Capítulo 11

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Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade.”
– Tati Bernardi
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Dylan

Eu tinha feito merda. Sabia disso. Mas não podia ficar lá e escutar aquela garota, a garota que fazia meus dias mais felizes, dizer que me amava. Tinha algo dentro de mim que me fazia ir para longe daquelas palavras ditas por Ruth.

Eu me odiava por ter sido tão covarde com ela. Ruth merecia apenas o melhor. Merecia mais do que eu. Se eu pudesse voltar no tempo e nunca chamá-la para sair, eu faria. Ruth merecia alguém que fosse sempre sincero com ela e com sua família, que priorizasse a verdade acima de tudo e que cultivasse o amor.

Fechei os olhos e deixei a cabeça tombar para trás para que eu apreciasse o vento em meu rosto. Sentir o vento no rosto era terapêutico, me ajudava sempre a separar meus pensamentos ruins dos bons, estes últimos eram pouquíssimos. O som das ondas era, por enquanto, a minha música favorita.

— Por Deus! — ouvi a voz familiar atrás de mim e abri os olhos sem acreditar que Evil estava bem atrás de mim.

Virei o rosto para ela e a olhei descrente.

— Colocou um rastreador em mim?

— Você nunca saberá — ela se sentou ao meu lado na areia e olhou pro imenso mar bem na nossa frente, soltando um suspiro — Faz tempo que não venho aqui. Tinha esquecido o quão incrível é.

— Eu venho sempre que dá. 

— Cam está bem bravo com você.

— Ele não é o único — disse, me lembrando o olhar no rosto de Ruth pouco antes de eu fugir do apartamento como se tivesse visto o diabo — Ele realmente não é o único.

— Eu sei. Por isso, estou aqui. Tem muitas pessoas chateadas com você agora. Achei que te faria bem ficar perto de uma que não está tão chateada assim.

Sorri de lado, azedo.

— Eu pisei feio na bola, não pisei?

— Você dançou hip-hop em cima dela, amigão — nós rimos de leve — Allan na cidade não é bom.

— Eu sei.

— Eu nunca o conheci, mas já ouvi falar muito dele. Você me contou. Cam também. E só de ouvir sobre as coisas que ele fez eu sei que tipo de verme ele é. Ele vai roubar, estuprar, traficar, matar, enganar e sabotar na nossa cidade. Com as nossas pessoas! Não podemos deixar.

— Eu matei o olheiro do mês! O olheiro de Lancaster. Errei feio nisso também. Não posso ir contra ele, Marges.

— Você é um Black, Dylan. Eu sei que muitos podem dizer que o nome não importa, mas importa nessa cidade. No mundo em que vivemos. Você... você pode lutar contra eles, Dylan. E sair vivo disso. Muitos não têm essa chance. Você matou o olheiro do mês pela Daphne. Pode dar um jeito no Allan pelo Cameron.

— Não foi por ela — corrigi rapidamente — Foi... foi pelos irmãos dela, entende? Eles ficariam sozinhos sem ela.

Ela revirou os olhos não acreditando em mim.

— Claro que sim.

— Cala a boca.

Marges riu e bateu o ombro no meu, brincalhona.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora