Capítulo 32

6.6K 523 207
                                    

Você vai caminhar por um mundo horrível, onde a maioria vai fingir te amar
Buzz Lightyear, Choice part. Azzy
___
Dylan

Sentei-me no terceiro degrau depois de tirar o capuz dele e deixar sua comida a sua frente. Meu pai me olhou com deboche e examinou o conteúdo da bandeja. Ele riu e afastou a bandeja abruptamente.

— Acha que sou algum cachorro, garoto?

— John tem um senso de humor admirável — disse, e encarei a vasilha que John usava para servir água a Snow, a linda cadela de Branna. Ele realmente tinha um bom senso de humor mesmo nas nossas situações. — Você sabe o porquê estou aqui, pai. Sabe o que eu quero.

Meu pai revirou os olhos.

— Eu apreciaria muito uma Coca Cola.

Respirei fundo e cruzei os braços, deixando meus cotovelos apoiados nos joelhos.

— Diga-me onde eles estão.

— E pizza. Nossa, sinto falta da pizza.

— Pai...

— Ou cerveja. Garoto, eu mataria por uma cerveja — ele riu ao me ver fechar os olhos — Vamos lá, filho. Peça-me tudo, menos Nina e o garoto.

— Não quero nada de você além deles.

— Você sabe que está mentindo.

Olhei para todo lado menos para ele. Odiava o modo como ele mexia comigo, como me deixava nervoso, sinistro.

Ouvi a porta do porão sendo aberta e o som dos saltos me fez olhar. Cat parou bem atrás de mim, os olhos negros fixos no homem acorrentado e de joelhos no chão. Fiquei de pé e lhe dei passagem. Ela ficou ao meu lado encarando meu pai com tanta intensidade que engoli em seco por ele.

Walter olhou entre nós e esperou.

— Cat veio ajudar você a falar — expliquei.

A risada dele fez meu estômago embrulhar. Percebi que Cat se encolheu, mas deixou um sorriso debochado nascer nos lábios pintados de vermelho.

— Não tem motivos para rir, querido — a voz dela era altiva.

— A imagem de você me torturando é engraçada, meu anjo. Você nunca torturou ninguém, Catarina.

— É verdade, mas já fui torturada. Eu conheço a dor, Walter. Sei como ela é. Não sou a Jasmine, mas sei que posso fazer você tremer.

Eu queria que ela estivesse certa.

— Você está errada.

— Veremos!

Meu pai revirou os olhos.

— Eu tenho anos e anos de prática, Cat. Fui criado para aguentar a pior das torturas.

O sorriso de Cat se alargou e ela se aproximou dele como uma verdadeira gata faria, calculista e felina.

— Você me subestima, Walter. Acha que me conhece, mas não. Você nunca conheceu a verdadeira Catarina Dawson. Como poderia? Você é um monstro.

— Todos somos monstros, minha querida. Veja você, por exemplo. Vive sua vida como se não tivesse culpa na morte de seus pais, mas nós sabemos bem que... — ele não terminou sua fala, pois Cat o golpeou.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora