Capítulo 58

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Nem sempre são escolhas fáceis, mas a gente precisa tomar os rumos da nossa vida – eoteamo
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Daphne

Nina estava do lado de fora da casa brincando com Jack e meus irmãos. Uma hora ou outra eu espiava para ver como eles estavam.

Eu não tinha nada contra Nina, mas levando em conta que a garota passou nove anos trancada pelo próprio pai e mantendo em mente a vadia de babá que tivemos, ninguém realmente podia me culpar por me preocupar com eles.

Subi na mesa e encarei o teto depois de ter certeza que Nina não estava louca e nem planejava roubar todas as crianças da casa.

Eu estava entediada.

Dolorosamente entediada.

Eu precisava sentir meu sangue ferver, chutar a cara de alguém e sentir que eu estava na porra do controle.

Claro que eu estava amando minha atual vida. Ter meus irmãos e Dylan era mais que perfeito. Era algo além do que eu imaginei. Mas eu sentia que precisava fazer mais do que ser a “dona da casa”.

Ouvi alguém se aproximando, mas não fiz questão de saber quem era.

— Por que está triste? — Cat subiu ao meu lado na mesa e se deitou comigo.

Tentei não pensar na mesa se quebrando com nosso peso. Seria uma queda feia.

— Entediada. E você? Achei que estava ocupada essa semana toda.

— Minha agenda foi zerada.

A olhei confusa e ela assentiu.

— Eu sei. Também fiquei confusa. Max ligou essa manhã dizendo que precisava de trabalhos para as garotas novas. Me sinto velha, Daphne.

Soltei uma risada.

— Bem, você está.

— Tenho vinte e seis anos, cadela. Tô novinha.

Revirei os olhos.

— Já pensou em parar de vez? — perguntei.

— Já. Muitas vezes. Principalmente quando as coisas ficam difíceis.

— E por que ainda não parou?

— Por que você está entediada? — sorriu de lado já sabendo o motivo.

— Então... você gosta de ser uma prostituta?

— Às vezes. Mas, sabe, é mais porque eu posso ser várias pessoas para os clientes. Cat, a aventureira. Cat, a piranha safada. Cat, a inocente. Cat, a pessoa. E é divertido. Por algumas horas ou dias eu me sinto bem sendo alguém diferente. Sem passado. Sem futuro. Só o presente — a voz de Cat tornava-se mais baixa a medida que falava, seus olhos escuros me encaravam, mas era como se não me visse. Ela estava dizendo aquilo para ela mesmo, não para mim.

Respirei fundo e desviei o olhar. Era a minha vez de abrir minha mente.

— Eu gosto de me sentir perigosa. De sentir o sangue ferver, a adrenalina de estar lutando contra alguém real. Alguém que não seja eu mesma. Quero essa casa, meus irmãos, Dylan e eu família para eu cuidar e amar, mas também quero ser eu. Ou descobrir a cada dia quem eu sou e quem eu posso ser. Cat, não quero acordar com oitenta anos e ser a mesma pessoa. A mesma fodida pessoa — engoli em seco — Quero sentir que a vida vale a pena.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora