Capítulo 71

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Daphne

Dylan estava há mais de sete horas em cirurgia e tudo o que eu conseguia pensar era que não queria perdê-lo. Não podia! Eu não sabia mais o que era estar só. Não sabia como dormir sem aquele corpo forte e quente ao meu lado, seu braço sempre ao redor da minha cintura, sua respiração quente em meu pescoço, seus lindos olhos azuis bem claros estavam lá sempre que eu acordava e seu sorriso de lado era o melhor bom dia que eu já sonhei em receber. O mero pensamento de nunca mais vê-lo tomar banho, observar suas tatuagens e acariciar sua pele me fazia estremecer. Se ele se fosse...

Eu estava na cama de hospital, o quarto vazio porque briguei com Cat para ela me deixar só mesmo que tudo o que eu quisesse era alguém ali dizendo que tudo ficaria bem. Eu sabia que John e os outros estavam do lado de fora esperando por notícias, mas eu não conseguia encontrar minha voz para chamá-los. Toda vez que eu tentava só conseguia pensar que não importava quem entrasse no quarto para ficar comigo, ninguém seria ele.

O barulho da máquina estava me deixando maluca e quis esmurrá-la, mas me contive. Ainda sentia muita dor na perna e os remédios já estavam passando, qualquer movimento me fazia gemer.

O meu caso não era tão grave, o médico havia dito, apenas um tiro na perna e alguns ferimentos causados pelos vidros do carro quando os idiotas estavam atirando em nós. Mas Dylan havia sofrido mais. Três tiros. Fechei os olhos e engoli todas as lágrimas que queria desesperamente deixar escapar. Um tiro pegou no ombro, um na região do pulmão e mais um, mas não sabia onde. A enfermeira veio falar comigo há cinco horas e depois nada. Nenhuma notícia. Eu estava me agarrando ao pensamento de que se estava demorando tanto era porque ele ainda resistia, então havia esperança.

Meus olhos se fixaram no relógio grande e feio da parede a minha frente e quando mais uma hora passou, as lágrimas surgiram quentes em meu rosto e soluços altos, a máquina ao meu lado apitando muito e uma dor forte em meu peito como se meu coração estivesse diminuindo a cada segundo até não existir mais. Levei minha mão até o local da dor e apertei.

A porta do quarto abriu e John surgiu pálido, os olhos arregalados e sofridos. Vê-lo fez a dor em meu peito piorar. Ele veio dizer que Dylan não resistiu, pensei gritando e chorei mais. Eu não queria ouvir. Não queria que ele destruisse meu coração com suas palavras.

Puxei o travesseiro debaixo da cabeça com a outra mão e joguei em sua direção.

— Sai daqui! — gritei — Não! Não! Não!

John veio até mim e se sentou na cama, agarrou meus pulsos e prendeu fortemente em meu colo, mas seu aperto não machucava.

— Ei, Speedy! — a voz do meu melhor amigo saiu trêmula e fechei os olhos. Por favor, não! — Está tudo bem. Você está bem. Vai ficar tudo bem...

Balancei a cabeça ainda de olhos fechados e esperei o choro que eu não controlava mais se acalmar.

— Nada nunca mais vai ficar bem! Como é... como é que eu faço isso, John?

— Fazer o quê?

— Viver sem ele — sussurrei.

John pareceu respirar fundo várias vezes e abri os olhos. Seu rosto estava vermelho e lágrimas molhavam seu rosto.

— Dylan — sua voz falhou ao dizer o nome dele — ele é o homem mais forte que eu conheço. E ele ama você mais do que pode imaginar. Vai se agarrar a tudo pra ficar com você.

Meu coração apertou mais e se aliviou.

— Ele está vivo? — consegui perguntar.

— Não temos notícias ainda, então acho que sim. Espero que sim.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora