Capítulo 02

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Daphne Williams

Noite difícil? Quem me dera! Minha noite estava sendo péssima. Pior do que as outras. Eu não aguentava mais os pesadelos. Eles me perseguiam quando eu estava dormindo e o pior, quando eu estava acordada também.

Suspirei cansada e me sentei na cama. Olhei para as janelas abertas no meu quarto e notei que ainda estava escuro lá fora. Me levante e as fechei, ajeitando em seguida as cortinas finas que voavam. Ouvi um barulho abafado do lado de fora do quarto e sabia que eram John e Branna cuidando dos gêmeos. Conseguia até ouvir baixinho os choros deles.

Voltei a me sentar na cama e fiquei fitando o chão em completo silêncio. Odiava a minha própria miséria. Eu tinha vinte e dois anos, e não tinha nada na vida. Nada de trabalho, nada de faculdade, nada de um grande amor e o pior, nada de irmãos. Minha vida podia piorar? Fodidamente sim!

Eu não estava olhando a hora, mas sabia que o tempo tinha passado rapidamente pois em pouco tempo a luz do amanhecer adentrou no quarto. Me levantei da cama depois de passar tanto tempo, provavelmente o resto da noite toda, sentada e fui pro banheiro. Passei um bom tempo sentada na banheira, recebendo jatos e mais jatos de água gelada. Os pelos do meu corpo estavam todos arrepiados e eu me tremia, mas eu não me levantaria dali tão cedo. Desliguei o chuveiro e a água parou de descer. Suspirei aliviada. Amava o frio, mas odiava quando minha pele ficava vermelha daquela forma por causa dele.

Ouvi baterem na porta e pouco tempo depois John apareceu na porta aberta do banheiro. Ele se encostou na parede e cruzou os braços. Me olhou com os olhos semi cerrados.

— Sério? É assim que vai ser?

— Me deixa em paz, Tate.

— Qual é, Daphne. Você é bem melhor que isso. Sabemos disso. 

— Não, eu não sou — levantei meus olhos pra ele — Eu não sou melhor que isso, John. Eu tenho vinte e dois anos e eu não tenho nada. Nem trabalho, nem faculdade, nem mesmo os meus irmãos.

John suspirou cansado. Eu sabia que ele achava que eu podia ser melhor, mas como ser melhor quando você se sentia no fundo do poço?

— Você me tem — ele disse depois de um tempo em silêncio — Você tem amigos de verdade aqui, Daphne. Amigos que te amam e que te querem bem.

— Eu quero os meus irmãos.

John abaixou a cabeça e concordou, depois saiu do banheiro. Escutei a porta do quarto sendo fechada. Respirei fundo e fechei os olhos sentindo a familiar vontade de chorar, mas não chorei. Eu estava cansada de tanto chorar. Abracei meus joelhos e fiquei fitando o fundo da banheira. Pensei em cada momento da minha vida, os felizes e dos dolorosos. E me perguntei repetidamente valeu a pena?

* * *     * * *

Deixei minha moto na entrada e entrei na academia mesmo recebendo olhares hostis de alguns capangas que estavam na entrada. Eu não me importava com eles me odiando. Ligava apenas para o chefe deles.

Vi Cam treinando com uma garota loira. Evil estava do outro lado falando com dois caras grandões. O lugar estava lotado e barulhento como sempre. Não consegui ver Dylan em lugar nenhum.

Um cara parou na minha frente e eu o encarei com tédio óbvio.

— O que você quer aqui, vadia?

— Onde está o seu dono, cãozinho?

Ele me olhou zangado.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora