Capítulo 68

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"Toda mudança causa um certo estranhamento" — Planteador 

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Dylan

Estava sentado sozinho em um canto escuro na boate de minha família há mais de uma hora. Uma vez ou outra uma garota passava por minha mesa e deixava uma cerveja ou doses de Whisky que eram muito bem aproveitadas.

Meu celular voltou a vibrar na mesa e o peguei, olhando sem emoção para as milhares de mensagens deixadas por Daphne nas últimas horas. Eu sabia que ela estava puta comigo. Tão raivosa que eu iria ouvir boas quando fosse para casa, talvez até levaria alguns murros que eu definitivamente merecia. Odiava ficar sem falar com ela, sem ouvir sua voz ou olhar encantando para a profundidade de seu olhar marcante, mas era necessário. Se ela soubesse que eu estava prestes a abrir mão de toda a fortuna e posição da minha família, com certeza arrancaria minhas bolas.

A ideia absurda de acabar com tudo aquilo estava em minha mente, borbulhando e dizendo que não havia outra saída. Sim, eu poderia tentar matar Allan. Daria certo? Talvez. Mas, mesmo quando ele estivesse morto, ainda teria outros traidores na gangue.

A cidade estava cheia de traidores.

E eu estava tão cansado de tudo. Só queria poder ficar em casa com minha família sem me preocupar com pessoas tentando nos matar.

Era pedir demais por uma vida comum?

Olhei a hora no celular e bufei. O filho da puta estava atrasado.

Passei as mãos na cabeça e grunhi irritado demais para me incomodar com a música muito alta e os corpos nus nas outras áreas que estavam em meu campo de visão.

Allan estava conseguindo tirar meu sono. Eu só conseguia pensar nas merdas nojentas que ele poderia estar fazendo com Louella. Por Deus! Aquela menina não merecia nada de ruim. Era tão gentil e doce, e não poderia fazer mal a uma mosca.

Marcus estava certo. Toda minha família estava. Eu era fraco. Falhei várias vezes. E agora Lou pagaria por meus erros.

Eu tinha que salvá-la de qualquer maneira.

Mas duas horas e sete xícaras de café forte depois, eu ainda estava sentado no mesmo lugar, sozinho. 

Tenso e com medo do que poderia ter acontecido, tentei ligar para ele, mas não fui atendido. Minhas mensagens também eram ignoradas. Esmurrei a mesa raivoso e atrai alguns olhares, mas não me importei, abaixando a cabeça e fechando os olhos firmemente. Os piores pensamentos tomando conta de mim. Alguma merda tinha acontecido. Allan poderia ter se cansado de brincar e... 

Ergui a cabeça pronto para afugentar os pensamentos ruins. Eu tinha que abrir mão daquele péssimo pensamento de que eu não iria conseguir, que era fraco, porque em algum lugar minha prima precisava de mim. Levantei e sai da boate o mais rápido que conseguia, ignorei todas as cervejas que bebi e as doses de Whisky escolhendo acreditar que o café havia me trazido alguma sobriedade e dirigi de volta para minha casa. Assim que estacionei o carro, vi Daphne sair da casa grande, o cabelo extremamente ruivo voando ao redor do rosto pálido, praticamente correndo para me alcançar antes de sair do carro.  

— Seu filho da mãe! — bramou, escancarou a porta do carro e socou meu braço com uma mão enquanto me arrastava para fora com a outra. Tentei dizer algo para acalmá-la, mas era impossível com ela gritando em meu rosto. — Seu egoísta! Louco! Sabe todas as coisas horríveis que eu pensei que tinham acontecido com você? Não, não sabe! Onde diabos se meteu esse tempo todo? 

Pareceu que me deixaria falar, mas ela apenas bateu mais em meu braço e depois saiu de volta para casa sem esperar por mim. Fechou a porta com um estrondo. 

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora