67°

32.9K 2.6K 69
                                    

Henrique

Acordar sozinho na cama depois de uma deliciosa noite de sexo intenso, é horrível, eu esperava poder preparar o café da manhã pra minha mulher, acorda-la com beijo e quem sabe os beijos evoluissem para algo mais, porém ela foi mais apressada que eu.

- Bom dia papai - ela fala entrando com uma bandeja de café da manhã e um sorriso maravilhoso.

- Bom dia mamãe gostosa - falo com a voz mais rouca que o normal - quer ajuda com a bandeja? - pergunto já me levantando.

- Pode ficar aí, não está pesada - ela deixa a bandeja no criado mudo e se senta ao meu lado na cama - a Madalena voltou - ela fala animada - e adivinha o que ela fez pra mim?

- Torta de limão? - a Madalena precisou pegar uma semana de folga para poder ir buscar a sobrinha na cidade da irmã, pelo que ela me contou a irmã estava maltratando muito a filha e a garota pediu pra tia ir buscá-la. Desde o dia em que a Madalena viajou, Lici fala dessa torta de limão, eu já comprei no mínimo 5 tortas de padaria, mas ela insiste em dizer que não é a mesma coisa.

- Isso mesmo - ela estica os braços e pega a bandeja e a coloca no espaço entre a gente.

- Amor? - chamo querendo saber se eu estou ficando louco - isso aí do lado da torta é atum?

- É sim - ela pega um pedaço de torta e um pouco de atum no garfo, enfia isso na boca e ainda da um gemido de satisfação, só de ver essa nojeira me da ânsia de vômito - quer um pouco.

- Não amor, obrigado, pode comer - pego minha torrada e meu café e começo a comer

       #######

Estaciono o carro em frente à casa da minha mãe e sinto meu coração bater mais rápido, trabalhar hoje foi complicado porque minha cabeça não parava de imaginar como poderia ser os dois garotos, tenho medo de minha mãe se apegar muito a eles e depois nada disso dar certo. Respiro fundo e tento pensar positivo.

- Oi gatinho - ouço a voz suave da Lici e olho pela janela.

- Oi amor - destravo as portas e ela abre a porta do motorista - senti sua falta - falo quando ela senta no meu colo e abraça meu pescoço.

- A gente também sentiu a sua - ela deixa um beijo no canto da minha boca e pula pra fora do carro - vem, sua mãe está ansiosa pra você conhecer os meninos, eles são tão fofos, o Ben e a Niara os adoraram, o Nicholas já se soltou um pouco e foi brincar com eles, mas o Jonathã ainda não.

- Ei calma - falo dando risada da sua eufória, fecho a porta do carro e abraço sua cintura - como estão nossas garotinhas?

- Estão ótimas - ela fala e eu entendo que ela quer entrar logo, respiro fundo e seguro sua mão - minha mãe tá feliz né? - pergunto e ela para subitamente.

- Olha pra mim - ela pede suavemente e eu a encaro - para de ficar vendo o lado negativo de tudo, a adoção vai dar certo e se você ficar com essa tromba sua mãe vai ficar chateada - tento falar mas ela não deixa - isso o que você está sentindo é ciúme, e nem adianta falar que não, eu te conheço.

- Vai dar tudo certo - falo tentando convencer a mim mesmo.

- Cadê o sorriso - ela fala e faz uma careta engraçada e eu acabo dando risada

Atravessamos o jardim e entramos, a casa tá uma gritaria só, as crianças brincando de um lado da sala dando risada, Nico, Enzo, Renan e a Gabi estão jogando vídeo game, gritando como sempre, do lado do sofá, um garoto sentado olhando para a TV, ele tem a pele da mesma cor da Lici, seu cabelo rapado, sua expressão transparece tranquilidade, porém seus olhos expressão medo e insegurança.

- Filho - minha mãe aparece na porta da cozinha, seu avental está cheio de farinha e o cheiro divino que preenche a casa é do seu bolo de morango, um dos meus doces preferidos.

- Oi mãe - falo e parece que foi o mesmo que apagar as luzes e ligar um holofote em mim, todos me olharam - boa noite pessoal - falo meio sem graça.

- Vem filho deixa eu te apresentar os meninos - minha mãe segura em minha mão e me arrasta até as crianças que estavam em volta de vários brinquedos.

- Papai - Ben levanta meio desajeitado e vem até mim.

- Oi garotão - o pego no colo e o encho de beijo, mas logo ele começa a se remexer no meu colo para eu o colocar no chão e assim eu faço.

- O tio - Niara fala e abana a mão alegremente.

- Oi princesa - falo e olho pro garoto que estava olhando para baixo balançando o caminhãozinho de brinquedo de um lado para o outro - Oi - falo e me abaixo do seu lado - meu nome é Henrique e o seu? - tento puxar assunto, vai que funciona.

- Nicholas - ele fala baixinho, sua voz infantil parece estar cheia de vergonha, ele levanta a cabeça e da para ver a grande semelhança com seu irmão, porém seu olhos são de um castanho claro, ele tem um olhar esperançoso, um olhar de quem espera o melhor da vida e isso me faz abrir um sorriso para ele, não um sorriso forçado, mas sim um sorriso que sai do fundo do coração, aquele que você da involuntariamente, e como recompensa ele sorri pra mim.

- Você é legal tio - ele fala e volta a brincar com seu carrinho.

Me levanto e olho para minha mãe que estava a alguns passos da gente, chego perto dela e seco suas lágrimas.

- Você não sabe o quanto isso me deixa feliz filho - ela fala e eu a abraço. Me afasto um pouco e olho para o sofá, o outro garoto que eu não conseguia me lembrar o nome nos observava com atenção - ele não é muito de conversar, ele foi o que mais sofreu.

- Posso ir falar com ele? - pergunto sentindo uma estranha necessidade de ir falar com ele.

- Claro.

Me afasto da minha mãe e vou até o garoto, sento do seu lado no chão.

- Oi - falo e ele nem me olha - tudo bem?

- Sim - ele responde simplesmente.

- Quer jogar vídeo game? - pergunto vendo que ele está prestando atenção no jogo.

- Não sei jogar - ele fala simplesmente.

- Eu te ensino, pode ser? - torço para que ele aceite.

- Pode - ele se levanta e se senta no sofá mais afastado.

- Sai Enzo, agora eu vou ganhar - falo e pego o controle da sua mão.

- Sai fora seu idiota - ele tenta pegar, mas não consegue.

- Pode parar com isso meninos - mamãe fala da porta da cozinha, ela tenta disfarçar, mas a gente sabe que ela estava lá observando tudo.

- Vem pra cá Jonathã - a Gabi fala e se levanta do sofá. Claro Jonathã, como eu pude esquecer.

- Senta aqui do meu lado, daí você já vê como se joga, ele mesmo receoso se senta do meu lado e eu explico os comandos do jogo para ele.

- Tá pronto pra perde Renan? - pergunto e o Renan da risada.

- Vamo vê quem vai perde - ele fala e começa o jogo, em menos de três minutos eu ganhei a partida - Você roubou.

- A claro - dou risada e ele entrega o controle pro Jonathã - preparado pra perder? - pergunto e ele da um sorrisinho de canto de boca e concorda com a cabeça.

Destino de um pai Onde as histórias ganham vida. Descobre agora