Capítulo 42

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No início do dia, você precisa recomeçar e fazer o seu melhor” – desconhecido
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Dylan

Sentei-me na poltrona confortável e esperei. Esperei calmamente pelo momento em que eu conseguiria falar tudo o que eu estava sentindo, pelo momento em que eu iria me livrar de todo o peso que carregava, mas tudo o que fiz foi encarar os olhos verdes de Ed Hart.

— Você disse que queria conversar — lembrou-me instantes depois.

Engoli em seco e concordei com a cabeça, mas não disse nada. Nem fiz menção de o fazer.

— Podemos ficar aqui por muito tempo, Dylan, ou você pode fazer as coisas fáceis para nós dois. É só falar.

— Achei que como um psicólogo você seria mais agradável.

Hart sorriu azedo.

— Costumo ajudar vítimas de esturpo, adolescentes com depressão e pessoas com sérios problemas em se relacionar com outras pessoas, mas é a primeira vez que estou atendendo um assassino.

— Fico me perguntando em que categoria o John se encaixa — soltei e ele revirou os olhos — Ele mata pessoas também, você sabe.

— Vamos conversar sobre ele?

— Não — resmunguei.

— Então...

— Eu sou um assassino — declarei. Hart continuou me encarando sem demonstrar nenhuma emoção. Respirei fundo algumas vezes e retomei minha fala — Sou um assassino há quase dez anos agora. Dez anos matando pessoas. Isso ferra um cara, sabe?

— Por que você as matou?

— Por muitos motivos. E por nada.

Hart engoliu em seco e provavelmente o pensamento de estar atendendo um psicopata passou por sua mente, mas ele se manteve firme.

— Você se arrepende?

— Não por todos — dei de ombros.

Eu matei inocentes, mas também matei pessoas que mereciam morrer. Pessoas cruéis demais para viver mais um só dia. No fundo, eu me sentia aliviado em viver em um mundo sem eles.

— Escute, Hart, eu não queria ser um assassino. Nunca quis isso. Mas eu não consegui escapar. Eu nem consigo me lembrar do que eu queria ser quando mais novo. Advogado? Médico? Eu gostava de história. Se eu não fosse Dylan Black, talvez me tornasse algum professor de história e seria feliz com minha vida pacata.

— Mas você é Dylan Black e essa vida pacata não é pra você.

— Meu pai dizia que eu era fraco, como Marcus e o tio Jonathan. Que eu nunca seria como ele. Que nunca teria a força pra fazer o que é preciso. Nunca quis ser como ele. Eu só queria ser eu mesmo.

— Quando tudo mudou?

Fechei os olhos e tentei lutar para não me lembrar.

— Foi pela Daphne — respondi ainda de olhos fechados — Eu matei por ela.

O silêncio de Hart foi carregado, mas sua voz logo voltou.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora