As marcas dos sapatos - 29

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          O trio parte novamente sentido ao ponto de apoio de Jow, será o dia todo de caminhada.

          No início do anoitecer, o sol já se despede no horizonte, eles chegam a um lugar descampado.

          — Pronto, chegamos.

          — Chegamos onde?

          — Na minha casa. Me ajude a retirar esses galhos e remover a terra.

          Em alguns minutos a tampa de ferro começa a se revelar, Morgana se assusta e apressa em limpá-la, enfim, estando totalmente descoberta ela fica espantada ao se dar conta de que se trata.

          — Peraí... Isso é um abrigo subterrâneo? Você mora em um bunker?

          — Não exatamente. Eu o descobri por acaso há pouco tempo. Só estava usando como apoio e estoque de suprimentos.

          — Estoque?

          Eles descem pelo duto até chegarem na grande porta, ouve-se os estalos das engrenagens destravando as trancas do da porta de entrada do abrigo, seguido dos sons do Norffi batendo nos degraus da escada e caindo no chão perto deles. E então o grunhido agudo da porta se abrindo.

          Eles entram, Jow acende as luzes e Morgana fica maravilhada com tudo aquilo, inclusive com a voz de boas vindas do abrigo.

          — Nossa, que lugar incrível.

          — É sim. Fiquem à vontade, tem uma cozinha ali e tem alimentos na despensa logo ao fundo da cozinha. Se quiser comer ou beber alguma coisa. Eu vou lá em cima fechar a entrada e conferir a moto antes que escureça e já volto. Me espere aqui.

          Jow sobe as escadas e vai até a moto, olha a camuflagem e o terreno em torno dela e se certifica que não teve "visitas" na sua ausência. Por uma desconfiança intuitiva vai até o local onde o míssil explodiu na árvore.

          A pequena lebre mantém sua parceria com o porco espinho, ainda no mesmo buraco. Mas algo mudou, a família cresceu, ela se apoia nas patas traseiras por um instante, como quem o observa ou apenas o cumprimenta, acompanhada de um monte de cabecinhas pequenas atrás dela.

          Logo há alguns metros do local Jow pode notar pegadas. Pelo desgaste do tempo demonstram que são de alguns dias, mesmo assim dá pra perceber que vieram da estrada, saindo por entre as árvores e são de três pessoas, homens a julgar pelo tamanho e formato.

          — Eles voltaram aqui. Vieram conferir se me acertaram. Pelo que andaram por aqui não desconfiam que eu ainda estava bem perto, tenho essa vantagem por enquanto. Não devem voltar aqui novamente, mas vão me procurar pelo vale. — Jow olha brevemente em direção ao abrigo. — É melhor que a Morgana não saiba disso.

          Ele retorna a entrada do abrigo, arrasta os galhos para perto, fecha a tampa e tranca por dentro.

          — Já voltou, Jow. Nossa, este lugar é incrível. Agora eu entendi por que você disse que aqui é seu estoque, a despensa daqui é enorme. Por isso que tinha bastante alimento pra usar como moeda de troca lá na cidadela. Cara, tem comida aqui que dava pra comprar pelo menos três passagens pra Xavi.

          — Eu sei o que está pensando, mas seria suicídio pra você. De início é quase impossível entrar com tanta coisa em uma única vez, e mesmo que você conseguisse, todos esses produtos contrabandeados de repente aparecendo na Cidadela chamariam muita atenção, logo chegariam até você, provavelmente perderia tudo que conseguiu e terminaria no calabouço.

          — Eu entendo, você tem razão. Seria bem complicado mesmo. Eu e Norffi preparamos algo pra comer.

          — Que ótimo. Estou mesmo com fome.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now