meu filho é capaz.
-Jungkook-ssi é um ótimo negociador, senhor Jeon! Sei que não haverão problemas. -Deixou de criticar para elogiar, isso que chamo de desespero.
-Me fale sobre você, senhorita. Por que ainda não se casou? -O alfa mais velho tentou mudar o foco do assunto para tirar um pouco a tensão.
-Sofro por um amor unilateral. -Yoona me encarou e minha reação foi desviar o olhar. -Não sei o que há de errado comigo, ele simplesmente não me nota.
-Ele deve ser um idiota. -Meu pai disparou, mas pelo tom de sua conversa reconhecia o sentimento paternal com aquela garota. -Você encontrar outro, ainda é jovem.
-Não se pode obrigar alguém a te amar, estou certo? -Mandei uma alfinetada, quase rindo do desconforto que minha pergunta causou. -De que adianta desejar algo que pertence a outro?
Por sorte a conversa teve fim com a chegada dos pedidos, durante a refeição percebia os olhares indiscretos da mesma em minha direção, e agradeci aos céus no momento em que tudo aquilo se encerrou. Deixei que eles voltassem para a empresa, enquanto eu tratava de pagar a conta, ainda atendi uma ligação de meu namorado, confirmando a hora exata que iria buscá-lo. Me preparando para reunião exaustiva, voltei para o escritório a tempo de repassar a apresentação antes de me reunir com os sócios. Quatro horas trancado na sala para fechar um pequeno, mas importante contrato com o grupo europeu. Terminamos com um brinde rápido, e ainda sair atrasado para a casa.
Tive menos de uma hora para tomar um banho e me arrumar, optando por alfo mais casual. Uma calça jeans, blusa de preta e minha jaqueta vermelha, nos pés os coturnos que amo desde a adolescência, não é porque passei dos trinta que vou aposentar o estilo playboy que tinha antes. Minha intensão era de ir com o carro, mas assim que vi o capacete em um canto do closet decidi tirar a moto que não uso há muito tempo da garagem. Fiz uma pequena revisão e percebi que apesar de estar parada, ela ainda estava condições de uso. Um modelo esportivo e potente, meu sobrinho que é apaixonado com esse modelo de motocicleta, só não lhe dei um de presente, pois seria motivo para Seokjin exigir minha execução por enforcamento em praça pública, se não ateasse fogo no que restasse de meu corpo.
Dei sorte ao encontrar no escritório o capacete que comprei para Taehyung, nas poucas vezes que saía com meu sobrinho quando vinha a Seul. Antes de sair ainda verifiquei as condições do asfalto, a neve havia dado uma trégua de dois dias, deixando seguro para colocar Jimin na garupa daquele veículo. Com tudo na mais prefeita ordem pude sair para finalmente encontrá-lo, coloquei as luvas de couro nas mãos, e dei partida na moto sentindo o vento frio tocar meu rosto. Pouco mais de vinte minutos depois cheguei em frente ao condômino, desci para ir até a guarita, mas avistei um garota loiro de costas, fechando o portão do local, talvez desse tempo para entrar sem precisar de burocracias.
-Ei, garoto! Pode deixar aberto, vou chamar uma pessoa. -Falei indo até ele.
-Deve pedir permissão ao segurança, senhor! Existem regras rigorosas neste condomínio. -Ele dizia com certo tom de diversão na voz, somente quando se virou em minha direção percebi que aquele era meu ômega. -Não me reconheceu, Hyung! Agora estou tristinho!
-Ah, bebê! Me perdoa, estava tão ofegante com a corrida que nem mesmo me dei conta de sentir seu aroma. -O abracei enchendo sua bochecha de beijos. -Você está ainda mais lindo, se é que isso é possível.
-Senti sua falta! -Jimin falou manhoso fazendo bico em minha direção.
-Estou aqui, amor! -O puxei pela base da coluna, fazendo suas mãos espalmarem meu peitoral por conta do susto. -O que fazia aqui fora sozinho?
-Recebi uma ligação do porteiro, achei que fosse você. Agora parei para raciocinar, quem será que... -No mesmo instante um carro passou acelerado pela avenida, e minha reação imediata foi abraçá-lo. -Jungkookie!
-Já passou! Não aconteceu nada, se acalma. -Sussurrei em seu ouvido, ainda sentindo seu corpo trêmulo. -Vamos ter que contar ao seu pai sobre isso.
-Não, Jungkookie! Ele vai me fazer ficar em casa, eu quero sair um pouco daquele apartamento. -Seus olhos ser ergueram em direção aos meus. -Eu prometo que vou ser cuidadoso. Não deixa isso estragar nossa noite.
-Tudo bem, bebê! -Deixei um beijo em sua testas, sentindo seus braços me apertarem ainda mais em sua direção. -Vou cuidar de você.
Com o ômega mais calmo o guiei até a moto, parando ao lado do veículo para ajudar Jimin com o ajuste do capacete. Me certifiquei de que ele ficaria devidamente aquecido e enfim subi na motocicleta. Nem foi preciso pedir para que ele se segurasse, assim que subiu meu namorado já tratou logo de se agarrar firmemente em minha cintura. Ganhei um pouco mais foi velocidade nas ruas e avenidas de Seul, nosso destino ficava a pouco mais de trinta quilômetros, um bar mais sofisticado que costumava ir na época de faculdade. Um local onde tem a gastronomia de diversos países, e onde não somos perturbados por músicas altas e jovens embriagados.
Assim que chegamos deixei a moto com o manobrista e os capacetes e jaquetas com um recepcionista responsável por guardá-los. Antes de enfim entrarmos tive ainda que apresentar um documento de identificação para confirmar a maioridade do meu ômega, o segurança não se convenceu muito apenas olhando aquele rostinho lindo de bebê. Guiei o mais novo pelo caminho que outra recepcionista foi nos indicando, até uma mesa com vista para um dos principais rios da cidade, o rio Han. Jimin optou por se sentar ao meu lado, não na cadeira da frente assim como a jovem havia indicado a ele, assim o ômega poderia ficar o tempo inteiro agarrar ao meu braço, já nem estranho mais suas atitudes manhosas, passei até mesmo a amar todo esse grude.
-Vou poder dormir com você hoje? -Ouvi sua voz baixinha ao meu lado, sua intensão é deixar a conversa apenas entre nós dois.
-Avise seu pai que irá passar a noite na minha casa. -Lhe estendi o celular, vendo o sorriso brotar em seus lábios. -Quero cuidar de você um pouco mais, conversar sobre o que houve essa semana.
Apenas observei enquanto ele ligava para Yoongi, de inicio o mais velho pareceu um pouco relutante, ainda focado na segurança do mais novo, mas cedeu após saber que iriamos para a mansão da minha família, um local cercado por seguranças e muros altos por conta de meu pai. Jimin pareceu mais animado assim que desligou o aparelho, incrível como apenas a confirmação de que passará algumas horas do meu lado, sob meus cuidados e proteção parecem lhe deixar com mais vontade de sorrir, como se minha forma de protegê-lo não fosse tão sufocante. E de fato não é, até porque justamente agora estou deixando ele quebrar uma regrar e escolher um drink do catálogo de bebidas que nos trouxeram.
-Você tomou algum remédio hoje? -Ele negou no mesmo instante e só me restava confirmar em meu namorado. -Escolha algum desta página, são os mais fracos.
-Quero esse. -Jimin apontou então para o catálogo indicando a taça de margarita.
-Tem certeza? Esse não é tão fraco, tem tequila na composição. -Ele me encarou apenas acenando. Parecia uma criança ansiosa pelo doce. -Um margarita, por favor!
-E o senhor? -O garçom anotou o primeiro pedido, me encarando em seguida.
-Por enquanto uma água sem gás, estou pilotando não posso exagerar. -O rapaz anotou e pediu licença antes de se retirar.
-Por que está tão diferente? Nunca te vi dispensar álcool. -O ômega me encarou um pouco confuso.
-Se eu estiver dirigindo, e principalmente se você for o passageiro, não espere que eu vá quebrar alguma regra, Jimin! -Segurei seu queixo aproximando nossos rostos. -Você é carga preciosa.
-Está me fazendo corar, Hyung! Seu idiota! -A forma fofa com que ele disse aquilo me fez rir, assim como fez meu coração se aquecer.
Então puxei cuidadosamente seu lábio inferior entre meus dentes, antes de deixar um selinho rápido em seus lábios e partir para o beijo mais intenso. Uma de suas mãos buscou equilibro se apoiando em minha coxa esquerda, deixando boa parte de seu peso ali. Jimin deixou que todo o comando daquele beijo ficasse por minha conta, sabendo que de qualquer formas ambos terminaríamos o ato com suspiros e respiração acelerada. Naquele momento era como se estivéssemos apenas os dois ali. Quando nos separamos, fiz questão de deixar nossas testas coladas, ainda sentindo nossas respirações se mesclando em um ponto qualquer acima dos lábios.
-Eu amo te deixar corado. Fica ainda mais fofo. -Acariciei sua bochecha vendo seus olhos se prenderam aos meus.
-Perdão, senhores! As bebidas. -O garçom nos serviu, deixando sobre a mesa a taça com o drink, um vidro com a água e um copo. -Vão fazer os pedidos agora?
-Alguma sugestão? -Perguntei vendo ele observar algo em seu bloco de anotações.
-Temos um prato especial feito pelo chefe, algo a base de carne bovina. -O garoto disse totalmente atencioso. -Posso também trazer o menu se preferirem.
-Esse prato parece ótimo. -Jimin resolveu intervir, possivelmente vendo minha expressão indecisa.
-Pode ser. Porção para dois, por favor! -O garoto anotou, e novamente pediu licença antes de se distanciar.
-Esse drink é ótimo, quer provar? -O ômega trouxe a taça até meus lábios, me fazendo beber um pouco. -O que tanto olha, Jungkookie?
-Você. Seu cabelo. Ficou realmente lindo com essa cor. -Escorreguei uma das mãos para a parte posterior de seu pescoço.
-Resolvi deixar assim, ao menos não tenho que ficar me preocupando com tinta desbotando, só com o retoque da raiz é óbvio, mas é um procedimento rápido. -Ele dizia como se precisasse de muito para ficar bonito.
-Você é lindo de qualquer forma, bebê. Jamais deixe que alguém diga o contrário. -Deixei um beijo em sua testa. -Jimin! Não beba tão rápido, assim ficará bêbado antes da comida chegar a mesa.
-Ninguém fica bêbado com uma taça, Jungkookie! -O mais novo rebateu me fazendo rir. -Eu preciso manter a mente um pouco aérea, ficar bêbado vai me fazer bem.
Não gostei do tom que ele usou ao falar aquela frase, sei que não é nada relacionado ao nosso relacionamento, mas não quero Jimin enxergando saída para seus problemas em uma dose de álcool. Hipocrisia eu sei, durante tantos anos afoguei lembranças nas inúmeras garrafas de Whisky envelhecido, mas agora sei que o álcool só me deixava ainda pior, além de me transformar em um caco humano na manhã seguinte. Acreditem ou não, é bem mais saudável enfrentar os problemas com a consciência sã, ao menos assim estará aprendendo uma lição para levar consigo o resto da vida. É isso que meu pequeno tem que entender, não precisa recorrer a substancias como aquelas enquanto existem pessoas dispostas a escutá-lo.
-Se ficar bêbedo, não tenho como levá-lo na moto. Terei de ligar para seu pai te buscar aqui, é isso que quer? -No mesmo instante ele deixou a taça pela metade sobre a mesa.
-Chantagista! -Como uma criança desapontada Jimin cruzou os braços e fez bico, encarando algumas pessoas ao longe.
-Também te amo, bebê! -Deixei um beijo em sua bochecha, ouvindo ele bufar em seguida.
O resto de nosso passeio foi de fato agradável, durante a refeição ainda pedi mais um drink para o garoto, recebendo seu sorriso como resposta. Claro, balanceando alimento com álcool, o efeito não seria tão devastador. No fim, ao pagar a conta e guiá-lo para fora, percebi que Jimin está apenas mais feliz que o normal, um estado de alerta causado pelo álcool, mas nada que se compare a embriaguez. Com o relógio já passando de onze da noite, decidi levá-lo direto para a casa. As temperaturas caíram um pouco mais, seria melhor não arriscar esperando que formasse uma fina camada de gelo no asfalto. Com o transito limpo, demoramos pouco mais de vinte minutos até minha casa, as vantagens de uma motocicleta.
Percebi que Jimin estava um pouco sonolento quando desceu da moto, mas ao invés de correr para dentro da casa ele me esperou em frente a porta, até que eu guardasse a moto na garagem. Deixei os capacetes próximos ao veículo e caminhei até meu ômega tratando de me livrar das luvas de couro, as mesmas que meu garoto disse terem me deixado ainda mais sexy. O abracei pelos ombros, usando a mão livre para abrir a porta. Acreditando que meu pai já estivesse na cama, me deparei com o velho sentando em uma poltrona de frente para a lareira, enquanto lia um livro qualquer e parecia saborear uma xícara de chocolate quente.
-Oh! Chegaram cedo. -O mais velho não precisou se levantar, Jimin foi até onde estava para cumprimentá-lo.
-Boa noite, senhor Jeon! -O mais novo o abraçou, como quem abraça um pai ou até mesmo um avô. -Vejo que está totalmente recuperado. Fico feliz.
-Jungkook, eu já disse o quanto gosto desse garoto? -Meu pai parecia encantando com o mais novo. -Quer uma xícara de chocolate quente, pequeno?
-Me sinto cheio, obrigado! -Jimin negou, se sentando no sofá ao meu lado. -O senhor já deveria estar dormindo. Perdeu o sono?
-Não se preocupe com esse velho, criança! Apenas me prendi a história deste livro, amor romances antigos. -Tem hora que me surpreendo com esse velho, mas é bom vê-lo conversar abertamente com meu pequeno. -Vocês devem estar cansados, podem ir para o quarto, também vou me recolher.
-Boa noite, Abuji! -Deixei um beijo na testa do mais velho, ouvindo meu ômega também desejá-lo uma boa noite antes de finalmente me seguir.
-Boa noite, meus filhos! -Sabia que o velho estaria observando nossos passos até subirmos a escada.
Assim que chegamos ao meu quatro, Jimin tratou de se livrar da jaqueta já que os sapatos ficaram na porta de entrada da casa. O mais novo se atirou sobre a cama, abraçando meu travesseiro como se quisesse aproveitar o perfume impregnado naquele tecido. Apenas o observava enquanto tratava de me livrar das minhas roupas, peguei apenas uma calça de moletom no closet e segui até o banheiro. Precisava de um banho para dormir, todas aquelas roupas de inverno haviam me feito soar como se estivesse me exercitado. Estava quase acabando o banho quanto senti dois braços envolverem meu corpo, não havia nada de malícia ali, apenas meu ômega meio sonolento.
Rindo daquela expressão fofa e das reclamações preguiçosas terminei meu banho e não hesitei na hora de ajudá-lo a se banhar também. É tão bom saber que nossa intimidade como casal chegou a um ponto onde Jimin nem mesmo se importa em tomarmos banho juntos, deve ser a terceira ou a quarta vez que fazemos isso. Tenho uma imensa paixão por cuidar do meu ômega das mais diversas formas, não falo apenas em sentido sexual, falo também de sedimentos, carinho e dedicação. Ainda tive que segurá-lo, sua intensão era ir direto para a cama, sem escovar os dentes. Lhe dei uma boxer limpa e uma das minhas blusas de pijama, só então permiti que ele fosse se deitar.
Assim que me deitei ao seu lado Jimin selou nossos lábios em um beijo calmo, onde ele me pegou de surpresa e comandou toda a ação com perfeita maestria. Se afastou em seguida com um sorriso estampado no rosto, antes de se deitar literalmente sobre meu corpo. Sabia que ele estava apenas a procura de calor, que logo quando adormecesse iria rolar para o canto da cama, e levaria um de meus braços para circular sua cintura. Definitivamente passei a dormir melhor com sua presença em minha cama, é como se minha mente entendesse que não precisa mais me atormentar todas as noites com as dolorosas lembranças, o pequeno ômega em meus braços é sim a minha cura.
-Obrigado por hoje, Jungkookie! -Ouvi sua voz já enfraquecida. -Boa noite, amor!
-Boa noite, bebê! Eu te amo! -Falei observando com dificuldades um pequeno sorriso se formar em seus lábios.
Em menos de um minuto o único som emitido no local foi de sua respiração fraca, parecia um gatinho ronronando deitado sobre meu peito. Deslizei uma das mãos por suas costas, sentindo o doce perfume que vinha de seus cabelos. Mais uma vez me vi em um furacão de pensamentos, tentando achar motivo para alguém fazer tão mal a um anjo como aquele. Se o cretino soubesse valorizar mesmo os sentimentos que Jimin tinha em relação a ele, saberia respeitar cada escolha. Acontece que algumas pessoas simplesmente não conseguem digerir uma resposta negativa, o que me faz acreditar que a aproximação dele com meu ômega, foi por vaidade e não por amor.
Com aquela confusão de pensamentos acabei adormecendo, sentindo meu corpo se entregar aos poucos ao cansaço e a sensação relaxante de tê-lo ali. Tivemos uma ótima noite de sono, como todas as outras que dividimos a mesma cama e o mesmo cobertor. Como havia mencionado, quando acordei por volta de nove da manhã o ômega estava encolhido no canto da cama, embolado na metade do edredom enquanto abraçava um dos meus braços, o mesmo que já se encontrava dormente pois o mais novo estava com metade do corpo sobre ele. Fofo, pena que não conseguiria alcançar o celular sem correr o risco de acordá-lo.
E fiquei ali, por quase uma hora observando meu namorado dormir. Seus olhinhos inchados pelo sono, os lábios entre abertos, os fios loiros atrapalhados sobre o colchão, já que de alguma forma seu travesseiro foi parar próximo aos seus pés. Usei a mão livre para deslizar as pontas dos dedos sobre sua bochecha, querendo gravar cada traços e detalhe de seu lindo rosto, Jimin é como uma obra de arte, mesmo que às vezes se sinta inseguro é um dos ômegas mais lindos que já tive o prazer de conhecer. Seus olhos se abriram levemente, o sorriso foi instantâneo para em seguida o mais novo se aconchegar contra meu peitoral me abraçando.
-Bom dia, Jiminnie! -Sussurrei o apertando levemente. -Dormiu bem, amor?
-Bom dia, Jungkook-ssi! -Ele se mexeu um pouco mais, deixando um beijo em meu pescoço. -Dormi muito bem, e você?
-Melhor do que imaginava. -Continuei encarando o teto, sentindo uma de suas mãos deslizar sobre meu abdômen, enquanto seria sua respiração contra meu pescoço. -Está com fome?
-Minha cabeça dói um pouco, acho que exagerei ontem. -O ômega disse de forma manhosa. -Também tenho fom...
-Tio, está acordado? -Nosso momento fofo foi interrompido por meu sobrinho, mas não fiquei com raiva, nem mesmo meu pequeno. -Vovô pediu para vir te chamar para o café.
-Yah! Estamos indo, Taetae! -Respondi percebendo que o mais novo havia entendido. -Vai tomar banho, ou apenas escovar os dentes?
-Não posso simplesmente só ficar na cama? -Jimin perguntou de forma preguiçosa, é claro que poderia, mas tenho cem por cento de certeza que Taehyung não lhe daria paz.
Meu sobrinho passará o fim de semana conosco, sob responsabilidade do meu pai, Namjoon viajou com Seokjin para uma cidade do interior, serão padrinhos de um casamento e não havia como negar o convite. Claro que o tempo que estiver em cada, Taehyung não ficará a procura de seu avô, seria o mesmo que ficar vinte e quatro horas viajando em romances antigos. Quando Jimin decidiu se levantar, o segui até o banheiro, meu namorado apenas fez a higiene habitual enquanto eu optei por um banho, só assim para despertar de vez o corpo para mais um dia.
Jimin vestiu a mesma calça do dia anterior, mas buscou uma de minhas blusas de moletom que ficou enorme em seu corpo, o deixando extremamente fofo. Depois de nos vestir, o guiei para fora do quarto e quando chegamos a mesa me deparei com Taehyung carregando um pequeno cachorro, sorrindo tentando segurá-lo já que o bicho queria avançar sobre a mesa. Desejei um bom dia e ele e ao meu pai, que parecia animado com a presença do neto. Meu ômega se sentou envergonhado na mesa, se limitando a cumprimentar apenas meu pai, quase adivinhando que seu melhor amigo fosse dizer algo.
-Taehyung, coloque esse bicho no chão. Vai cair pelo de cachorro na comida. -Foi o mesmo que dizer direto para o cãozinho, meu sobrinho simplesmente o abraçou e ainda fez uma careta para meu lado.
-Yeontan não é bicho, é meu filho. Presente de Hobi. Seja mais educado, Hyung! -Ele rebateu continuando com o bicho no colo.
-Jungkookie! -Jimin segurou minha mão por baixo da mesa, me impedindo de rebatê-lo. -Ele é muito fofo, Tae!
-Deveria arrumar um para você, Jiminnie! -O mais novo disse aquilo me encarando, era mesmo uma afronta, sabia que se eu fosse lhe dar um bronca meu pai iria protegê-lo.
-Já tenho um, está na fazenda do seu tio. Jooheon Hyun está cuidado dele. -Meu namorado finalmente entrou na conversa.
-Vovô, meu tio e meu pai nunca tiveram um bicho de estimação? -Ouvi ele perguntar ao meus velho, que apenas riu antes de responder.
-Essa casa era como um zoológico, tínhamos dois cachorros, um gato, coelho, alguns pássaros e até mesmo peixes. Sua avó amava animais, mas quando seu tio e seu pai se tornaram adultos, e ela faleceu aos poucos os bichinhos também se foram pela velhice. -Aquela conversa era nostálgica demais, até mesmo para mim. -Nem sempre esse casarão foi apenas paredes frias de concreto.
Por sorte a conversa mudou de rumo, Taehyung como sempre trazendo mil e um assuntos para a mesa de refeições. Jimin acabou se soltando mais um pouco, rindo com os outros dois enquanto eu apenas observava. É fato que a convivência dele com as pessoas mais importantes de minha vida chega a ser especial, creio que também é por isso que nos damos tão bem. Ao fim do café tive que levá-lo de volta para a casa, sua mãe havia pedido para que ele voltasse um pouco mais cedo para se arrumar para o tal jantar, e como eu deveria comparecer também já marquei a hora de buscá-lo.
Decidi ir até o shopping levando junto meu sobrinho, talvez me ajudasse a escolher uma roupa melhor para o jantar, não queria ir de terno por já vesti-los durante toda a semana. Com a roupa já escolhida o mais novo aproveitou para me extorquir, me empurrando para dentro de uma loja de marca estrangeira. Acho que não preciso mencionar o valor do rombo em minha conta bancária, mas valeu a pena, passar a tarde com ele como nos velhos tempos me fez recuperar a relação de pai e filho coisa que esfriou um pouco desde o início de meu relacionamento com Jimin. Não culpo meu ômega, afinal sou eu quem estou a tanto tempo longe de um relacionamento e acabei exagerando na dosagem de proteção, deixando outras prioridades de lado.
-Kookie Hyung, depois desse jantar poderia trazer Jiminnie para dormir na casa do vovô de novo? -O mais novo perguntou ajeitando o cinto, estávamos a caminho de casa. -Podíamos fazer uma sessão de cinema, Hobi vai vir também.
-Tenho que ver se Yoongi vai deixar, Jimin já dormiu fora de casa ontem. -Dei atenção ao trânsito. -Prometo que farei o possível, tudo bem?
-Certo! Eu sei que tio Yoon vai deixar. -O mais novo logo voltou a atenção para o celular, deixando o silêncio reinar dentro do carro.
Só espero que tudo dê certo.
Olá, Preguicinhas!!! ❤
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타이스 ❤