DEEM AMOR A OBRA! 😘
Boa Leitura! ❤
“Dizem que depois da tempestade vem a calmaria… No meu caso, veio você.”
Jimin P.O.V's
Jamais poderia imaginar que minha vida se tornaria mais interessante com essa viagem, quando entrei naquele avião rumo a Nova York, estava quase certo que seria algo tedioso, repleto de jantares e reuniões. Mas a vida me provou o contrário, tive surpresas boas e ruins, entretanto a melhor delas foi sem duvidas o pedido de namoro. Acreditei por muito tempo que não me interessaria mais por ninguém, e Jungkook apareceu, quase o dobro da minha idade, o que de fato não é problema algum para mim, um alfa misterioso que aos poucos foi domando todos os meus medos, e em meio a tempestade de sentimentos que se tornou minha vida, encontrei a calmaria em seus braços.
Nossa viagem de volta foi sim um tédio, devido ao horário, todos passaram o percurso acordados, e quando pisamos em solo coreano novamente, tive que me despedir do mais velho, me contando apenas com um aperto de mãos. O problema é que Jungkook voltaria para a fazenda, e possivelmente ficaríamos algumas semanas sem nos ver, o que já me deixou meio apreensivo. Sendo sincero, amei cada segundo em Nova York, onde beijos e carícias que trocamos sem medo no meio daquele piquenique, onde o mais velho novamente fez promessas, e a principal delas e me manter afastado de meus medos.
Mais que ninguém, sei que meu namorado também tem seus medos, tem um passado que o mantém prisioneiro em alguns aspectos, mas quero mostrar a Jungkook, que posso amá-lo tanto quanto, ou mais que seu primeiro amor. Não estou em um relacionamento para substituir ninguém, não quero tomar a posição de ninguém, mas quero mostrar ao alfa, que sim, posso ser dono de seu coração, e apesar da minha idade, sou capaz de carregar as responsabilidades de me relacionar com alguém mais velho. Críticas não são nada para quem cresceu no meio delas, e muitas das vezes com o rosto estampado em capa de revistas e primeira página de jornais, legado de ser filho e até então único herdeiro de Min Yoongi e Min Jennie.
Entretanto, mesmo e meio as férias, e após uma viagem curta, cá estou eu, voltando a rotina. Minha mãe com expressão preocupada, conversando com o terapeuta após minha sessão, mas doutor Jun-myeon foi preciso nesta conversa, pela primeira vez concordei com seu pensamento, e ainda melhor, todas as suas palavras combinavam perfeitamente com o roteiro de viagem que tenho na cabeça, mas por ora decidi apenas ouvir. A troca de ansiolíticos, sobre buscar atividades que mantenham minha mente ocupada, tudo no intuito de evitar o estresse das lembranças. Ainda estou pensando se devo ou não contar a mais velha sobre o namoro, veremos qual será sua decisão após a consulta, e só então entrarei com as cartas no jogo da chantagem.
O lado bom de se ter a mãe como cúmplice.
-Então senhora Min, só poderia ter uma conclusão diante de nossa conversa hoje. -O médico olhou para mim, enquanto minha mãe fez o mesmo, apertando um pouco mais minhas mãos. -Jimin precisa de um lugar calmo, algo longe da cidade, quase exilado dessa rotina estressante que é Seul.
Caralho! Alguém trás um Nobel para esse ícone! Eu já disse o quanto amo meu terapeuta?
-Pode ficar tranquilo, doutor Kim. Eu já sei para onde irei mandá-lo. -A mais velha se levantou, lhe estendendo uma das mãos. -Obrigada pela consulta.
-Disponha, senhora Min! -O mais velho sorriu. -Até a próxima sessão, Jimin!
-Até doutor. -Sorri, acompanhando minha mãe até a saída. -Omma!
-Eu sei o que se passa na sua cabeça, Jiminnie! -Ela sorriu, seguindo até o lado do motorista, havia dispensado o chofer para termos uma tarde de mãe e filho. -Primeiro, vamos ao salão de beleza, depois as compras, decidimos isso mais tarde.
-Mas eu não disse nada. -Sussurrei enquanto colocava o cinto de segurança.
-Jeon Jungkook está estampado no seu sorriso, meu filho. -O carro começou a andar sobre a pista quase vazia pelo horário. -E acredite, estou mesmo cogitando a ideia de pedir que ele te leve por um tempo até a fazenda. O único lugar que realmente sei que ficará bem.
-Estamos namorado. -Disparei, vendo a mais velha pisar fundo no freio, e o carro parar de uma vez no meio da avenida. -Ai, Omma! Ficou louca?
-Filho ingrato! -Ela me acertou um tapa fraco em uma das coxas. -Eu enrolando seu pai para você se divertir, e você não me conta nada.
-Eu ia contar, juro! -Falei, mas logo fomos interrompidos por barulhos de buzinas. -Me desculpe, Omma! Ele me pediu em namoro lá em Nova York. Quando apareceu cedo em nosso apartamento, pedindo minha ajuda, era tudo mentira.
Nossa conversa continuou mesmo no salão, a mais velha fazendo as unhas, enquanto eu cuidava da mudança de cor do meu cabelo. Desta vez, optei pelo alaranjado, uma cor que chama a atenção, mas que também me faz ter boas lembranças. Depois de horas ali, ainda tive que acompanhar senhora Min em algumas compras, acabamos encontrando tio Seokjin, que disse sentir falta do filho, mas que Taehyung manda fotos todos os dias, e o sorriso do mais novo o deixa feliz, creio que é isso que minha mãe também deva sentir quando não estou por perto. Por falar na ômega mais velha, tivemos que interromper o passeio por uma ligação do meu pai, dizendo que precisava dela na empresa, não parecia algo sério, mas ainda assim ela acatou o pedido no mesmo instante.
-Vou te deixar em casa antes de ir encontrar seu appa. -A mais velha disse apreensiva.
-Pode me deixar aqui mesmo, eu pego um táxi. -Falei, aprontando para uma das calçadas. -Vou ficar bem, Omma! Assim você não se atrasa.
-Vai ficar bem mesmo? -Apenas afirmei, enquanto ela estacionava. -Tome cuidado, meu príncipe!
-Tudo bem, senhora Min! Se apresse, não vá deixá-lo mais estressado. -Sorri, recebendo um beijo na bochecha antes de sair do carro.
A ômega logo deu meia volta, seguindo a direção da empresa de nossa família. Então comecei a observar onde estava, o centro de Seul, há muito tempo não andava sozinho por ali. Caminhei por algumas ruas, até ter uma vaga ideia, me lembro quando Jungkook mencionou a localização de sua empresa, e de onde eu estava, precisei caminhar mais alguns metros para chegar ao enorme prédio espelhado. Havia uma grande chance de não encontrá-lo ali, mas não custa nada tentar. Reparei em todos os funcionários devidamente uniformizados, parecia tudo seguir uma disciplina rígida, exatamente como no grupo Min. Tive que pegar o elevador após descobrir que tudo ligado a presidência fica na cobertura do edifício.
Ao sair do elevador, me deparei com uma recepção bem decorada, haviam duas garotas vestidas formalmente, uma delas falando ao telefone, parecia resolver algum problema, o que me fez ter certo receio de me aproximar, talvez voltar fosse a melhor opção. Mas a vontade de vê-lo foi maior que a de pegar o caminho de volta, eu devo ser confiante, enfrentar os medos se quero ficar ao lado de alguém como ele. Me aproximei do balcão de vidro, vendo a atenção da garota que estava livre, totalmente voltada para a tela do computador, simplesmente ignorando a minha presença.
-Boa tarde, senhorita! Posso ver o senhor Jeon? -Perguntei de forma educada, vendo seus olhos girarem em minha direção, e analisarem principalmente minha cor de cabelo.
-Francamente, o perfil dos estagiários está cada vez pior! O que pensa, garoto? Acha que Jungkook atende qualquer um que chega aqui? -De tudo o que ela havia falado, me choquei mais com a parte de se referir ao seu chefe de maneira tão informal.
-Diga a ele que o filho do senhor Min tem assuntos importantes a tratar. -A garota então gargalhou, me fazendo ficar ainda mais irritado, mas mantendo a calma para não fazer cena.
-Anda garoto, volta para o manicômio e me deixa trabalhar. -Sua atenção voltou para o computador.
-Senhorita, Yoona! O relatórios estão pron... -Ouvi a voz do mais velho, então ele sorriu ao meu ver ali. -O que faz aqui, bebê?
-Vim fazer uma surpresa, mas parece que você não recebe qualquer um em sua sala. -Falei aquilo encarando a garota, que naquele momento perdeu até mesmo a cor. -Posso te ver mais tarde? Em outro local se preferir.
-Claro que não. -Jungkook me abraçou pela cintura, já desconfiava do tratamento que recebi ali. -Senhorita Yoona, suspenda as ligações para minha sala, para todos os efeitos, estou em uma reunião importante.
-Sim, senhor! -Foi tudo o que ela disse, e ainda ficou com meu sorriso vitorioso, enquanto meu namorado me puxava em direção ao escritório.
Assim que a porta foi fechada, recebi o beijo que tanto almejei nos últimos dois dias. Suas mãos estavam ali, novamente apertando minha cintura, enquanto nossos lábios se moldavam de forma perfeita. Enlacei minhas pernas envolta de seu corpo, até ser sentado sobre sua mesa. Jungkook parecia estar com a mesma saudade que eu, o sentia afoito em meio aquele gesto repleto de desejo. Emaranhei os dedos em seus fios negros, enquanto seus lábios desceram para meu pescoço, deixando beijos capazes de arrepiar todos os fios de meu corpo. Nos afastamos completamente ofegantes, mas com um enorme sorriso no rosto.
-Você está lindo. -O alfa disse passando as mãos em meus cabelos. -Gostei mesmo desta mudança.
-Fico feliz. -Sorri, o abraçando bem apertado. -Você tem uma fã de carteirinha aqui, hein. -Afirmei, vendo seu sorriso se desmanchar. -Tão confiante a ponto de lhe tratar de maneira informal.
-Ela te tratou mal? -Ele perguntou mesmo já sabendo da resposta. -Yoona tem uma queda por mim, mas nunca a correspondi. Se quiser, eu amando embora.
-Não, Jungkook! -O encarei, com as mãos espalmadas em seu peito. -Não precisa ser assim, ela talvez precise do emprego, então não tome essa atitude. -Senti uma de suas mãos em meu queixo. -Eu confio em você, e não sou mimado à ponto de prejudicar alguém dessa forma.
-Mas ela te tratou mal. -Jungkook voltou a repetir, e sua proteção mais uma vez aqueceu meu peito e me fez sorrir de forma boba.
-Eu não morri ou me feri por causa disso, ok? -Levei ambas as mãos até seu pescoço, o puxando em minha direção. -Estou bem, não precisa agir de forma grosseira com aquela garota.
-Só porque você pediu com jeitinho. -Ele murmurou contra meus lábios, levando ambas as mãos até minhas coxas e me puxando ainda mais em sua direção. -Senti sua falta.
Então o puxei selando nossos lábios, sentindo seu toque firme em meu corpo, enquanto acariciava a parte posterior de seu pescoço. Gemi de forma manhosa, sentindo meu abdômen se aquecer com tamanha intensidade, como me viciei em seus beijos, suas carícias. Jungkook porta uma experiência incrível, e é isso que mais me atraiu. Longe dos alfas de minha idade, onde colocam a guerra de hormônios e desejos incalculáveis acima de sentimentos. O alfa a minha frente, parece prezar muito por minha segurança e meu bem estar, vai ver é por isso que me sinto tão bem em seus cuidados.
-Jungkookie, se eu pedir algo, você diz sim? -O mais velho se distanciou, me encarando de forma curiosa.
-Depende. -Ele respondeu, como qualquer pessoa sensata. -Vou morrer por isso?
-Ter minha companhia por mais de quinze dias é considerado morte para você? -O alfa pareceu confuso, mas ainda assim me encarava profundamente. -Pode me levar com você, quando retornar para a fazenda?
-Jimin, se dependesse apenas da minha escolha, estaríamos embarcando para qualquer lugar do mundo. -Jungkook dizia tudo aquilo, acariciando meu rosto. -Eu sei que você é maior de idade, mas seu pai é bem restrito quanto a sua segurança, imagino que ele não vá deixar você ir sozinho comigo para a fazenda.
-Você falou alguma merda para ele, não falou? -O encarei com os olhos semicerrados, meu pai não age com cautela sem ter um motivo.
-Bom, eu... -O alfa coçou a parte de trás da cabeça. -Você tem uma boca bem suja, não é?
-Não muda de assunto! -O puxei pelos passadores da calça. -Me diga o que disse ao enigmático senhor Min, quem sabe eu consiga contornar a situação. Preciso ficar longe da cidade, e sua companhia é sem dúvidas melhor que a companhia da minha avó.
-Eu meio que... Eu... -Jungkook parecia bem nervoso. -Em nossa primeira reunião, antes do jantar na fazenda, sugeri me casar com você por conveniência.
Puta merda, Jungkookie! De tanta asneira, tinha que escolher justo a mais estúpida?
-Ok! Isso vai dar trabalho. -Suspirei, o abraçando. Ouvindo inúmeros pedidos de desculpas. -De qualquer forma, vou tentar convencê-lo. Você me aceitaria como hóspede?
-Como convidado de honra seria melhor. -Senti seus lábios novamente em meu pescoço. -E se preferir, podemos dividir até mesmo minha cama.
-Vai com calma, soldado. -O empurrei levemente, tentando disfarçar meu nervosismo. -Desculpa, mas essa parte ainda me assusta. -Confessei, vendo as memórias massacrarem minha mente mais uma vez.
-Sinto muito! -Jungkook me abraçou, deixado vários beijos em meu rosto. -Eu deveria ter mais cuidado com o que falo.
Fiquei por mais alguns minutos lhe fazendo companhia, quando disse que estava indo para a casa, o alfa fez questão de me levar em segurança, dispensando o resto da tarde na empresa, e dizendo às duas recepcionistas, que independente do que ele esteja fazendo dentro de sua sala, eu tenho passe livre, e posso entrar sem ser anunciado, mas algo me intrigou, jurei ver um sorriso suspeito no rosto da garota que me maltratou mais cedo. Durante todo o percurso até minha casa, Jungkook não poupou novos elogios a minha cor de cabelo, o que me deixou ainda mais feliz com a escolha.
O mais velho não quis entrar no condomínio, apenas me deixou na portaria e seguiu até a casa de seu pai, local que eu conheço perfeitamente. Meus pais já haviam chegado, e uma pequena discussão sobre meu paradeiro deixava o clima meio tenso. O velho senhor Min, dizendo que minha mãe foi irresponsável em me deixar andar sozinho pela cidade, exagero de sua parte, como se eu precisasse de alguém para checar a estabilidade do solo, antes de dar o passo seguinte. Apenas com a minha presença ali, tudo se acalmou, e alfa irritado foi obrigado a pedir desculpas a ômega, novamente acabando em um beijo. Definitivamente nunca irei entender os dois.
A mais velha me seguiu até o quarto, me cobrando explicações por não ter vindo direto para a casa, não via o nervosismo em sua voz, apenas a boa e velha preocupação de mãe. Depois que expliquei onde estava, e na companhia de quem, ela se acalmou mais, e saiu para resolver com a cozinheira o cardápio do jantar. Deixei algumas coisas sobre a cama, e fui direto para o banheiro, me livrar do cansaço de passar o dia fora, e das roupas impregnadas com o aroma do alfa, sorte meu pai não ter sentido o cheiro, aposto que estava dando a atenção a algo mais interessante em sua esposa.
Vesti um dos pijamas, minha vestimenta clássica para desfilar dentro de casa. Sequei meus cabelos, sorrindo de forma idiota para o espelho, imaginando cada segundo dentro daquele escritório. Não vou mentir dizendo que não me excitei com a proposta de Jungkook de dividirmos a mesma cama, mas confesso que senti medo também. Mesmo que as dores daquele dia sejam algo em sua maioria psicológicos, mas Taemin distorceu toda a imagem romântica que tinha de uma primeira vez. Não teve beijos carinhosos, não teve seus lábios marcando minha pele, e mesmo estando em heat eu não implorei para que suas ações continuassem.
Dizem que todo o ômega implora por uma marca no auge de sua insanidade, quando o desejo fala mais alto, quando o prazer toma seu corpo, quando sua lucides é tomada mesmo de forma selvagem, mas meu ex me fez implorar pela morte. Enquanto descontava suas frustrações em mim, naquela maldita noite, antes de me abandonar frio, sangrando e chorando naquele beco, embaixo de uma chuva intensa, não ouvi um “Eu te amo”, tudo o que eu ouvi foi a frase mais dolorosa que seu ato, “É isso que vadias merecem”. Nunca faltei com respeito a ele, sempre me mantive compreensivo as suas decisões como alfa, mas ele não respeitou minha única decisão, de me entregar somente após o casamento.
Jungkook apareceu, me tirando o medo de voltar a amar, acredito que com um tempo, da forma correta, e com seu jeito compreensivo, também acabe me conduzindo a perder o medo de me entregar por completo. Sei que passarei a considerar essa como minha primeira vez, talvez não seja com ele, mas se for, tenho a absoluta certeza de que sabendo de minha história, irá me respeitar a todo momento. Quero sim ser amado desta forma, desejo de todos o coração que alguém desperte meu lado insano e cheio de desejos, mas tenho medo de sentir novamente as dores horríveis daquele momento. Mas é como o terapeuta diz, só irei me livrar deste fardo, quando enfrentá-lo de vez.
-Gostei desta cor. Ficou bem em você. -Me assustei com meu pai parado no batente da porta. -Jimin, por que eu tenho a absoluta certeza de que você e sua mãe estão tramando por minhas costas?
-Que bobeira, Appa! -Sorri, me virando para encará-lo, torcendo para não deixar meu nervosismo tão aparente.
-Sabe que não vou brigar com você caso esteja se relacionando com alguém não é, meu filho? -Seu tom sério me causava arrepios. -Apenas quero saber quem é essa pessoa, para não correr certos riscos.
-Eu juro que não estou com ninguém, Appa! -Seus olhos pareciam analisar minha alma. -Juro que se aparecer alguém, o senhor será o primeiro a saber.
-Ah, pode apostar que sim. -Ok! Senhor Min e suas manias de colocar medo e paranoias em minha cabeça. -Faça suas malas, você vai viajar amanhã a tarde.
-Ei! Como assim? Nem mesmo pergunta seu eu... -No mesmo instante apareceu uma mensagem de Jungkook no visor do meu celular.
-O que dizia? -O mais velho voltou a postura normal. -Acho bom colocar roupas de inverno, a neve deve começar a cair por esses dias, e você vai para um local muito frio.
-Sim, Abuji! -Falei me curvando em sua direção, enquanto o alfa saia do quarto deixando o aviso do jantar em alguns minutos.
Não sei qual desculpa minha mãe inventou para o mais velho, mas a mensagem que Jungkook me enviou, perguntava o que havia feito, pois meu pai ligou o perguntando se poderia me hospedar em sua fazenda por um período de duas semanas. Confesso que a expectativa não cabia em meu peito, e se eu começasse a pular dentro do quarto, comemorando como um adolescente normal, com certeza o alfa mais velho iria desconfiar de meu comportamento. Senhor Min é um ótimo jogador quando se trata de estratégia para descobrir uma mentira, reconheço que devo ser mais cuidadoso.
Ainda trocando textos com meu namorado, perguntei o que deveria levar para quinze dias no campo, coisas básica já que ele está acostumado a se exilar por tanto tempo, e conhece melhor que eu aquele lugar. Durante o jantar, senhor Min analisou minuciosamente cada traço de meu rosto, quando mencionou o local para onde iria me mandar em viagem, e disse que eu deveria agradecer ao terapeuta, caso contrário iria com minha avó para a Europa. Depois descobri o real motivo de sua decisão, minha mãe o convenceu a sair em uma segunda lua-de-mel, o que me faz acreditar que em breve não serei o único herdeiro dentro de casa. Sim, meus pais vêm tentando fabricar uma criança.
Antes de dormir, minha mãe me ajudou com as malas, me pedindo apesar de tudo para ter juízo com minha ações, e que eu aproveitasse cada instante ao lado de Jungkook. Sim, a ômega mais velha me apoia, pois simplesmente perdeu a adolescência trabalhando em frente as câmeras, com uma imagem tão inocente a ponto de não poder nem mesmo curtir a boa fase de um namoro. Apesar de ser feliz, em um casamento bem sucedido e repleto de amor, ela sente falta da adrenalina que é a troca de beijos em locais inusitados, loucuras pelas quais a maioria dos jovens estão habituados.
Confesso que quase não consegui dormir por conta da ansiedade, e por isso, conversei boa parte da madrugada com Taehyung. Meu melhor amigo disse que aproveitando o último dia de calor intenso da estação, estava semelhante a um camarão de tão vermelho, havia acabado de retornar de uma clínica médica, Hoseok o levou por conta dos efeitos de uma insolação. Acho que nunca vi o mais novo fazer tanto drama, mas ver seu rosto coberto pela pomada, realmente me deu um pouco de pena, mesmo que a vontade de rir tenha sido maior.
[...]
Acordei por volta das dez da manhã, sendo um sábado, meu pai estará em casa antes na hora da minha partida, por isso nem se deu o trabalho de me acordar antes de ir para a empresa. Minha mãe que parecia animada, e só fui entender o motivo, quando vi através da janela, uma fina camada de neve sobre o asfalto, assim como eu, a mais velha é apaixonada por inverno. Passamos o resto da tarde sentados na sala, dividindo o sofá e as lágrimas na companhia de um filme romântico, muita pipoca e chocolate quente, por isso senhor Min vive dizendo que eu sou a versão masculina de Min Jennie, vejo isso como um tremendo elogio, pois além de linda, minha mãe tem uma personalidade incrível.
-Cheguei família! -Ouvi a voz de meu pai, ao menos parecia estar de bom humor. -Jennie, se prepara que a noite vai ser longa hoje.
-Oh nojo! -Me levantei do sofá, fazendo careta enquanto observava o mais velho se sentar na poltrona, afrouxando a gravata.
-Eu disse algo de errado? -O alfa perguntou, na maior naturalidade de todas. -Só quis dizer que temos dois eventos hoje. Um jantar na casa de seus avós e depois uma festa beneficente daquela ONG que cuida de animais. -O velho estava apenas sorrisos. -Está com a mente bem suja, criança!
-Vou me arrumar para a viagem, apenas não se comam no sofá. -Segui em direção ao corredor, ouvidos meu pai exigir respeito com a voz tremula por conta de uma risada.
Céus! Me ajude a entender a bipolaridade de Min Yoongi!
Não precisei de muito tempo para me arrumar, vesti apenas moletons mais resistentes e um casaco mais grosso, além da touca, cachecol e luvas, tudo para conter o frio das estradas, e a temperatura que por conta da primeira nevasca do ano, está em torno dos graus negativos. Jungkook não demorou a tocar a campainha, e fez questão de seguir até em minha casa para me ajudar com a mala. Meu pai lhe fez alguns pedidos, com me trazer de volta imediatamente caso ocorra alguma crise, coisa que possivelmente não ira acontecer. Me despedi dos mais velhos com beijos e abraços bem apertados, e finalmente quando sai, pude suspirar de alegria.
Meu namorado estava com roupas mais simples, e o sobretudo em seu corpo era o que o deixava mais atraente. Jungkook disse que iriamos passar em um mercado antes de irmos, ele costuma ter na fazenda, apenas aquilo que consome diariamente, nada que agrade alguém da minha idade. Na verdade, o alfa usou como desculpa, para encher as sacolas de doces e outras coisas saborosas, apenas para tentar me agradar. Ainda não se deu conta que sua simples presença já é o suficiente. As férias que me pareciam morrer em meio ao tédio, se encheram de esperança com a simples ideia de passar um tempo ao seu lado, sem me preocupar com a vigilância de meu pai.
As duas horas previstas para a duração da viagem, se tornaram três devido as estradas escorregadias. Jungkook teve muita cautela, ainda mais por estar em um carro esportivo. Quando chegamos, o mais velho fez questão de carregar minha mala, alguns empregados estavam aguardando na sala de entrada da mansão, e ficaram surpresos do patrão não ter retornado sozinho, diria que alguns até mesmo felizes por ele, já que meu namorado parecia visivelmente mais leve que a primeira vez que estive ali. Jeon cumprimentou a todos, assim como eu, o difícil vai ser decorar o nome dos cinco, já que é um em cada função, mas aposto que consigo.
-Bom, senhores! Jimin ficará por quinze dias, então caso ele precise de algo, podem preparar sem que eu autorize. -Jungkook disse seriamente, e todos acataram sem problema algum. -Senhorita Kun, prepare o quarto que o hospedou da última vez.
-Sim, senhor! -A garota se curvou, pegando minha mala e subindo até o segundo andar. Então decidi acompanha-la sem dizer uma só palavra.
O quarto estava perfeitamente em ordem, não entendia o que Jungkook quis dizer com preparar o quarto até ver a garota desfazendo minha mala, para mim aquilo já era abusar do serviço dos outros, um ponto que irei discutir com meu namorado assim que tiver a oportunidade. Dispensei a garota, dizendo que não precisava se preocupar com aquilo, então vi a mesma sorrir um pouco envergonhada, parecendo aquela meninas que trabalham a gerações em cargos como aquele, como se passasse de mãe para filha, sem perspectiva alguma de melhorar um dia. A mesma ainda sai do quarto, dizendo que se precisasse de algo, era só chamar.
Tratei de desfazer a enorme mala, arrumando em uma espécie de armário que havia ali. Depois do serviço pronto, sai a procura de Jungkook, meio preocupado já que estava escurecendo. Uma das funcionárias veio me perguntar sobre o que eu queria para o jantar, o que me fez rir internamente, antes de lhe dizer que poderia preparar o que seu patrão já estava habituado. A velha senhora sorriu de forma terna, e pareceu ser mais uma que gostou de minha presença ali, pelo visto meu namorado não é alguém tão educado com os funcionários, e acredito que nem mesmo os companheiros ou companheiras do mesmo a frequentarem a casa.
Sai para o hall de entrada, vendo um homem buscar o carro que estava parado no inicio da escada, me lembrei do nome que Tae o chamou, senhor Im, com toda certeza ele deve saber onde meu Jungkook está. E obviamente sua resposta veio com a palavra hípica no meio da frase, é quase certeza que estaria visitando os cavalos após tanto tempo longe. Então agradeci, tomando coragem para caminhar no meio daquela camada de neve, me esquecendo que estava apenas de moletom, e mesmo sendo uma roupa devidamente quente, não consegue sozinha conter um frio de três graus. Desci as escadas de acesso aos estábulos, e lá estava ele, conversando com o responsável pelo tratamento dos seus preciosos bichinhos.
-Senhor Jeon! -O chamei, sendo formal por estarmos na frente de um dos funcionários, mas Jungkook sorriu, me chamando com uma das mãos.
-Venha cá, bebê! Não precisa de formalidades, Jooheon-ssi é de confiança. -O mais velho me abraçou pela cintura.
-Prazer, senhor! -Estendi uma das mãos ao rapaz, que me cumprimentou meio desajeitado.
-O prazer é meu. -Ele sorriu, apertando levemente minha mão. -Senhor Jungkook falou muito sobre o novo namorado, achei que ele estivesse brincando. Parecia até um daqueles adolescentes cheios de hormônios.
-Ei, pega leve. Sou velho, mas não estou enferrujado. -Jungkook comentou nos fazendo rir. -Então, Jooheon-ssi. Creio que amanhã eu deva voltar a treinar, mas fiquei atento a camada de neve, se ficar mais espessa, não vou forçar os cavalos a esse tipo de condições.
-Sim, senhor! -O garoto disse. -Ah, e devo lembrar que está na época de chamar a veterinária para vacina-los, posso solicitar a visita?
-Veja a data que lhe for mais conveniente e me avise. -Apenas observava a forma saudável que tratam um ao outro. -Agora vá para casa, amigo! As temperaturas vão cair ainda mais, não quero que fique doente.
-Obrigado, senhor! -Ele disse animado, antes de fechar a última baia. -Foi bom conhecê-lo, Jimin-ssi!
-O mesmo. -Sorri, me curvando antes de acompanhar os passos de Jungkook.
-Você não deveria ter saído sem roupas mais quentes, Jimin! -O mais velho me abraçou. -A pontinha do seu nariz está vermelha por conta do frio. Além do mais, temperaturas tão baixas causam queimaduras na pele.
Sem que eu lhe respondesse, ele me guiou para dentro da casa, até a sala de visitas, local onde o fogo trepidava na lareira. Meu namorado se sentou em meio a algumas almofadas, me puxando para seu colo na tentativa de aquecer meu corpo. Como é aconchegante estar em seus braços, sentir o calor de sua pele, e o amor ser transmitido por seus lábios. Antes do jantar, decidi tomar um banho, e assim que deixei o banheiro, me deparei com Jungkook dentro do quarto, com uma blusa de tricô em suas mãos. O mais velho de aproximou, sem que eu dissesse nada, e apenas a colocou em meu corpo, por cima da camiseta que estava ali.
-Essa blusa é minha, vai te mandar bem aquecido durante a noite. -O alfa disse deixando um beijo em minha testa. -Vamos, o jantar já foi servido.
Durante a refeição, só consegui manter os olhos fixos sobre ele, Jungkook parecia cansado, como se voltar ao local lhe trouxesse junto todas as suas lembranças. Após o jantar fui até meu quarto, já que ele praticante me abandonou na mesa e seguiu sem explicações até o escritório. Estava me preparando para dormir, já havia escovado os dentes e bebido algumas gostas de meu remédio, quando ouço batidas leves na porta do quarto, quando me virei, encontrei o alfa, bocejando por conta do sono.
-Estou indo me deitar, passei para lhe desejar boa noite. -O ignorei, já que ele fez o mesmo na mesa de jantar. -Jiminnie, aconteceu alguma coisa?
-Imagina! -Sorri, segurando a vontade de desabafar, devido a mudança súbita de comportamento. -Antes do jantar estava todo amores, de repente se tornou frio e distante. Talvez não tenha sido boa ideia vir para cá.
-Me desculpa, bebê! -Ele me abraçou, deixando minha cabeça contra seu peito. -Achei que isso não iria te afetar tanto assim.
-Entende que não conheço quase nada aqui, não é? -Sussurrei, sentindo suas caricias em minhas costas. -Poxa, temos quinze dias para aproveitarmos e você se tranca no escritório ou procura os cavalos, me deixando sozinho.
-Vem! -Ele me surpreendeu, me puxando para fora do quarto. -Vamos começar a aproveitar agora.
Sem entender o que ele quis dizer, me deixei ser levado até seu quarto, onde o mais velho empurrou o edredom, me empurrando para uma das beiradas da cama. Então entendi, ele queria minha companhia durante a noite, sem malicia, apenas presença e carinho. Aproveitei para ficar ainda mais perto, deitado sobre seu peitoral, recebendo pequenos beijos e uma desajeitada canção de ninar, Jungkook está levando essa história de bebê a sério até demais. Antes de dormir, ainda sentir um beijo apaixonado ser deixado em meus lábios, e um sussurro que não entendi muito bem, o efeito do remédio já havia tomado meu corpo. Ao menos a primeira noite será aconchegante.
Olá, Preguicinhas!!! ❤
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타이스 ❤