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Henrique

Eu já estou vendo a morte me levando, esse vulto preto acabou de passar do meu lado foi ela não foi?.

- Oi pai - a Lici fala com a voz baixinha e caminha em sua direção pra abraçar ele, enquanto ela o abraça ele me encara com uma cara seria. Se não era a morte que passou do meu lado ela com certeza vai vir me buscar agora. - Você chegou cedo né papai? - ele afirma com a cabeça mas não tira seus olhos de mim, eu estou com um pouco de medo - vamos entrar, pode ir na frente pai, eu vou pegar o Ben no carro.

- Você vem comigo rapaz - ele fala com uma voz grossa que arrepia os pelos da minha nuca de medo.

- Pai por favor... - antes que Alicia acabe de falar ele a interrompe.

- Eu converso com você depois mocinha - ele a encara e ela se encolhe  - vamos rapaz - Eu concordo e olho pra Lici.

- Pega o Ben Lici, eu estou bem - Eu falo com o resto de voz que me resta. Ela afirma com a cabeça e vai em direção ao carro - Lici a chave pra travar o carro - falo com a voz mais grossa para o senhor Ronaldo achar que não me abalei, mas só ache mesmo.

Sigo pelo curto espaço entre a calçada e o portão da casa a passos confiantes logo atrás de senhor Ronaldo, enquanto ele destrava o portão abaixo a cabeça e imagino  se fosse minha filha se eu ficaria muito bravo, é claro que eu não ficaria bravo, eu a entenderia. Quando levanto minha cabeça ele está me olhando com uma cara fechada, tento dar um sorriso mas parece que não deu certo porque ele dá um sorriso debochado.

- Entra - ele só fala isso e me deixa passar na frente, eu paro quando chego na porta e espero ele abrir, quando ele abre logo entra e eu vou atrás - Querida cheguei - ele fala alto e eu tenho vontade de rir, quando eu e Enzo éramos crianças nos assistimos " A família dinossauro " e quando chegávamos em casa e sabiamos que minha mãe estava em casa nos logo gritavamos " Querida chegueii", pra falar bem a verdade as vezes nós ainda fazemos isso.

- Oi amor - logo aparece uma mulher da cor pele da Lici, bem magra e um lenço na cabeça, ela da um sorriso e é um sorriso bem parecido com o da Lici, reparando bem nós dois a Lici é o conjunto perfeito dos dois - quem é esse belo rapaz? - o sorriso que estava no rosto do senhor Ronaldo logo desapareceu, antes que ele respondesse a Lici entra com o Ben no colo, ele já está bem acordado.

- Oi mamãe - ela fala com um enorme sorriso e anda apressada em direção a sua mãe. Ben rapidamente abre um sorriso, nessas quase 2 semanas em que Lici está com ele, ele não tem estranhado tanto as pessoas que brincam com ele, na festa por exemplo ele foi no colo de uma colega de trabalho, mas quando a Lici saiu de perto dele ele começou a chorar e só parou quando ela o pegou. Alicia quando chegou até sua mãe a deu um abraço apertado e isso não pareceu incomodar o pequeno.

- Aí que saudade meu amor - dona Clara falou pra Alicia quando elas se afastam um pouco, ela olha pro Ben e seus olhos brilham intensamente - Oi Ben - ela fala e cheira sua buchechinha, sempre que Alicia fala com seus pais por vídeo chamada e o Ben está acordado ele participa, eu já presenciei umas três vezes mas atrás da porta claro - Oi querido, você é o Henrique estou certa? - ela fala andando em minha direção.

- Isso mesmo, muito prazer dona Clara - falo lhe beijando a buchecha.

- Agora que todos já se apresentaram me acompanhe por favor garoto - O pai da Lici que até agora estava estava quieto no canto da sala se pronuncia e vai saindo em direção ao corredor, eu só o acompanho.

Ele entra em um cômodo que suponho se um quarto mas quando entro me surpreendo, em uma parede tem uma estante cheia de livros que tenho certeza que a maioria é da Alicia, ela uma vez me contou que seu maior sonho é ter uma biblioteca, a parede ao lado da estante está cheia de porta retratos, várias fotos da Lici sozinha quando criança, ela com os pais e principalmente ela com o Nico. Mal consigo olhar e o senhor Ronaldo já chama minha atenção.

- Pode começar a contar imediatamente por que estava beijando minha princesa - ele fala me olhando sério, eu me preparo para responder mas antes disso ele torna a falar - o que você quer da minha filha garoto? Ela não vai ser só mais uma nessas listinhas em que os garotos de hoje em dia fazem - ele fala sério e eu respiro fundo, nossa não precisava ofender.

- Me desculpa senhor mas dizendo isso o senhor me ofende - Eu falo mas o seu olhar não amolece - em primeiro lugar eu acho ridículo esses garotos garotos que tratam as mulheres somente como um objeto - falo sério mas vejo que ele ainda dúvida da minha palavra - Eu sei que conheço a sua filha a muito pouco tempo, mas posso falar com toda a certeza que possuo que estou apaixonado por ela - falo com toda a sinceridade e ele parece relaxar um pouco porém estremesse na cadeira que está sentado - a Alicia ela me encantou, ela foi lentamente tomando espaço em meu coração e hoje me vejo apaixonado, e uma coisa eu posso te afirmar, eu prefiro sofrer a fazer algum mal a Alicia - falo firme e ele relaxa na cadeira. É parece que consegui amassar a fera.

Destino de um pai Onde as histórias ganham vida. Descobre agora