AMOR Á SEGUNDA VISTA

Começar do início
                                    

Mesmo que a Heather tenha conversado comigo e tentado me convencer a procurar a Lucy antes de embarcar na última missão, eu saí do país já tendo certeza que não voltaria. Quase como um suicida planejando o seu grande momento. E como todo suicida, fui egoísta por não pensar em como uma possível tentativa de pôr um fim a minha vida afetaria o esquadrão e o tenente. Eu fui um verdadeiro merdinha medroso, que ao invés de ir atrás da mulher que amo, resolvi fazer de tudo para não voltar para o meu país com vida, com a desculpa estúpida de que estava protegendo a minha equipe. Contudo, a verdade é que estava planejando aquilo para acabar com o meu próprio sofrimento. Mereço o prêmio de o maior bundão do mundo.

O engraçado – ou melhor, a parte mais infeliz – é que precisei quase morrer, perder a perna, o braço e a visão, para me dar conta de que ainda havia esperança de conseguir o perdão da Lucy. Que devo acreditar que a alma pura dela pode me aceitar de volta. É claro que as chances são mínimas de reatarmos o nosso relacionamento, portanto se ela apenas me perdoasse, eu ficaria imensamente feliz.

Durante o tempo em que passei sozinho, esperando que o médico trouxesse os meus amigos até o quarto, consegui fazer uma lista de coisas que devo fazer antes de partir para a missão mais importante da minha vida.

1ª tarefa: Voltar a ser o Brandon relaxado, que não sente culpa em se divertir com os amigos.

2ª tarefa: Conversar com o tenente e pedir desculpas por não o obedecer quando deveria. Deixar claro que o mesmo não teve culpa de nada!

3ª tarefa: Agradecer a Heather por ser uma garota incrível e ter ajudado a adiantar o processo do meu despertar para a vida.

E 4ª e última tarefa: Tirar a faixa com ataduras que me impedem de enxergar, afinal, com ela não iria muito longe.

A tarefa 1,2 e 3 já haviam sido concluídas. A última seria feita ainda hoje, já que o médico avisara que passaria aqui depois de visitar um paciente para tirar a maldita faixa, que me impede de ver os meus amigos enquanto ouço suas conversas animadas. Heather, Adam, John, Paul, Ruby e Evan estavam conversando sobre a enfermeira mal-humorada que veio me dar mais uma dose de morfina. Permaneci calado, aproveitando momentos como esse, que sempre trazem um sentimento de conforto e extremamente familiar, algo que há muito tempo evitei sentir.

O tom de voz tranquilo do tenente soa como música para os meus ouvidos, em especial após senti-lo tão preocupado e com uma postura de culpa tão grande quando a Heather nos deixou a sós.

Soube que a valente garota do Adam havia deixado o quarto no momento em que o barulho da porta sendo fechada soou pelo cômodo e em seguida ouvi as suaves passadas de perna se aproximando, logo, uma cadeira foi arrastada até ficar próxima a beirada da cama. Desde que conheci o tenente, percebi de imediato que ele não gosta muito de falar e é apaixonado pelas ações, não tendo medo de colocar o seu traseiro em perigo. Em vista disso, o meu superior e amigo se acomodou em silêncio na cadeira arrastada esperando por respostas, nem imaginando qual seria o motivo da namorada ter saído do cômodo.

- Me desculpe por não ter acatado as suas ordens, Adam, fui um egoísta estúpido. – comecei, um pouco perdido por não poder ver sua expressão – Eu seria um filho da puta de um mentiroso se dissesse que me arrependo profundamente, pois, precisei quase topar com a morte para me dar conta de algumas coisas. Mas me arrependo por não ter pensado no quanto a minha decisão o afetaria, ao ponto de se sentir culpado. Jamais me esqueci de como ficou quando encontramos o corpo do Cody e a violência que foi para cima dos responsáveis pela sua morte.

Confesso que mencionar o Cody é pedir para ser xingado ou receber um soco certeiro no queixo.

- A Heather te contou alguma coisa? Isso não é da porra da sua c...

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora