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Henrique

Olho pra porta e meus sogros estão lá abraçados com os rostos molhados de lágrima, me levanto e os chamo com a cabeça, passo por eles e meu sogro aperta meu ombro e agradece. Saio do quarto para dar privacidade a eles, imagino o quão duro é pra eles ver o filho sofrendo dessa maneira, quando entrei no quarto e vi o Nico enforcando Alicia eu fiquei cego de raiva, eu não sei o que deu em mim, mas eu não me importava se iria machucar ele, eu só queria proteger minha mulher, é engraçado, quando amamos alguém nos fazemos coisas sem pensar, dês de as coisas mais bobas feitas involuntariamente até as coisas mais sérias como protegê-las e não nos importarmos com outra pessoa ou se você mesmo vai se machucar, você só quer ver a pessoa amada feliz e bem.

Desço até a lavanderia e por sorte encontro alguns ternos já passados que só estavam esperando ser levados para cima, pego o primeiro que vejo e volto para o quarto de hóspedes, hoje pretendo ser o mais breve possível na empresa, só assinar alguns documentos importantes e voltar para casa para poder ficar com minha família, como hoje é sexta não vão ter muitos relatórios. Tomo um banho rápido e me visto, arrumo meu cabelo, passo o perfume que minha mulher mais gosta e estou pronto, já na sala pego a chave de um dos carros e vou para a porta.

- Não vai se despedir de mim amor? - Lici desce as escadas correndo e me abraça - hum tá cheiroso, não deveria te deixar sair assim - ela fala e da um beijo em meu pescoço.

- Estou cheiroso para a mulher da minha vida, ela no momento está todinha descabelada e com bafo - brinco e ela fecha a cara.

- Nossa que cavalo carinhoso eu fui arrumar - ela reclama mas não se afasta.

- Engraçadinha, você é linda mesmo parecendo que acabou de sair de um hospício - beijo sua testa - Agora preciso ir - levanto seu rosto para beijar sua boca mas ela vira o rosto.

- Não escovei os dentes.

- Eu não ligo, te amo mesmo quando quase me mata sufocado - ela me da um tapa, mas me beija logo em seguida.

- Bom trabalho, te amo.

- Te amo - falo e saio.

Chego na empresa e o movimento no hall de entrada é grande, comprimento algumas pessoas e entro no elevador, aperto o botão do último andar e aguardo até chegar. Quando chego no meu andar tenho o azar de dar de cara com Andreia.

- O que você está fazendo aqui? O RH não te informou da sua demissão? - pergunto já estressado.

- Bom dia senhor Henrique - ela fala com um sorrisinho de canto de boca - fui informada, porém como não tem uma secretaria para ocupar meu lugar - ela não acaba de falar e da de ombros. Respiro fundo e vou para minha sala, confiro alguns documentos e assino, respondo e-mails e separo o que posso fazer de casa, quando estou acabando batidas me tiram da minha concentração, peço para entrar e Andreia abre a porta lentamente.

- Henrique, o senhor Joseph da indústria Alemã que você estava esperando a resposta da parceria deseja marcar uma reunião ainda hoje - ela fala com uma cara desconfiada, esperei essa reunião durante 3 meses e só agora ele vem marcar, droga.

- Tudo bem, marca para depois do almoço - falo e olho para meu relógio de pulso, já são 12:15, então me levanto e falo - marque com ele e pode ir almoçar - saio da minha sala e a deixo lá.

Desço para um restaurante em frente à empresa e peço o prato do dia, procuro meu celular mas ele não está no bolso, devo ter deixado na mesa, mas não vou voltar lá para pegar. Acabo de comer e pago a conta, volto para a empresa e vou direto pra minha sala preparar o conteúdo da reunião, graças a Deus Andreia não está na sua mesa me poupando de ver sua cara. Pego meu celular e lá tem uma mensagem da Lici com um simples "ok", estranho e mando uma mensagem mas ela não recebe, acabo de arrumar os documentos e alguém bate na porta.

- Entra - falo de cabeça baixa, o barulho do salto alto batendo no piso me irrita e eu olho pra cima dando de cara com Bárbara - o que você está fazendo aqui garota? Sai da minha sala - falo já com raiva.

- Como assim o que estou fazendo aqui meu amor? Você me mandou mensagem pedindo para eu vir aqui - ela fala alto.

- Enloqueceu de vez Bárbara? Some daqui garota - ando em sua direção e seguro em seu braço.

-Você sabe que eu amo quando você me pega assim com força - ela fala mais alto e abraça meu pescoço.

- Me solta agora, antes que eu faça alguma besteira.

- Eu sei a besteira que você tá querendo fazer comigo - ela fala e me beija, ela aperta suas unhas na minha nuca para eu não me afastar, seguro firme em seus pulsos mas antes que eu consiga soltar suas unhas de mim ouço um barulho de algo caindo no chão e ela se afasta, olho pra porta e Alicia esta me olhando com raiva.

- Foi pra isso que pediu pra eu vir aqui? Pra eu ver vocês dois juntos? - uma lágrima cai e ela seca com raiva - aproveita seu homem vadia - ela tira sua aliança e joga no rosto da Bárbara que solta um grito.

- Amor - chamo mas ela já saiu, vou atrás dela mas ela já entrou no elevador que estava com as portas abertas por Joseph e sua equipe terem acabado de sair, antes que eu possa chegar lá as portas se fecham.

- Joseph me desculpe mas vamos ter que adiar nossa reunião - falo já apertando o botão do elevador diversas vezes.

- Como assim Henrique? Se essa reunião não ser feita hoje pode desistir da nossa sociedade - ele fala com seu sotaque carregado e eu suspiro fundo.

- Tudo bem, vamos para a sala de reunião.

Destino de um pai Onde as histórias ganham vida. Descobre agora