Capítulo 19

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Daphne

Aquele era, sem dúvidas, o café da manhã mais estranho que já teve na casa de Branna e John. O motivo óbvio era porque não havia sinal algum de John. Havia apenas a cara de enterro da Branna.

— Então... — comecei a puxar assunto, mas a careta dela me parou.

— Não venha punir por ele.

— Eu não ia — apenas um pouco — Mas quer a minha opinião?

— Não.

— Vou dar de qualquer forma. Tenta se colocar no lugar dele, pombinha. Ele passou por muita coisa nesses últimos tempos. Descobrir que tem um filho com a Nina e que ela está viva, caramba, isso foi bem ruim.

Branna respirou fundo e se virou para mim.

— Nos últimos tempos a minha meia-irmã entrou em coma por minha culpa, eu me apaixonei perdidamente pelo meio-irmão das minhas meias-irmãs, conheci uma mãe que nunca vi na vida, descobri irmãos que nem sabia que existiam, descobri também que tenho uma irmã gêmea perdida que recentemente apareceu apenas para dizer que não quer ter contato comigo. Fiz as pazes com o pai que me ignorou desde sempre. Dei luz à gêmeos. Tenho que aguentar a mulher que me maltratou desde pequena como a avó dos meus filhos. Engravidei sem querer pela segunda vez. Todos na minha escola me olham como se eu fosse uma vaca parideira e fazem questão de dizer isso na minha cara. Em alto bom som! E sabe a melhor parte? O homem por quem sou apaixonada é um mentiroso compulsivo! — Branna soltou uma longa respiração e limpou as lágrimas que caíram — Todos nós temos tempos difíceis, Daphne. Temos nossa própria maneira de lidar com eles. John escolheu mentir para mim durante três meses. Ele escolheu. E escolhas geram consequências. Não ouse me fazer sentir que estou errada. Eu o amo, mas chega de mentiras.

— Você está certa. Desculpe.

— Apesar de tudo, eu aprecio a sua lealdade ao meu marido. É bom saber que a recíproca é real.

Sorri de lado.

— Sempre vai ser real. John me ajudou muito desde que nos conhecemos. Eu o amo também. Ele é o meu melhor amigo.

— E mentiu pra você também — ela revirou os olhos, amarga — Jeito estranho de mostrar o amor.

— Nem todo mundo é perfeito.

— Eu nunca pedi por perfeição. Eu pedi por amor, sinceridade, cumplicidade e reciprocidade. Não são coisas de outro mundo.

— Eu sei, eu sei. Não vamos discutir. Eu tô com a minha cabeça explodindo.

— E eu estou com o meu mundo explodindo! — Branna bateu a mão fechada na mesa e respirei fundo. Encarei suas lágrimas enquanto caíam por seu rosto — Por que ele tinha que mentir? Merda! Ele estragou tudo.

Branna colocou o rosto entre as mãos e chorou ruidosamente. Me levantei e a tomei nos braços. Beijei o alto de sua cabeça e fiquei com ela enquanto derramava toda a sua frustração e dor. Naquele momento, eu odiava bastante o meu melhor amigo por ter feito aquela burrada com a mulher que o amava de forma tão intensa que chegava a quebrar meu coração.

* * *    * * *

A noite chegou rápido e fiquei trancada em meu quarto por falta de coisa melhor para fazer já que Branna se trancou no quarto depois da nossa festinha para afogar as mágoas.

Eu podia fazer ioga para passar meu maldito tempo. Ou dançar na boate do Evans. Fazia tempo que eu não dava uma passada por lá. Mas a verdade era que nada daquilo me parecia bom o suficiente. A única coisa que eu realmente queria fazer era sexo. E quando eu dizia sexo eu estava me referindo ao sexo com Dylan, o que era um problema grandioso.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora