Capítulo 28

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Talvez eu te ame da maneira errada. Queira você de uma forma totalmente errada mas, olhe pra mim, e eu lá tenho cara de quem sabe acertar em alguma coisa? – Escrituras.
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Dylan

Daphne estava muito estranha. Primeiro, fazia um almoço delicioso e eu sabia perfeitamente que ela era uma péssima cozinheira. E então queria conversar sobre nós? Ela era super contra o terrível “nós”. Daphne mudava de humor mais que o Sean. Em um dia estava me odiando e então estava mansa, como se nunca tivéssemos gritado palavras de ódio um com o outro.

Eu estava nervoso com o que ela tinha em mente para discutir, mas tinha algumas coisas para lhe dizer que estavam martelando na cabeça nos últimos dias, como por exemplo, pedir desculpas por ter sido um idiota antes e pelas coisas que disse. Foi errado falar sobre sua mãe acima de tudo.

Daphne terminou de comer o macarrão em seu prato. Ela não parecia querer começar a falar naquele minuto, então recolhi a louça suja e a lavei, dando tempo à ela para pensar.

— Vamos pra sala — ela chamou indo na frente.

Limpei minhas mãos e a segui.

Daphne já estava sentada no sofá com as pernas em forma de borboleta e as mãos entrelaçadas próximas aos calcanhares, os cabelos soltos chamavam mais atenção do que qualquer outra coisa na sala.

Ela fechou os olhos por uns instantes e então os abriu, respirou profundamente antes de soltar:

— Eu gosto de você.

Gelei completamente com suas palavras trêmulas, mas altas. Meus olhos estavam arregalados e cada parte do meu corpo formigava.

O que diabos foi que ela disse?

— O que foi que você disse? — perguntei.

— Imbecil — me xingou, revirou os olhos e se encolheu um pouco — Eu gosto de você. Não te amo e nem sou terrivelmente apaixonada por você, nunca vou estar porque eu te odeio, mas gosto de você. Me sinto atraída, mas não é só isso. Eu... gosto de você. Uma pessoa recentemente disse que eu deveria ser sincera comigo mesma e eu fui. O chato é que não consigo manter isso só para mim por isso estou te contando.

Me sentei no outro sofá a sua frente e respirei fundo. Ela gosta de mim.

— Eu... — deixei a frase sem fim porque eu realmente não sabia o que dizer. Eu esperava qualquer coisa dela naquela conversa, menos aquilo.

Daphne colocou uma mecha do cabelo longo atrás da orelha redonda e pequena.

— Gosto de você desde os seis anos, eu acho. Foi quando nos conhecemos. Você se lembra? Parece que foi há uns cem anos.

— Claro que me lembro. Eu era cruel com você.

Ela me olhou e quase gemi de prazer ao notar seu sorriso de lado.

— Você é sempre cruel.

— Desculpe pelas idiotices que fiz antes, Daphne. Na escola. Eu era um babaca sem noção alguma.

— Eu era um alvo fácil.

Ela nunca foi um alvo fácil.

Eu me lembrava da garotinha pálida com roupas coloridas e cabelos vermelhos como tomates saltitando pelos corredores pichados da escola velha.

Ela não temia a opinião dos outros sobre suas roupas, as palavras que meus amigos jogavam nela eram como vento. Não conseguiam atingí-la tão fácil. Mas logo perceberam que ela tinha um ponto fraco: eu. Daphne me olhava o tempo todo, sempre sorria quando passava por mim no corredor e sempre perguntava por mim para as pessoas. Ela nunca foi sutil.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora