— O que... como... — suspirei e soltei a única coisa em que conseguia pensar — O que diabos tem de errado com a nossa família? Eu me pergunto isso às vezes. Somos tão... você gostou? — perguntei porque, apesar do fato do cara ser nosso meio-irmão, era só isso que me importava.

Nina deu seu sorriso manhoso do qual senti bastante falta e encolheu os ombros.

— Digamos que eu troquei de calcinha algumas vezes depois dos beijos.

Quase vomitei com isso porque era estranho ouvir minha irmã dizer algo assim, mas respirei fundo.

— Eu não precisava saber disso.

— Precisava sim. Você é meu irmão. E sempre foi o meu melhor amigo.

Sorri feito um bobo para ela.

— Tem razão. Eu precisava. Merda! Garota, e agora? Quer dizer, onde ele está? Esqueci completamente dele.

Nina tirou o cabelo do rosto e se encostou mais no sofá novo, quase parecendo estar triste ao me responder.

— Ele foi embora.

— Por quê? — tive cuidado com meu tom ao perguntar.

Não queria em nenhum momento que Nina tivesse a opinião errada sobre o que eu estava pensando daquilo tudo. Eu nunca julgaria minha irmã por seus relacionamentos, sejam eles com garotas ou com um meio-irmão completamente desconhecido por mim.

— Não sei. Acho que ele não quer ser um Black ou não quer ter algo com a gente. Bem, não sei. Você teria que perguntar a ele.

Assenti em silêncio. Eu perguntaria nem quero tivesse que arrancá-lo dos braços do próprio diabo. Nina havia voltado para mim e, apesar de tudo, ela estava bem. Eu faria qualquer coisa para mantê-la daquele jeito. Bem e com um leve sorriso nos lábios.

Respirei fundo antes de me aproximar de Nina e pegar suas mãos com as minhas. Os olhos dela estavam calmos, mas confusos com minha atitude e suspirei sentindo um peso em meus ombros.

— Eu... — comecei a falar sem confiança e parei para recuperar o fôlego e um pouco da coragem que deixei em algum lugar obscuro da minha própria mente — Nina, eu sinto muito pelo que o Walter fez com você. Eu sinto muito mesmo, irmã.

Nina sorriu e levou sua mão até minha bochecha, acariciou de leve.

— Eu sei.

— Eu sinto muito pelo monstro que ele foi.

— Eu sei, Dylan. Está tudo bem. Eu estou bem.

— Eu quero... eu quero que saiba que você está segura e que aqui é a sua casa. Eu nunca mais vou deixar nada de mal te acontecer.

Minha irmã soltou uma risada e assentiu.

— Coisas ruins acontecem, Dylan. É a vida. Mas coisas boas também acontecem. Bonnie aconteceu — o sorriso dela cresceu e seus lindos olhos brilharam com as lágrimas que segurava — Ela é linda. E boa. Oh, Dylan! Ela é tão boa — Nina afastou a mão para limpar as lágrimas que caíram e suspirou — Eu quis tirar ela, sabe? Eu não achei que fosse amá-la ou aguentar olhar para ela sabendo que ela era o fruto daquele ato abominável do nosso pai, mas foi impossível não amar a Bonnie. Ela e Jack são as pessoas mais importantes no mundo pra mim, Dylan. Não consigo imaginar minha vida sem eles.

Dylan - ChicagoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora