Capítulo 78

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Daphne

O rifle parecia mais pesado em minhas mãos, mas foi só colocar meus olhos sobre o podre Allan Wide que isso mudou drasticamente.

Allan estava em um grande salão mal iluminado da fábrica, cercado por vários capangas fortemente armados. Eu estava dois pisos acima com meu rifle apontado diretamente para a cabeça dele enquanto me escondia nas sombras.

Meu dedo formigou para acabar com tudo naquele momento. Eu tinha o poder. Mas matá-lo iria resolver apenas metade do problema. Ainda não tínhamos nenhuma ideia de onde estava Sally e Clara, e sem Clara, sem a garotinha de Marcus, eu não podia ficar. Eu segurei minha vontade, mordi minha língua até sentir o sangue, e mudei minha mira apenas um centímetro.

Allan se virou para a direita, cochichou algo com seu capanga mais próximo, riu.

Escutei um barulho e em seguida, Allan abriu os braços como se saudasse a chegada de alguém, e me espremi mais para a frente até conseguir ver perfeitamente quando dois homens grandes arrastaram uma familiar mulher loira e jogá-la de joelhos aos pés de Allan. Prendi a respiração e esperei.

— Senhora...

— Silêncio! — ordenei em um sussurro, meus olhos ardiam enquanto assistia a cena.

Allan riu mais uma vez como se acabasse de ouvir a piada mais hilária e a loira chorou alto.

Meu ódio cresceu rapidamente e consegui me imaginar perfeitamente atirando em ambos daquela mesma distância. Seria até fácil. Cat treinou muito comigo, eu era bem razoável em acertar alvos distantes. Cheguei até a colocá-los na mira, mas parei.

— Ora, ora — a voz de Allan chegou até mim — Minha doce e ardente Sally.

— O que você está fazendo? — Sally choramingou erguendo o rosto para ele, consegui ver sua dor e terror e meu estômago estremeceu.

Onde diabos estava Clara se não estava com a mãe?

— Eu disse a você exatamente o que faria. Não entendo sua pergunta, meu amor.

— Minha filha — a voz de Sally tornou-se feroz — Onde está a minha filha?

— Segura.

— Onde? — exigiu mais furiosa.

Allan agachou a sua frente e Sally pulou nele urrando, conseguiu puxar seu cabelo com ferocidade, mas logo foi afastada pelos dois homens que a trouxeram. Eles a jogaram no chão e um deles a chutou no rosto.

Allan apenas ajeitou o cabelo.

— Nunca mais verá aquela menina, Sally — sua voz gélida me fez sentir pena da mulher, que mesmo machucada ergueu o rosto corajosamente para ele.

— Você mentiu para mim. Você disse que me amava!

— Eu sou homem, querida. É o que eu faço. Minto, prometo o céu e a terra apenas para ter o que eu quero. Seja isso sexo, dinheiro ou vingança. Você que foi tola em acreditar.

Sally sentou, passou a mão no rosto e olhou ao redor, finalmente percebendo onde havia se metido. A tristeza e dor encheram o ar e senti uma estranha simpatia por ela.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora