Pingos de chuva - 127

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          — 1...

          — 2...

          Um guinchado pavoroso pode ser ouvido ecoar por todo o prédio e a grande porta de vidro da entrada do saguão explode em milhões de estilhaços que voam pra todo lado, um enorme vulto salta pela porta, salão adentro, o som de dezenas de disparos militares se inicia e uma voz conhecida os surpreende.

          — Comam chumbo, seus filhos da puta!!!

          Vovó Jack invade o salão com sua besta, ficando exatamente entre nossos heróis e os atiradores que os tinham na mira, a nuvem de poeira trazida por Margarida toma todo o hall e cobre a iluminação, impedindo quase totalmente a visão dos soldados.

          — Ha ha ha ha!!! — Jack salta dela e imediatamente começa a atirar nos militares com sua minigun até ser interrompida por Jow, que dá um puxão na parte de trás da gola de sua japona, trazendo-a para trás de Margarida. — Oooowwww o que foi iiiiisso?!

          Eles ficam abaixados em uma pequena área protegida, entre a estátua e a enorme besta. Enquanto os soldados não economizam tiros e Jow os ouve chamando por mais reforços.

          — Vai com calma, velhota, não deve ficar na linha de fogo. Nunca te disseram isso? Como chegou até aqui?

          — Vim trazer a cavalaria.

          — Mas só vocês duas não serão o bastante, eles são muitos aqui... centenas. E ela que está sendo nosso escudo por enquanto, estão atirando descomedidamente nela, temos que tirar vocês daqui.

          — Não se preocupe menino, Margarida é casca grossa que nem eu. Isso pra ela não faz nem cosquinhas. E tem mais: nós não viemos sozinhas, como eu disse: trouxemos reforços!

          Nesse instante o saguão é tomado por um monte de homens armados, pelas vestimentas Jow já reconhece o Clã dos Ciganos e alguns rostos conhecidos.

          — Diesel?! Mas... — Jow parece surpreso.

          — Pois é, a mamãe trouxe seu bebe, e ele não está nada feliz. — Jack comenta orgulhosa. — Dá neles meu filho, mostra quem é que manda!

          A cada segundo que se passa, o salão fica mais cheio de combatentes Rebeldes, até estarem em maior número que os militares Leviatãs.

          — Recuar, recuar, todos de volta para o pátio! Avisem a General, fomos invadidos! — O comandante dos militares ordena que abandonem o saguão.

          Chefe Rigon, Elisa e Diesel se aproximam dos 4 que estavam ali no chão se protegendo atrás de Margarida. Diesel estende a mão para Jow:

          — Levante-se garoto, um lobo não se abaixa, não se curva, não recua. Um lobo investe, ataca e dizima. Sua espera acabou, a alcatéia veio ao seu resgate. Quais são suas ordens? — Ele tem um largo sorriso confortante no rosto.

          — Chefe, mande seus homens avançarem sobre os militares imediatamente, temos que pressioná-los. Eles estão com contingente baixo, se a gente facilitar, eles terão tempo de reação.

          Enquanto Jow fala o Chefe Rigon faz sinal para que seus homens avancem na investida. Jow continua:

          — Mande que bloqueiem a saída Norte. Não deixem que ninguém fuja desse batalhão. E você Diesel, dê apoio a eles, chame pelo rádio, temos mais alguns dos nossos por aqui. Se não estiverem mais dentro desses muros, estão bem perto, chame-os de volta.

          Rapidamente o salão fica mais silencioso, os sons de tiro lá dentro cessaram, enquanto podem ser ouvidos lá fora. E restam apenas os 7 e a Margarida lá dentro.

          — Esse menino nunca me ouve, eu disse que não era pra vir atrás de mim. — Jack reclama em tom sarcástico.

          — Tá se achando demais velha. Não viemos te buscar, viemos buscar eles. — Diesel responde, entrando na brincadeira.

          — Eu não estou entendendo o que está havendo aqui. Alguém pode me explicar? — Jow questiona.

          — Não esperava ser resgatado por mulheres garotão? — Elisa brinca — Depois que a Corporação capturou vocês, eles tentaram me eliminar, foi aí que percebemos que os grupos Rebeldes estavam em perigo. Como não sabemos como esse povo pensa e age, convenci meu pai ao plano arriscado de reunir nossas tropas, juntar mais alguns aliados que se prontificaram a participar e vir buscá-lo. É bom que valha o esforço. Já a velha aí, eu não sei de onde saiu, não temos nada a ver com isso.

          — Ah, vocês são cheios de frescura demais. Quando estávamos no Hotel, a Margarida pressentiu a chegada dos milicos, ela sabia que não seria boa coisa, então saímos na surdina e ficamos escondidas esperando. Depois, seguimos os rastros de vocês até aqui, ela corre bem, mas não tem um motor a diesel, por isso demoramos. Quando já estávamos chegando, eu vi o avião pousando, admito que tive medo das minhas balas não serem suficientes pra todos que já estavam no quartel, quanto mais para os que acabaram de chegar. Foi aí que eu percebi através dos sentidos da Margarida a pernuda aí, e vimos que o avião tava cheio de gente do nosso lado. Então eu fiz o que sou boa em fazer: começar a festa, inaugurar o baile...

          — Então Jow, o que mais precisamos fazer? — Diesel o questiona.

          — Dominem o local e contenham todos os militares, é vital que tenhamos tudo sob controle. Eu preciso impedir que algo aconteça.

          Ele faz sinal para Norffi e os dois saem em disparada ao prédio da central de dados. Ao passar pelo pátio ele vê vários soldados Leviatãs de joelhos com as mãos atrás da cabeça. Eles sobem até o segundo piso, onde há uma enorme sala que antecede a escada de acesso ao terceiro andar, que é onde se encontra o servidor e a CPU principal. As luzes estão fracas, mas ele consegue ver como é a sala. Alguns hacks com equipamentos e muitas luzes, quilômetros de cabos serpenteiam pelas paredes, armários nas laterais, ao fundo e bem ao centro. Assim que ele adentra a sala e se vê diante da escada, nota que algo bloqueia seu caminho.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now