Capítulo 27

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Daphne

Eu não conseguia dormir há dias. Toda vez que eu fechava os olhos, via Walter em cima de Dylan, socando seu rosto com toda a fúria que ele tinha. Em seguida, o via partindo para mim com aquela faca e depois acordava em uma cama de hospital, sem bebê algum.

Outras vezes, eu sonhava com Dylan batendo minha cabeça na parede ou Jeremy morto no fundo de uma banheira cheia de água. Depois de noites e mais noites tendo esses pesadelos, parei de dormir. Eu odiava pensar naquelas coisas.

Dylan não me mandou mais nenhuma mensagem depois de visitarmos a casa que iria ser nossa. Nossa briga ainda martelava na minha cabeça. Resolvi tentar esquecer, mas no final não me saí bem. As palavras dele ainda me atingiam com força a medida que as repassava na mente.

Quer dizer, o que tem em você para amar além do seu corpo?

Sua mãe não te quis.

Você é fria, vazia e nojenta.

Eu o odiava muito, mas no fundo, comecei a encarar aquelas palavras como verdadeiras.

Desde cedo, meu corpo foi a única coisa que sempre atraiu as pessoas. Sendo homens ou mulheres, eles sempre queriam provar meu corpo, sentir, usar e abusar sem limites. Eles não me acariciavam com amor ou me perguntavam se eu gostava ou queria, nenhum sentimento perigoso nos envolvia. Apenas sexo.

Era verdade que minha mãe não me quis. Ela me vendeu de bom grado para um homem cruel e ela sabia o que aconteceria comigo, mas não se importou.

Também era verdade que eu era fria, vazia e nojenta. Eu reprimia meus sentimentos, esvaziava meu coração, neutralizava cada instinto que me levasse a ter algum tipo de sentimento perigoso, me afastava das pessoas, e escolhi deixar meu irmão morrer ao invés de um bebê que não era nada para mim, que não tinha nenhum laço sanguíneo comigo.

Eu era fria, vazia e nojenta e ficaria sozinha por isso. Não, melhor. Eu ficaria presa ao homem que me odiava para que eu sempre me lembrasse do quão deprimente eu era e o quão horrível era a minha vida.

Viva!

A porta do meu quarto foi aberta abruptamente enquanto eu estava colocando as roupas limpas no closet.

Cat encostou-se à parede e cruzou os braços.

— Estou cansada de você nesse quarto. Você tem que dar uma escapada daqui, garota. Vem comigo essa noite? — pediu fazendo biquinho.

— Não.

— Por favor? Peter vai estar na boate. Isso é inédito. Ele sempre está transando com alguém e nunca aparece. Vai ser divertido, Daphne.

— Toda vez que piso os pés na boate eu me ferro ou ferro alguém. Estou querendo ficar de boa.

— Ficar de boa — zombou — Então, que tal jantar em algum lugar legal? John convidou Branna pra sair. Eles estão tentando se ajeitar. Podemos ir ao Mak...

— Eu não quero sair.

— Mas você tem que sair. Não pode ficar trancada nesse quarto porque Dylan Black resolveu seguir os passos do filho da puta do pai.

Mantive a boca fechada antes que cometesse o desastroso erro de defender Dylan. Mas Cat me conhecia bem. Ela me olhou feio.

— Sua cadelinha.

— Me poupe, Catarina.

— Me poupe um cacete! Você vai defendê-lo?

— Eu não disse nada.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora