Capítulo 66

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Nina

O clima na casa estava pesado. Todas as luzes desligadas. Verifiquei Jack e Bonnie mais uma vez antes de sair do quarto para esticar as pernas. A porta do quarto de Daphne e Dylan estava entreaberta e uma luz fraca saía de lá junto de sussurros. Eu sabia que meu irmão ainda estava fora, então era apenas Daphne e os gêmeos.

Meus pés descalços sentiam todo o frio do chão e me encolhi dentro do casaco vermelho. Dei passos hesitantes até a escada e parei no topo. Depois do jantar, Jasmine e Damon foram embora, mas Jonathan fez questão de ficar até Dylan chegar. Ele queria saber todas as notícias sobre Lou em primeira mão.

Eu não sabia se já estava pronta para falar com ele. Nem sabia se queria. Mas eu iria. Me conhecia bem o suficiente para saber isso. Não conseguia ficar em meu canto apenas remoendo as mágoas.

Jonathan sempre foi um sonho de figura paterna que Dylan e eu admiramos. Era preocupado com os filhos, cuidadoso, estava sempre presente e aceitava abraços em púbico. Não havia uma coisa que Jasmine e Damon fizessem que Jonathan não achasse lindo. Ele os encorajava e nutria verdadeiro respeito pelas pessoas que eram.

Como podíamos não sentir inveja?

Desci degrau por degrau até o andar inferior. Segui pelo caminho até o jardim onde o tinha visto antes, perto da piscina.

Jonathan estava sentado na cadeira branca olhando para a água, as luzes ao redor da piscina iluminava bem o local. Parei um pouco atrás dele e esperei que me notasse. Quando aconteceu virou o rosto para mais longe de mim, evitando contato. Tive que rir dele. Era sério que ele iria me ignorar? Depois de tudo? Nem fodendo!

— Para um pai preocupado você sabe bem como me ignorar — puxei a outra cadeira e me sentei com os pés apoiados na mesa, balançando de um lado para o outro — O que foi? O gato comeu a língua do Sr. sabe-tudo?

— Agora não.

— Agora não? — repeti, indignada — É na hora que eu quiser. Você não tem direito algum de pedir tempo ou adiar essa conversa.

— Você não quer conversar. Quer brigar. Quer jogar meus erros na minha cara e sair por cima porque isso fará você se sentir melhor — ele me olhou e reprimi minha vontade insana de chorar — Quer mostrar que sou um monstro por abandonar você. E você está certa, Nina. Eu sou. Sou o pior tipo de pai e eu sinto muito. Sinto muito mesmo. Se você quiser, podemos ter essa conversa por semanas, meses ou anos, mas agora não. Minha cabeça está pensando só em uma coisa. Por favor!

Jonathan passou as mãos no cabelo, suspirando alto de frustração.

Ele estava tão preocupado com Lou. Era óbvio. Me sentia quase mal por não estar tão desesperada quanto ele. Mas era algo compreensível. Eu mal a conhecia. O fato de ser da mesma família não dizia muita coisa.

Desci os pés da mesa para o chão e grunhi. Odiava estar naquela posição, a errada, a pessoa que não conseguia calar a boca diante do sofrimento dos outros, a que não conseguia perdoar mesmo parecendo ser o certo a se fazer.

Engolindo meu orgulho, disse baixinho:

— Sinto muito pela Lou. Espero que seja encontrada em breve.

Jonathan abaixou a cabeça e a balançou.

— Devia ter ouvido seus irmãos. Devia ter acabado com Allan quando tive a chance... devia ter tomando essa tarefa para mim!

— Lou é realmente importante para você, não é?

Jonathan ergueu a cabeça, olhando-me e confirmou.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora