Um pedido especial - 63

9 7 0
                                    

          Jow e Diesel vão para os fundos do galpão enquanto os outros aprontam os veículos.

          — Jow, é aqui que fica o arsenal — Diesel levanta uma porta de aço que dá acesso a outro compartimento do galpão — Se vivermos nesse lugar mais cem anos, não vamos gastar tudo. O estoque da fábrica que você nos deu a localização estava abarrotado. O que você quer de especial?

          — Quero algumas armas pequenas, possuo compartimentos no meu traje onde posso ocultar algumas armas sem que ninguém descubra, é bem útil se tiver emboscado.

          — Sim sim, isso pode salvar o dia. Em que você estava pensando?

          — Pensei em duas Glock 9mm e dois revólveres Rhino calibre 557.

          — Óh, boa escolha, mas cadê seu cacique? — Diesel se refere ao revólver Tupí que sempre acompanha Jow.

          — Está aqui, anda sempre comigo.

          Jow retira ele do traje e o entrega a Diesel.

          — É magnífico, um clássico. Prateado como a luz do dia. Olha a perfeição desse índio, seu olhar deixa bem claro que não está de brincadeira. Foi teu pai que lhe deu, né?

          — Foi sim.

          — Espere aqui, eu tenho uma coisa que guardo há tempos porque sabia que mais cedo ou mais tarde você apareceria novamente.

          Diesel mexe em umas prateleiras como quem procura algo que não lembra onde colocou e volta com uma caixa na mão, a entrega a Jow. Ele abre a caixa e retira dela um revolver exatamente igual ao seu, exceto pela sua cor, totalmente preto fosco e seu cabo emborrachado.

          — A partir de agora será protegido não só pela luz do dia como também pela escuridão da noite.

          Enquanto Jow admira nas mãos as duas armas idênticas, Diesel sai e volta com os quatro revólveres do pedido de Jow.

          — Está aqui meu amigo, com essas ferramentas tu num vai ficar preso em nenhuma enrascada.

          — Espero que não mesmo. — Jow pressiona alguns locais no peito do traje e abrem compartimentos nas panturrilhas e nas costas logo acima da cintura onde coloca as duas pistolas e os dois revólveres menores, o compartimento se fecha ficando exatamente como estava: sem volume. Pressiona outra programação no peito e abrem mais dois nas costas de um lado e do outro da nuca, onde ele encaixa ruidosamente seus dois revólveres tupi que descem até encaixarem e fecha os compartimentos.

          — O que mais deseja?

          — Lembra daquela luva que criamos para usar cheia de petróleo bruto, na boca dos tanques dos caminhões? Que a gente usava quando estava transportando combustível e queríamos enganar os saqueadores pelo caminho?

          — Sim, lembro sim. — Diesel sorri por lembrar das situações. — Nem a usamos mais.

          — Então, quero ela, peça que a levem pra mim.

          — Sim, chegará pra você. Precisa de mais alguma coisa?

          — Gostaria de ter meu velho companheiro de batalha comigo nessa.

          — Jow, não sei de onde você tira tanta energia e disposição para essas loucuras suas, mas eu desacelerei, cuido do meu povo, dos portões da cidade, mas me mantenho seguro do lado de dentro dos paredões. Mesmo assim, não vou te deixar desamparado.

          Diesel faz um sinal e das sombras surge uma mulher oriental de cabelos curtos.

          — Quian Tung, descendente dos lendários mestres espadachins japoneses, que faziam as mais mortais armas de guerra dos samurais, experiente na arte de produzir espadas poderosas. Se precisar de uma lâmina pra dizimar exércitos ou fazer a barba, ela é a pessoa certa para produzir e empunhar em seu nome. Será sua sombra, seu anjo da guarda, será melhor que minha presença contigo.

          — Fico honrado em tê-la conosco. — Jow diz a Quian e volta-se a Diesel. — É claro que será melhor que sua presença, até por que você já está velho, gordo e feio. — Jow e Diesel riem e Quian dá um sorriso discreto. — Dê um veículo e ferramentas que ela precisar.

          — Que veículo?

          — O que ela quiser.

          — Mas não pense que isso será de graça, também tenho um pedido. Quero que cuide da segurança de alguém.

          — Sim, Diesel, vou ficar de olho na sua mãe.

          Diesel olha espantado, se sentindo exposto.

          — Vou fazer meu possível, mas ela está animada com a possibilidade de reviver os velhos tempos, eu não posso simplesmente mantê-la amarrada a um veículo.

          — Não, eu também não quero isso. Já entendi que posso perdê-la para essa viagem. Só faça o que puder pra garantir que ela viva o máximo de tempo possível e que ela tenha uma morte honrosa, e não uma morte ridícula como usar a minigun pra apanhar cocos, pisar numa cápsula de bala, cair e quebrar o pescoço.

          — Quem em sã consciência apanha cocos com uma minigun?!

          — Você não conhece a Dona Jack, isso é bem a cara dela. Só me garanta isso.

          — Tem minha palavra amigo. "Su madre, mi madre".

          Diesel e Jow dão risadas pelo trocadilho, Quian olha estranho sem entender.

          — Isso me basta. — Diesel sorri. — Sabe o que seria bom se conseguisse?

          — Diga.

          — O apoio da tribo dos Ciganos, tudo bem que são mercenários, mas são pancada, seria a equipe perfeita pra entrar nessa empreitada. Os caras não negam serviço, missão dada é missão cumprida com eles.

          — Mas eu meio que consegui isso de certa maneira.

          — Como?

          — Você não vai imaginar quem eu encontrei enfiada entre os milicos.

          — Quem?

          — A filha do Chefe Higon Kalitch.

          — O que ela está fazendo lá?

          — Não sei, pagando uma dívida familiar com os militares eu acho, ainda não tive tempo de descobrir ao certo.

          — Mas em que isso vai ajudar?

          — Ela está escalada para compor a equipe dos militares que vão na missão.

          A conversa dos dois é interrompida pelo rádio que toca na cintura de Jow:

          — Jow falando, na escuta.

          — Senhor Peregrino, é só pra te informar que os visitantes que o senhor aguardava no local determinado já chegaram, ficaram um tempo e acabaram de sair. O que devo dizer aos homens que façam?

          — Diga para retornarem pra vocês aí no vilarejo. Já estou a caminho. Câmbio e desligo

          — O que foi isso, meu amigo?

          — É minha deixa, preciso ir, espero os homens no vilarejo da montanha Três Irmãos.

          — Combinado.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now