Capítulo 54

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Esteja bem com quem você se tornou – desconhecido
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Dylan

O cabelo escuro de Nina estava mais longo, suas sobrancelhas mais grossas e mais magra. Eu não estava acostumado com a imagem de uma Nina adulta. Até seus olhos castanhos escuros estavam mais duros. Parecia que meu pai conseguiu arrancar de Nina toda a diversão que ela tinha há nove anos, toda a impulsividade sensual que juntou Nina e John em um romance fadado ao término, porém ainda especial.

Nina não era mais aquela garota. Ela era uma adulta, uma mãe, e finalmente, era alguém livre.

Só de imaginar tudo o que aconteceu com ela naquele buraco, dava-me uma imensa vontade de assassinar meu pai naquele instante.

— Então... — Nina começou quando as crianças saíram para brincar com Daphne no jardim. Ela ergueu as sobrancelhas sugestivamente como fez tantas vezes no passado — Você e Daphne Williams?

Ri com o tom de sua voz e porque aquilo ainda era típico dela, sempre bancando a casamenteira pra cima de mim. Primeiro ela tinha tentado me juntar com uma garota de olhos azuis quando eu tinha treze e depois com mais duas garotas – também de lindos olhos azuis que com certeza me interessaram – quando não deu certo com a primeira porque, obviamente, nosso pai era um lixo tóxico e eu não queria estragar a vida de nenhuma pobre coitada.

— Não vai precisar se esforçar muito, mana. Nós já estamos de casamento marcado.

A risada de Nina foi tão alta que ri também. Era maravilhoso ver minha irmã rir.

— UAU! Seu merdinha, você conseguiu. Conseguiu mesmo. Eu sempre achei que vocês combinavam, mas caramba!

— Evil conseguiu, na verdade. Ela me deu a ideia de... chantagear Daphne para ela se casar comigo. Eu não teria pensando nisso. Ou teria, mas acho que eu seria um pouco mais cruel que ela — disse rindo, mas quando percebi a cara fechada dela parei.

— Seu filho da puta!

— Ei! A mamãe!

— Foda-se. Como você fez isso com ela, Dy? Você deveria ter conquistado ela com flores, doces...

— Eu tentei as flores, mas ela desfez em mim.

— Isso foi antes ou depois de chantageá-la?

— Depois?

— Ela deveria ter desfeito tijolos em você, não flores.

Engoli em seco.

— Já entendi!

— Eu fico fora só por nove anos e você caga na sua vida. Que típico! — ela riu com sua fala irônica e suspirou — Mesmo assim estou feliz que tenham dado certo.

Sorri de lado.

Nina e seu senso de humor estavam vivos. Amém!

— Gostou da comida? — perguntei depois de um momento apenas encarando Nina.

— Eu beijei nosso meio-irmão.

Abaixei a cabeça imediatamente e mordi o lábio inferior.

Nina soltou uma risada com meu silêncio e a olhei outra vez, tentando não parecer tão pasmo com sua confissão.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora