Capítulo 12

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Dylan

Eu estava muito cansado depois da noite que tive no apartamento com Ruth. Toda a dor da separação, a saudade e a culpa estava me consumindo aos poucos. Eu me olhava no espelho e via tudo o que eu mais abominava: meu pai. Alguém que magoava à todos.

Cameron.

Ruth.

Daphne.

Minha lista estava crescendo cada vez mais e isso me dava muita dor de cabeça. Muita vontade de me redimir, mas também muita vergonha e medo.

Como eu poderia me redimir com Ruth quando o que eu me impedia de conhecer seus pais ou ter algo bem sério com ela? Como eu poderia me redimir com Cam quando mandar Allan embora da cidade estava totalmente fora de cogitação? Como eu poderia me redimir com Daphne quando nada do que eu fizesse à faria me perdoar? Ela me odiava e Cam e Ruth estavam magoados demais para olhar na minha cara. Eu tinha ferrado com muitas coisas na minha vida sem ao menos perceber.

Odeio isso!

Duas batidas na porta me trouxeram de volta a realidade e me sentei no sofá do escritório, mandando a pessoa do lado de fora entrar em seguida.

Encarei surpreso a garota ruiva que entrou no escritório. O que ela está fazendo aqui?

— Ou você gostou muito da minha cidade ou vem trazendo muitos problemas.

Camille Kerr sorriu para mim meio acanhada e encolheu os ombros delicados.

— Um pouco dos dois. Desculpe por isso.

E não é que a minha vida pode piorar, zombei de mim mesmo.

— O que está fazendo aqui, Camille?

Camille se sentou na poltrona ao lado do sofá e pegou um pedaço de bolo que Ramon havia feito para mim naquela manhã. Ela deu uma boa mordida e sorriu deliciada pelo sabor.

— Não temos bons cozinheiros lá em casa. Deve ser a primeira vez que provo um bolo tão gostoso.

— Camille — a chamei impaciente — Quanto mais cedo você me disser o que diabos veio fazer aqui mais cedo você vai embora.

— Nossa. Quase me magoou — ela brincou, mas ficou séria — Bem, meu irmão paranóico insistiu que alguém precisava vir até aqui para saber o que aconteceu com o enviado de Lancaster. E como ele deseja muito que eu morra, aqui estou.

Senti uma onda elétrica passar por meu corpo e me sentei completamente no sofá fingindo tranquilidade.

— Phillip está morto, Camille — disse sem fraquejar no olhar firme — Eu o matei.

— Por quê?

— Porque eu quis — dei de ombros.

— Não pode sair por aí matando quem você desejar...

— É aí que você se engana, Camille. Eu posso sair por aí matando quem eu bem quiser. Eu sou o líder. Eu sou um Black — disse as palavras com tanta segurança que até me assustei, mas não demonstrei fraqueza. Eu gostava de Camille, ela sempre me pareceu uma boa menina, mas ela não ia me dizer o que fazer. Não na porra da minha cidade! — Essa é a minha cidade, Camille. Assim como você, Phillip chegou aqui achando que eu tinha que obedecê-lo. Eu sugiro que você tenha cuidado com o que fala ou Charles vai ao seu funeral ainda essa semana.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora