Destino de um pai

31°

Henrique

Ver a determinação da dona Clara me admira, ela mesmo fraca por causa do tratamento ainda se esforça para ver todos ao seu redor feliz, ela está pálida, mais magra do que da última vez que a vi, porém não perde a chance de querer fazer o Ben dar suas gostosas gargalhadas e quando isso acontece ela abre um grande sorriso e isso me deixa feliz, os pais da Lici abraçou meu filho como se ele fosse da família, faz de tudo pra ver ele sempre sorrindo quando estão por perto.

- Como foi a viagem querido? - ela pergunta com a voz fraca.

- Foi ótima - dou um sorriso ao lembrar - A Lici ficou muito feliz, mesmo muito preocupada com a senhora.

- Já te disse que não sou nenhuma senhora.

- Claro desculpa - damos risada e a porta se abre.

- Ah minhas crianças como eu senti falta de vocês, venham logo me dar um abraço - ela fala pra Alicia e pro Nico que estavam na porta com os olhos cheio de lágrimas, eles praticamente correm em direção a cama que a Clara está com Ben e se abraçam - ai como eu senti saudade de vocês.

- A gente também - Lici fala, pelo seu tom de voz da pra perceber que ela está chorando.

- Bom vou deixar vocês conversarem - falo quando eles se afastam.

- Pode ficar querido, agora você faz parte da nossa família - Clara fala e todos concordam, então volto a me sentar na cadeira.

- É... mamãe, a gente quer te contar o procedimento que o médico recomendou, ele acha que com esse método a senhora vai se recuperar do câncer - Lici fala torcendo as mãos uma na outra, aproximo mais minha cadeira da cama e seguro sua mão, ela olha pra mim e me agradece silenciosamente.

- Claro e qual é? Falem logo tô curiosa - ela pergunta sorrindo animada.

- Meu amor, o melhor a fazer é retirar os seus dois seios, a químio já não vai mais adiantar - senhor Ronaldo fala e o sorriso da Clara vai sumindo aos poucos.

- Não tem outra alternativa? - ela pergunta com um fio de voz.

- Infelizmente não mãe - Nico fala baixo e enxuga uma lágrima que cai.

- Eu vou ficar sem peitos? Eu...Eu não quero isso.

- Mamãe é a única maneira - Alicia fala e solta um soluço, suas lágrimas começam a rolar descontroladamente.

- Não, tem que ter outro tratamento - Ela fala querendo se negar a aceitar.

- Clara olha pra mim - falo com a voz baixa - sabe o doutor Peter? O seu médico? - pergunto e ela afirma - Ele é meu amigo, um dos melhores médicos especialistas aqui de São Paulo, eu posso te garantir que ele pesquisou muito bem seu caso e essa foi a melhor alternativa ou até mesmo a única, eu sei que é doloroso demais pra você, mas voce tem que pensar que depois da operação você vai estar curada, depois da recuperação você pode fazer uma cirurgia para fazer uma reconstrução do seio (Não sei se reconstrução é o jeito certo) , você quer se curar não quer? - ela afirma com a cabeça, o único que não chora dentro daquele quarto é o Ben - Então por favor aceita.

Ela abaixa a cabeça e olha pro Ben q passava a mão em sua bochecha enxugando as lágrimas que caiam.

- Eu vou ficar melhor depois disso? - ela pergunta e confirmamos - amor, você vai me amar mesmo assim? - Ronaldo olha pra ela com tanto amor, o carinho e o amor que eles sentem um pelo outro da pra ver de longe.

- Querida nunca tenha dúvida que te amo, eu vou te amar independente da ocasião. Lembra dos nossos votos? Cuidar, amar, proteger acima de tudo e de todos, independente dos acontecimento nossas mãos deveram que estar unidas sempre e pra sempre - ele segura sua mão e a beija.

A gente conversou por mais um tempo e depois o Peter foi no quarto para explicar como seria o procedimento e marcar a data e o horário, a Clara ainda achava que iria deixar de ser feminina por não ter mais seus seios e por estar careca, uma psicóloga foi chamada pra conversar com ela, elas ficaram sozinhas por quase 1 hora, mas quando voltamos pro quarto ela já estava bem mai animada. Marquei com um cirurgião plástico para ele encontrar com ela para poder explicar o tempo que ela vai ter que esperar a recuperação da cirurgia da remoção e como seria feita a segunda cirurgia, passamos praticamente a tarde toda lá, apesar de tudo foi muito proveitoso, ver o carinho que eles tinham um pelo outro me lembra muito minha família e isso me dá uma saudade danada de quando morávamos todos juntos na casa que agora é minha. Quando chegamos em casa Ben já está dormindo no bebê conforto.

- Você acha que ela vai reagir bem quando se ver depois da cirurgia pra remover? - Lici me pergunta quando entramos em casa.

- Eu espero de verdade que sim.