Capítulo 75

3.2K 284 78
                                    

“De todas as coisas que você me deu, a melhor delas certamente foi a chance de escolher, escolher você, escolher ficar contigo e atravessar com algum alívio os dias que eu quero simplesmente morrer pra não ser intimado a depor sobre o meu sumiço. Você me ensinou muitas coisas, a melhor delas, me ensinou que o amor verdadeiro sempre espera um pouco mais pelos abraços atrasados.”tumblr; Gabito Nunes
___
Daphne

Cameron estava esperando por mim encostado no carro preto quando saí do prédio onde Victor morava.

Caminhei lentamente até ele e me encostei ao seu lado. Sem dizer uma palavra, ele pegou o cigarro nos lábios e me entregou. Eu não costumava fumar, mas o momento pedia por uma exceção, então aceitei.

— Cat te avisou? — perguntei depois de tragar duas vezes e devolvi seu cigarro.

— Evil — corrigiu e assenti. — E aí? Qual é o plano?

— Bem, Victor está monitorando ele. Deve nos dar uma localização em breve.

Cameron balançou a cabeça em concordância. Ele estava sério, focado demais em algo dentro de sua mente.

— Está preocupado? — perguntei.

— Um pouco. Mas estou ansioso. Allan... — fez uma careta — aquele merda vai ter o que merece. Isso vai me ajudar a dormir melhor.

— Sinto muito pelas merdas que ele fez antes.

Eu sabia que ele e Allan tinham tido brigas no passado antes do cara conseguir controlar Dylan por completo. Allan era um preconceituoso de merda que estava empenhado em desestabilizar o único amigo de Dylan, que era negro e bissexual, e usou tudo o que podia para afastar os dois. E quando Dylan ficou sem ninguém do lado, sem irmã ou melhor amigo, foi fácil para Allan manipulá-lo. Até Jonathan intervir.

— Não sinta. Merdas acontecem.

Balancei a cabeça.

— Você culpa o Dylan? Alguma vez já culpou ele por qualquer coisa? — perguntei curiosa.

Eu sabia que Cameron e Margot tinham um estranho amor por Dylan, defendiam ele até o impossível com unhas e dentes.

Came deu um sorriso de lado e, como o esperado, negou.

— Allan se aproveitou do luto, da solidão e do lado autodestrutivo de Dylan. Às vezes acho que se eu tivesse insistido mais... não teria adiantado, claro. Dylan precisava abrir os olhos por conta própria e dizer basta ele mesmo. Quanto mais eu tentasse interferir, mais Allan iria sair ganhando. Você sabe o quão teimoso seu marido pode ser. Ele não era muito diferente antes.

— Allan quase fez Dylan se drogar — lembrei.

— Allan mostrou vários caminhos para ignorar a dor que ele sentia. Era decisão do Dylan se iria seguir ou não.

— Ele não o fez.

— Você o impediu — corrigiu e riu — Ele me contou. Nunca agradeci a você por isso.

Soltei uma risada.

— Você age como se eu tivesse salvado a sua vida.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora