Capítulo 72

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Daphne

Ele estava vivo.

Eu ainda mal conseguia acreditar mesmo nisso, mas tudo se tornou mais real quando o enfermeiro me arrastou até o quarto em que ele estava, prometeu que em breve ele iria acordar e se foi desajando-me boa sorte porque ele era gentil assim. Eu estava emotiva com a gentileza que todos os enfermeiros e médicos estavam nos mostrando. Não exatamente acostumada a isso. Mas era bom. Saber que pessoas se preocupavam não só porque era o trabalho deles.

Mais cedo eu havia recebido uma visita que me deixou ainda melhor. O padre, Dalton Richard, o amoroso homem que aceitou minha história sem se horrorizar, sem julgar. Eu estava dormindo pela décima vez ao que parecia e acordei ao sentir a mão quente segurando a minha, quando abri os olhos e o vi, ele sorriu e disse que milagres aconteciam. Era óbvio que o homem não gostava de como era as coisas na cidade, dos Black em especial, mas ele ainda queria que eu soubesse que torcia por minha felicidade ao lado de um homem destinado a lidar com coisas ruins. O milagre em que Dalton queria que eu acreditasse era Dylan e eu. Era nossa família tão comum e ao mesmo tempo tão incomum. Era em nossas ligações, em nossos sonhos e no amor. Para ele, até os piores mereciam o amor. Eu gostava de pensar que meu pai gostaria do meu caminho tanto quanto Dalton.

Olhando fixamente para Dylan, eu sabia que nunca teríamos tido um ao outro se minha família ainda estivesse intacta. Eu não agradeceria por isso nunca, mas também não me prenderia ao que aconteceu. O passado estava no lugar que ele pertencia. Eu estava no meu. No presente com Dylan e meus irmãos, com nossa família.

As coisas iriam ficar ruins rápido. Allan ainda não tinha acabado. As gangues e o desejo de terem o que os Black tinham não haviam acabado. E eu sabia que ficaria ao lado dele.

Deitei minha cabeça na cama e segurei com força sua mão. Eu estava quase adormecendo mais uma vez quando ouvi a voz mais linda do mundo.

- Você é a pessoa mais linda que já vi.

Levantei a cabeça surpresa ao ouvir sua voz rouca e quase me derramei em lágrimas ao ver seus olhos vívidos e seu sorriso de lado.

- Dylan - sussurrei e apertei sua mão na minha.

- Você está bem?

Balancei a cabeça e seu sorriso aumentou.

- Bom.

- E você? Como está se sentindo?

- Como se tivesse levado um tiro - seu tom divertido me fez sorrir.

- Bem, foram três.

Ele franziu a testa.

- Achei que apenas meu ombro tivesse sido atingido.

- Eu também, mas a situação era pior quando os paramédicos chegaram. Uma bala quase atingiu seu pulmão e uma bem perto da nuca. Tinha tanto sangue...

- Eu sinto muito - ele suspirou e apertou minha mão, seus olhos carregados de culpa me fizeram ficar irritada. Não era culpa dele.

- Pare. Não foi sua culpa. Não tinha como saber que tinha outra van.

- Eu tinha que saber, ruiva. Eu sou o líder. Sou seu marido. Eu tinha.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora