Passei a mão no rosto e fechei a porta do carro. Um segurança se aproximava, provavelmente depois de ver o leve surto de Daphne, mas o dispensei com um aceno e entrei em casa. Não havia nenhum sinal da histérica mulher com quem me casei há poucos dias, nem de minha irmã ou das crianças, apenas Jonathan estava no hall, esperando-me com a expressão gélida. 

— Para onde a maluca foi? — perguntei, parando a sua frente.

— Para o quarto, acho. Teve alguma sorte

Neguei, ignorando seu tom. 

— Olha, entra em contato com o Victor Chavez e vê se ele consegue alguma coisa do Allan. Tenho me comunicado com ele — puxei o celular do bolso e o entreguei — Não sei se vai ajudar. 

Jonathan encarou o aparelho por um momento.

— Então agora quer a ajuda do Chavez?

— Vai mesmo me dar lição de moral agora, tio Jonathan?

— Não. Vou ver o que consigo, mesmo com poucas esperanças. Alem de brigar com a sua mulher, o que mais vai fazer para trazer Lou de volta? 

— Deixa seus filhos prontos. Deixa todo mundo pronto. Encontro vocês aqui mais tarde. Nina e as crianças vão para a casa dos Peters. Pode falar com o Marcus também? 

— Marcus está acompanhando Sally em uma consulta da bebê. 

— Ótimo. Avise que é para levar Sally e Clara para os Peters. Estarão seguras lá. Não quero que nenhum membro dessa família seja machucada enquanto estivermos ocupados.  

Jonathan segurou meu olhar por um curto tempo e assentiu.

— Qual é o plano?

— Matar o Allan — disse decidido — Deixar bem claro quem é que manda. 

O fantasma de um sorriso passou pelo rosto ainda gélido de meu tio, e ele saiu da casa sem mais uma palavra. 

Subi as escadas e fui diretamente para meu quarto com Daphne. A ruiva estava sentada no meio da cama, as pernas cruzadas e o olhar severo pousou em mim quando entrei. Meu coração poderia ter cantado de alegria se tivesse uma boca. Apesar de saber que ela estava furiosa, me sentia mil vezes mais relaxado e seguro em sua presença. 

— Não venha com sorrisinhos charmosos agora, mini-Black! —rosnou e tentou fazer uma cara de quem estava irradiando ódio, mas tudo o que conseguiu fazer foi um bico fofo.

Tentei controlar minha risada e fui até ela, rastejando como uma cobra até estar com o rosto parado a centímetros do seu.

— Sabe o que eu vou fazer? — sussurrei.

— Espero que não seja beber porque você já está podre! — levou as mãos até meu peito e me empurrou, mas me deitei de lado com a cabeça apoiada na mão, olhando-a com um sorriso minimo. 

Daphne rolou os olhos. 

— O que você vai fazer?  

— Matar o Allan.

O sorriso que deslizou pelo rosto de Daphne foi a melhor coisa que já vi naquele dia, aquecendo meu próprio sorriso como se a situação em que nos encontrávamos não fosse a pior possível. 

— Tá falando serio? De vez? Sem esquisitices e sem deixar escapar? 

— Sem nada disso. Prometo.

Daphne deu um gritinho animado e pulo para fora da cama, correndo para o closet.

— Me dá um minuto! — gritou de lá.

Dylan - ChicagoWhere stories live. Discover now