Capítulo 36

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Dylan

Encontrei Ruth no estacionamento do hospital. Ela estava encostava em um carro, curvada e parecia estar vomitando. Me aproximei imediatamente preocupado.

— Ruth! — a chamei, estendi as mãos tentando tocá-la, mas ela se afastou bruscamente.

Passou o punho na boca e me encarou, as lágrimas ainda caíam pelo rosto, seus olhos demonstravam a dor que ela sentia e o peito subia e descia sem parar.

— O que foi aquilo, Dylan? — sua voz estava trêmula. — Nós terminamos há menos de três semanas e você... você... Deus!

— Eu sinto muito. Eu não sabia...

— Você não sabia? Não sabia o quê? Que era uma péssima ideia foder com alguém no meu local de trabalho? Você sabe que eu trabalho aqui! — ela passou as mãos pelo cabelo cacheado amarrado e grunhiu — Você sabe disso. Por que fez isso? Para me machucar? Eu não entendo...

— Eu nunca faria isso, Ruth. Eu esqueci completamente que você trabalhava aqui. Juro. Eu estava tão ocupado com outra coisa e esqueci disso. Eu sinto muito — disse tudo muito rápido, mal pensando na merda que estava acontecendo.

Por que aquele maldito hospital tinha que ser justamente o que ela trabalhava? E o por que Daphne mexia tanto comigo ao ponto de me fazer ficar alheio a tudo a minha volta? Incluindo o fato de que Ruth trabalhava naquele lugar.

Eu me sentia transtornado por dentro, mas Ruth parecia pior. Mal conseguia desvendar o que se passava por sua mente. As lágrimas dela continuavam caindo e ela me olhava tão magoada que eu queria atirar na minha própria cabeça.

— Eu sinto muito, bebê — disse mais uma vez, deixando toda a sinceridade passar através das palavras.

Ruth se retraiu para mais longe de mim.

— Não me chame assim nunca mais!

— Ruth...

— Você transava com outras mulheres quando estávamos juntos? — a pergunta foi súbita, mas eu sabia que estava na mente dela há algum tempo.

Neguei imediatamente. Era verdade. Quando eu estava com Ruth eu não precisava de nenhuma outra. Ela era boa, gentil, amável e sempre me fazia bem, me fazia sentir segurança. Ruth era diferente de tudo o que eu sempre conheci. Ela merecia a fidelidade e eu dei isso. Entretanto fui idiota em não lhe dar meu coração.

— Eu nunca traí você.

— Mas não demorou nada para cair nos braços de uma qualquer. E eu achando que você fosse diferente, caramba!

Guardei a irritação por ouvi-la chamar Daphne de qualquer. Ela não era isso. Daphne havia conquistado um lugar na minha vida desde que nos conhecemos e aquele lugar com certeza não era banal.

Ruth respirou fundo algumas vezes tentando se controlar e limpou o rosto molhado pelas lágrimas.

— Eu... eu preciso que me deixe sozinha, Dylan.

— Eu não posso deixar você assim sem explicação.

— Nós não temos nada. Você não me deve uma explicação. Eu só estou assim porque eu chorei todas as noites desde que terminamos e eu realmente achei que você estava um pouco triste, achei que eu fosse importante para você, mas agora... agora eu acho que só um de nós sentia tudo no nosso tempo juntos. E tudo bem. Você sempre foi distante e você não correspondia meus sentimentos. Eu entendo. As pessoas não são obrigadas a amar umas as outras. Eu só queria que você fosse sincero comigo, sabe?

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora