Capítulo 13

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Dylan

Dormir no escritório da academia e passar duas horas pensando em quem eu era estava me cansando. Eu nunca parei muito para entender quem eu era ou quem eu seria, eu apenas sabia. O histórico da minha família já me dava uma bela imagem do que estava por vir, então deixei a vida seguir seu curso sem interferências enormes. Como Jasmine dizia, não adianta fugir de quem você nasceu para ser. Mas nos últimos tempos eu pensava muito sobre isso e me sentia no fundo do poço, pois sabia que estava do lado errado.

Me sentei no sofá na mesma hora em que a porta do escritório foi aberta sem aviso e Marcus entrou.

— Que bela surpresa, primo.

— Ouvi boatos de que uma certa ruiva está na cidade — Marcus se sentou na mesma poltrona que Camille quando ela esteve aqui.

— Sim. Camille queria deixar algumas coisas claras entre nós e o resto das gangues.

— E?

— E Louella está segura — falei o que ele queria ouvir. O som de alívio que ele fez foi audível e sorri de lado. Marcus queria sua irmã segura e bem. Era totalmente compreensível — E falamos sobre o meu casamento. Tenho que arrumar uma esposa o quanto antes, mas bem, as opções não são muitas.

Marcus fez uma careta.

— Odeio isso, Dylan.

— Eu sei. Eu também. Mas isso é apenas algo que um líder precisa. Uma esposa e filhos. Eu vou superar em algum momento.

— Obrigada pelo que fez pela Lou. É realmente muito importante.

— Tio Jon me convenceu há algumas semanas atrás de que ela não estava pronta. E eu também não quero que nada de ruim aconteça com ela. Lou é uma das poucas pessoas da nossa família que ainda tem a inocência intacta. Eu odiaria tirar isso dela.

— Samantha está me enlouquecendo com a criação de Oliver. E ele nem começou a falar ainda — ele sorriu, mas logo ficou sério — Eu não quero que meu filho seja como nós, Dylan.

— Temos um longo trabalho pela frente, primo.

Marcus concordou e sorriu. Ele sabia que tínhamos mesmo e que não seria nada fácil. Marcus queria o melhor para nossa família e eu tinha que admitir que eu também. Oliver, Clara e Louella não tinham culpa de serem da nossa família. Eles não deviam passar pelo mesmo que passamos na infância. O que estivesse ao meu alcance para impedir aquilo eu faria. Não me importava as consequências.

* * *    * * *

Mais uma vez, alguém entrou sem bater. Deixei meu café de lado com um resmungo e encarei Angie, uma garota que trabalhava para mim e que tinha esquentado minha cama algumas vezes antes de eu conhecer Ruth.

Ela estava sorrindo enquanto se sentava bem na minha frente. Levantei as sobrancelhas e esperei ela dizer algo, mas Angie ficou me encarando de braços cruzados em silêncio.

— Todo mundo sabe que eu não gosto que me interrompam quando estou na hora do café.

— Você está sempre na hora do café.

— Deveria ter entendido de primeira — revirei os olhos.

Angie sorriu.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora